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Evangelho do 5º Domingo da Páscoa
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 28/04/2021
 
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Usando a imagem da videira, Jesus quis deixar clara a absoluta necessidade de permanecermos n’Ele se quisermos frutificar. Ele também permanecerá em nós, contanto que não sejamos ramos secos.

Mons. João S. Clá Dias

Deus quis Se fazer íntimo de nós

O Evangelho do V Domingo da Páscoa nos mostra como, em Jesus, Deus quis Se fazer íntimo de nós.

No Novo Testamento, desde que “o Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14), aquele mesmo Deus que fez tremer o Sinai e deu grandes poderes ao braço de Sansão e à voz de Elias, pôde ser adorado enquanto bebê na manjedoura, em Belém, e esteve nos braços de Maria, José, Simeão e dos Reis Magos.

Ele continuou sendo o mesmo Iahweh, mas atribuindo-Se títulos diferentes: “Eu sou o Bom Pastor” (Jo 10, 11), “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6), “Eu sou a Luz do mundo” (Jo 8, 12), “Eu sou a Porta das ovelhas” (Jo 10, 7), “Eu sou o pão vivo que desceu do Céu” (Jo 6, 51).

Fazendo menção a estas criaturas todas — inclusive comparando-Se à galinha com seus pintainhos, ao chorar sobre Jerusalém (cf. Mt 23, 37) —, Ele mostra bem qual é o seu incomensurável desejo — desejo eterno — de nos fazer participar de sua vida.

“Meu Pai é o agricultor”

Jesus afirmou neste Evangelho do V Domingo da Páscoa que o Pai é o agricultor e, em consequência, é Ele quem assume a tarefa da poda, da limpeza, dos cuidados.

Deus criou a videira, entre outras razões, para servir de exemplo a esses procedimentos próprios ao Pai.Evangelho do 5º Domingo da Páscoa

A videira, entre os vegetais, é o mais adequado para se entender a necessidade do corte ou a da poda. São Paulo é bem explícito em sua apreciação sobre o Agricultor: “Assim, nem o que planta é alguma coisa nem o que rega, mas só Deus, que faz crescer. O que planta ou o que rega são iguais; cada um receberá a sua recompensa, segundo o seu trabalho. Nós somos operários com Deus. Vós, o campo de Deus, o edifício de Deus” (I Cor 3, 7-9).

Videira e ramos, a imagem do Corpo Místico de Cristo

Estes ensinamentos de Jesus nos mostram o quanto é pleno de vitalidade seu Corpo Místico. Os “ramos” improdutivos, o Pai os arranca; e os que prometem frutos futuros, Ele os desponta e os acondiciona para se beneficiarem da seiva de modo mais excelente.

Não seria diminuto o elenco dos “ramos” infrutíferos, pois muitos são os vícios, más inclinações e pecados que bloqueiam o fluxo normal da “seiva” da graça. Em síntese, todos eles têm sua origem no egoísmo humano.

O estar voltado sobre si mesmo, submerso em suas próprias conveniências, traz como consequência inevitável um corte com as graças de Deus, pois estas nos são dadas com vistas à caminhada rumo ao Reino.

Por outro lado, como afirma São João Crisóstomo, ninguém pode ser verdadeiro cristão sem as boas obras. Ora, o egoísmo não as produz jamais.

A “poda” para a purificação dos bons “ramos”

Quanto à “poda” dos ramos frutuosos, além das tentações e provações permitidas por Deus, há dons, consolações e estímulos sobrenaturais, ações divinas que visam multiplicar a fertilidade deles. Por este dito de Jesus, vê-se quanto as tentações são úteis para conferir mais virtude e mérito aos bons “ramos”.

Evangelho do 5º Domingo da Páscoa
Condição para permanecer em Cristo

Uma vez que se esteja limpo, é preciso perseverar neste estado. Para tal, é indispensável cumprir os Mandamentos. “Nem todo aquele que Me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos Céus” (Mt 7, 21).

O padre Manuel de Tuya diz, a respeito deste versículo, algo digno de nota: “O verbo que emprega — permanecer — é um termo técnico próprio de João. Ele o usa 40 vezes em seu Evangelho e 23 em sua primeira Epístola. E aqui, com este verbo, formula a íntima, permanente e vital união dos fiéis com Cristo”.

Com sua habitual clareza, Maldonado explica que essa permanência nossa em Jesus é como se Ele dissesse: “‘Se quiserdes dar frutos e evitar que o Pai os arranque, permanecei em Mim. De minha parte, já fiz o que devia — comenta Teofilato —, ao limpar-vos com minha doutrina; agora fazei o que deveis. Permanecei, perseverai nessa limpeza que Eu vos obtive.

A permanência de Deus em nós

Nossa vida em Cristo é um tema muito comentado e conhecido, porém, fala-se menos da permanência d’Ele em nós. Ora, esta é uma realidade sobrenatural de fundamental importância e sobre ela devemos nos deter para bem compreendê-la.

Segundo os teólogos, esta permanência é o primeiro e o maior de todos os dons que possamos receber. Este dom nos dá a real e verdadeira posse de Deus. E do mesmo modo como uma criança em gestação se alimenta permanentemente da vida da mãe, esta permanência de Deus na alma confere-lhe de forma ininterrupta a própria vida divina.

É por esta razão que a Igreja denomina o Espírito Santo o Doce “Hóspede da alma — Hospes animæ”. Ele não entra em nossas almas para uma rápida visita, pelo contrário, nela permanece.

Esta maravilhosa permanência da Santíssima Trindade em nós proporciona a nossas almas a plena posse e o gozo fruitivo d’Ela! Conforme nos ensina o próprio São Tomás: “O dom da graça santificante aperfeiçoa a criatura racional para que com liberdade não somente use o dom criado, mas ainda frua da própria Pessoa Divina”.

Em síntese, esta permanência de Deus em nós, prometida por Jesus, transforma-nos em Deus, guardadas as devidas proporções entre Criador e criatura.

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