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Virgem Maria


As sete palavras de Maria
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 05/05/2019
 
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O ensinamento da Igreja ressalta merecidamente o papel de Maria Santíssima, quer nos planos sábios de Deus na História, quer na vida individual de cada católico. São Luís Grignion de Montfort — talvez o santo que mais alto tenha levado a explicitação da devoção a Nossa Senhora — inicia o seu “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem” afirmando que Deus quis servir-se de Maria na Encarnação, na Redenção, na santificação e salvação das almas.

O geral dos féis conhece toda a amplitude que Nossa Senhora tem em suas vidas. O hábito tão difundido de, logo que a criança tenha condições de entendimento, mostrar-lhe, a “Mamãe do Céu”, é um desses movimentos instintivos suscitados pela fé.

Ao ler os Evangelhos, o papel de Nossa Senhora aparece com toda clareza. Entretanto, se procurarmos palavras suas, veremos que os evangelistas só registram seis frases pronunciadas pela Virgem. Analisadas com cuidado vê-se que são de uma densidade impressionante. A ponto de os teólogos dividirem uma delas em duas frases distintas. Como veremos a seguir.

Dessas sete palavras, três são dirigidas a Deus, três ao Anjo Gabriel e apenas uma aos homens.

Palavras ao Anjo

Em resposta à saudação do Anjo anunciando-lhe que será a Mãe do Messias, Maria responde: “Como se fará isto se tenho voto de virgindade?” (Lc 1, 34) É uma pergunta, não de quem quer pôr uma dificuldade, mas de quem quer saber como se conciliarão as duas situações.

Sobre este voto de virgindade de Maria Santíssima, cumpre notar que, devido à promessa profética de que o Messias nasceria de uma descendente de Davi, as moças judias que assim o eram, procuravam invariavelmente casar-se para poderem vir a ser antepassadas do Messias.

Maria Santíssima, a obra prima saídas das mãos de Deus, nas suas longas e sublimes meditações sobre a excelsitude de Deus, tinha-se em conta de nada. Diz São Luís Grignon “Comparada à majestade infinita [de Deus] ela é menos que um átomo, é antes, um nada” (Tratado da Verdadeira Devoção”, nº 14). Por isso jamais passou pela sua mente que poderia ser Ela a escolhida: pedia para ser a escrava da Mãe do Messias. E, julgando-se tão indigna, fez o voto de virgindade.

Não há melhor prova da profundíssima humildade de Nossa Senhora do que essa renúncia. E não houve maior prêmio do que ser Ela a escolhida por Deus.

A segunda resposta ao Anjo Gabriel Eis a escrava do senhor; faça-se em mim segundo sua vontade” (Lc, 1, 38) é de tal profundidade que inúmeros exegetas a dividem em duas: na primeira parte (“Eis a escrava do Senhor”) Maria afirma ser a escrava de Deus; na segunda (“Faça-se em mim segundo a sua vontade”) ela age como escrava.

Como fruto de sua humildade e de sua submissão realiza-se o sublime ato da Encarnação: o Verbo se faz carne e habita entre nós.

Palavras a Deus

A primeira “palavra” de Nossa Senhora dirigida a Deus e que os Evangelhos registram é o Magnificat (Lc 1, 46-55). Louvada por Santa Isabel, imediatamente Ela restitui a Deus a grandeza que a prima vê nela. Para inúmeros comentaristas o Magnificat constitui o mais belo cântico jamais proferido por lábios humanos:

A minha alma glorifica o Senhor;
e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na pequenez de sua serva;
por isso todas as gerações me chamarão bem-aventurada.
Porque fez em mim grandes coisas
Aquele que é poderoso, e cujo nome é santo.
E cuja misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder de seu braço;
dissipou aqueles que se orgulhavam nos pensamentos de seu coração.
Depôs do trono os poderosos e elevou os humildes.
Encheu de bens os famintos despediu os ricos sem nada.
Tomou cuidado de Israel, seu servo, lembrando de sua misericórdia;
Conforme tinha dito a nossos pais, a Abraão e à sua posteridade para sempre.

Dizem vários comentaristas e exegetas que essa “palavra”, ou antes, este hino, foi cantado, conforme era hábito entre os hebreus. Como imaginar a beleza, a harmonia, o sublime que deve ter sido Nossa Senhora cantar!

Só na bem-aventurança eterna poderemos ter ideia. Quem sabe, pedindo à Virgem Santíssima que cante mais uma vez…

Outro aspecto do Magnificat é como, embora com o claro intuito de restituir a Deus tudo que nela fizera, fica claro a grandeza de Nossa Senhora. Por exemplo, nas expressões:

Todas as gerações me chamarão bem-aventurada, ou fez em mim grandes coisas, e ainda Manifestou o poder de seu braço.

A frase seguinte registrada nos Evangelhos é a pergunta aflita mas resignada, dirigida a Jesus discutindo com os doutores da lei, no Templo: “Filho por que agistes assim conosco. Eis que teu pai e eu te procurávamos aflitos”(Lc, 2, 48).

Nossa Senhora sabia que, sendo Deus, Jesus não poderia ter feito nada de imperfeito, mas ela não sabia a razão. Talvez, na sua humildade atribuísse a alguma falta sua.

A última palavra de Nossa Senhora a Jesus dá-se nas bodas em Caná: “Eles não têm mais vinho”(Jo 2, 3). Essa sua palavra é em benefício de outrem. Depois de Deus, o que mais zela Nossa Senhora — como boa Mãe que é — são os seus filhos. É Ela sempre a primeira a se dar conta de nossas necessidades.

E, diz o próprio Jesus, este zelo O faz antecipar a hora dos seus milagres, pois “não chegara a sua hora”. E realiza seu primeiro milagre… porque sua Mãe Santíssima pediu.

A única palavra para os homens

“Fazei tudo que Ele vos disser” (Jo 2, 5). Tal era a certeza de Nossa Senhora que seria atendida, que Ela assim age.

Na pessoa dos servidores de Caná, estamos todos os homens representados. O que nos diz Ela? Fazei tudo que Ele vos disser.

Poderia haver algo mais conducente a Jesus que estas palavras de Maria Santíssima? E é preciso notar bem: é a única que Ela dirige aos homens.

 
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