Fale conosco
 
 
Receba nossos boletins
 
 
 
Artigos


Palavra dos Pastores


Arco que une os homens a Deus
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
Decrease Increase
Texto
Solo lectura
0
0
 

O sacerdote é uma imagem de Cristo para a humanidade. Verdade assustadora esta, mas maravilhosa!

Dom Giovanni d Aniello - Núncio Apóstolico no Brasil.jpgDom Giovanni d’Aniello
Núncio Apostólico no Brasil

Cada Celebração Eucarística é um ato de louvor a Deus e nos faz sentir, apesar de nossa indignidade, filhos amados por Ele. A Sagrada Eucaristia – este dom que Cristo nos dá para tomarmos consciência da nossa humanidade, dos próprios limites, mas ao mesmo tempo da grandiosidade do seu amor por nós – nos mostra como Ele nos ama verdadeiramente de modo especial. Jesus nada tem a nos pedir, só a dar-nos. Até a própria vida Ele doou por amor a nós.

Isso nos leva a sentir sempre mais a pequenez da nossa natureza e a grandeza de Deus. E o fato de hoje estarmos reunidos aqui para a cerimônia de ordenação presbiteral de doze diáconos faz-nos sentir ainda mais esse amor de Deus para conosco.

Responsabilidade e grandeza

Queridos amigos, no início desta celebração, observei os artísticos arcos que se veem nesta basílica, todos muito bonitos. E veio-me à mente uma comparação: eles são como deve ser o sacerdote. Assim como o arco une duas colunas, o sacerdote une a humanidade a Deus e os homens entre si. Nós, sacerdotes, ­devemos ter estas duas características: termos os olhos voltados para o alto, mas sem esquecer o que está ao nosso redor.

A Cruz é algo extraordinário, pois ela nos mostra o que precisamos fazer, especialmente nós, chamados a olhá-la sempre como o instrumento de nossa Redenção. Esta Cruz, que é horizontal e vertical ao mesmo tempo, nos convoca a olhar para o alto, para poder depois olhar ao nosso redor; a termos o nosso coração orientado para o Senhor, a fim de podermos dar aos nossos irmãos o amor de Deus.

O sacerdote é uma imagem de Cristo para a humanidade. Tem de ser alter Christus. Verdade assustadora esta, mas maravilhosa! Cristo quer estar presente em todos os momentos de nossa vida, dentro de nós, na nossa humanidade, e escolhe pobres pessoas como nós.

Eu nunca imaginava ser escolhido para o sacerdócio. Nada tenho de especial, não tenho inteligência, não possuo qualidades, mas Deus quis escolher-me, sabendo bem que Ele ia transformar-me, com a condição de eu ser dócil à sua vontade, deixar-me moldar por suas divinas mãos, como o barro do qual o oleiro faz um bonito vaso. Assim o sacerdote deve ser uma massa nas mãos da Providência, ser dócil para Deus modelar nele sua própria imagem, fazer dele um instrumento apto a dispensar aos outros a graça divina. Fala-se muito de clonagem hoje. Que Cristo possa Se “clonar” em cada um de nós, de modo que os outros possam vê-Lo através de nós.

Quanta responsabilidade, mas também quanta grandeza! E quanta humildade se requer para guiar-nos em nossa missão!

Vossa força está na Eucaristia

A primeira leitura fala de algumas características do padre: “Revesti-vos todos de humildade no relacionamento mútuo” (I Pd 5, 5). Eu acrescentaria hoje: revesti-vos de humildade também no vosso relacionamento com Deus. Muitas vezes nos julgamos superdotados, superinteligentes, e até pensamos que nem precisamos mais rezar porque já temos tudo… E nosso relacionamento com Deus fica quase algo desnecessário, pelo fato de já termos tudo. Tenhamos a humildade de nos considerar sempre inúteis perante Deus; de reconhecer que precisamos sempre pedir-Lhe as graças ­indispensáveis para darmos testemunho d’Ele; de saber que, apesar do dom do Sacramento da Ordem, precisamos ser servos, e não patrões nem mestres.

apresentação dos candidatos antes da ordenação.jpg

Continua a leitura: “Sede sóbrios e vigilantes” (I Pd 5, 8). Sóbrios e vigilantes! Precisamos ter essa vigilância porque o mundo hoje parece quase ir contra a corrente, parece que não tem mais valores nem verdadeiros sentimentos, já não tem sequer esse sentido de olhar para o alto: ele olha apenas ao redor. Devemos, pois, ser vigilantes e sóbrios. Como? Olhando sempre para o alto, ficando unidos a Cristo na Eucaristia. Nela está a vossa força.

“As almas, nós as convertemos de joelhos”, dizia São Carlos Borromeu. Ou seja, pela oração. Nunca falte, pois, na vossa vida este valioso recurso.

Sem oração, a ação será uma atividade humana, do sacerdote, não de Deus em benefício dos outros. Então, permanecei sempre em contato direto com Ele, rezai continuamente, pedindo forças para cada um de vós. Sobretudo, ficai unidos a Cristo na Eucaristia. O encontro pessoal com Jesus Eucarístico seja o momento mais importante da vida de cada sacerdote.

Tende em consideração que daqui a pouco todos vós, novos sacerdotes, sereis as mãos de Cristo, os olhos, os ouvidos, a boca de Cristo. E precisais tornar-vos dignos dessa imensa graça, porque os fiéis querem ver na pessoa de cada um de vós o alter Christus. Em cada sacerdote – não receio dizê-lo – querem eles ver um homem extraordinário. Deus vos escolheu para serdes homens extraordinários, tendes, portanto, o dever de sê-lo.

Então, insisto, pelo amor de Deus, que a Eucaristia seja o momento mais importante da vossa vida. Pois Nosso Senhor Jesus Cristo é o primeiro e o último, é o princípio e o objetivo final de vossas ações no dia a dia e de toda a vossa existência.

Sede totalmente de Deus

Encontrareis dificuldades, sem dúvida, não tenhamos ilusões a este respeito, o mundo nos cria dificuldades. Mas se estiverdes unidos a Cristo e, sobretudo, se olhardes para Nossa Senhora, a Mãe de Deus e nossa, Ela vos ajudará e fará com que essas dificuldades fortaleçam ainda mais vossa entrega a Deus, vossa decisão de ser inteiramente d’Ele e assim estar totalmente a serviço dos irmãos, de ser o arco, a ponte entre eles e Deus.

Afirmou Santo Agostinho num de seus sermões: “Para vós sou Bispo, convosco sou cristão” (Sermo CCCXL, n.1: ML 38, 1483). A partir de agora, sereis sacerdotes de Deus para benefício do povo, sereis intermediários entre Deus e a comunidade. Sede sempre dignos. Posso dizer-vos, com humilde sinceridade, que vou acompanhar cada um de vós nessa caminhada na qual decerto encontrareis obstáculos. E vós, sacerdotes, deveis acompanhar-nos com vossas orações, a nós, Bispos, que temos maiores responsabilidades. Essa ajuda mútua faz com que estejamos mais unidos e possamos trabalhar juntos pelo bem da Igreja e da humanidade, para que o Reino de Deus esteja presente sempre entre nós.

Parabéns, queridos amigos! Vamos avançar, confiantes em que Nossa Senhora Aparecida tome cada um de nós pela mão e nos acompanhe nessa caminhada da Igreja através dos séculos, para podermos ser autênticos pastores e filhos de Deus. (Homilia na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, 25/4/2015 – Texto transcrito da gravação, sem revisão do autor) – Revista Arautos do Evangelho, Julho/2015, n. 162, pp. 38-39.

 
Comentários