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Os Dez Mandamentos e a lei natural
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 08/05/2015
 
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Redação – (Sexta-feira, 08-05-2015, Gaudium Press) – O Decálogo exprime sinteticamente a lei natural, que está gravada no coração de cada homem. O mais importante Mandamento é o primeiro, em função do qual todos os outros estão ordenados.Os Dez Mandamentos e a lei natural.jpg

Deus fala através do trovão

Já havia dois dias que os israelitas, acampados próximo ao Sinal, estavam se preparando para a grande teofania. No terceiro dia, Deus enviou tão impressionantes sinais que o povo tremeu de medo.

Trovões e relâmpagos, uma nuvem espessa cobriu a montanha, forte som de trombetas, todo o Monte Sinai fumegava e tremia violentamente. “O som da trombeta ia aumentando cada vez mais. Moisés falava, e o Senhor lhe respondia através do trovão” (Ex 19, 19).

Deus, então, ordenou a Moisés que subisse ao Monte Sinai, e ali lhe revelou os Dez Mandamentos, ou Decálogo, e deu-lhe duas “tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus” (Ex 31, 18).

Os Dez Mandamentos podem ser assim resumidos1:

1 – Amar a Deus sobre todas as coisas

2 – Não tomar seu santo Nome em vão

3 – Guardar domingos e festas

4 – Honrar pai e mãe

5 – Não matar

6 – Não pecar contra a castidade

7 – Não furtar

8 – Não levantar falso testemunho

9 – Não desejar a mulher do próximo

10 – Não cobiçar as coisas alheias

Lei natural

“O Decálogo contém uma expressão privilegiada da ‘lei natural’.”2 E a lei natural é a “ordenação divina da criatura racional para seu fim último, gravada na natureza humana e percebida pela luz da razão”.3

Devido aos pecados cometidos, os homens ficaram com a luz da razão obscurecida. Deus, então, revelou os Dez Mandamentos para dar-lhes o conhecimento completo das exigências da lei natural.4

“A Lei imposta por Deus é bela e ordenada. Ela compreende dois grupos de Mandamentos: os que dizem respeito ao relacionamento do homem com Deus e os que tratam das relações dos homens entre si. Três Mandamentos pertencem ao primeiro grupo, sete ao segundo”.5

Por isso, os Mandamentos foram gravados em duas tábuas: três em uma, e sete em outra.6

Os Dez Mandamentos formam um todo inseparável; por essa razão, transgredir um deles é infringir todos os outros. São essencialmente imutáveis; a s no coração de cada pessoa7.

O primeiro Mandamento

O primeiro Mandamento é o mais importante e sintetiza os outros. O verdadeiro amor não é uma questão de sentimento; dar primazia ao sentir significa sentimentalismo, principal ingrediente do romantismo. Amar é fundamentalmente um ato da vontade, que significa querer bem. E quem realmente ama a Deus deseja que Ele seja glorificado e obedecido por toda a Humanidade.

Santo Agostinho, em sua obra “A cidade de Deus”, divide a Humanidade em dois grandes grupos: os que vivem segundo o homem, constituindo a cidade terrena; e os que vivem de acordo com Deus e formam a cidade celestial.

E esclarece que dois amores fundaram essas duas cidades: “o amor próprio até o desprezo de Deus, a terrena; e o amor de Deus até o desprezo de si próprio, a celestial”.8

Vemos assim como o egoísmo é o principal inimigo do amor a Deus. Quem realmente pratica o primeiro Mandamento coloca a Deus no centro de tudo quanto pensa, quer ou faz; e quem se põe no centro caminha para a adoração de si mesmo, a egolatria.

Amor à Santa Igreja

Conforme afirmou Nosso Senhor Jesus Cristo, os Mandamentos se resumem nestes dois: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (cf. Mc 12, 30-31). Se o modelo do amor ao próximo é o amor a si mesmo, resulta que este último é bom.

O reto amor a nós mesmos consiste em querer o bem de nossa alma e nosso corpo, visando nossa santificação para a maior glória de Deus. É exatamente isso que devemos desejar para nosso próximo, ou seja, seu bem espiritual e material, tendo em vista sua salvação eterna.

Precisamos amar o próximo não por humanitarismo, mas por amor a Deus, para praticarmos a virtude teologal da caridade, a qual assim se define: “É a virtude pela qual Deus é amado por causa de sua infinita perfeição e o próximo é amado por amor a Deus”.9

E quem ama a Deus, ama a Igreja Católica Apostólica Romana, a qual é o Corpo Místico de Cristo; reza, sacrifica-se, luta para que ela seja exaltada. E também para que os inimigos dela sejam derrotados. Ensina São Tomás de Aquino:

É evidente que quanto mais intensamente tende uma potência para algo, mais facilmente também repele o que lhe é contrário e incompatível. Assim, pois, sendo o amor um movimento para o amado, como diz Santo Agostinho […] o amor intenso trata de excluir tudo o que lhe é contrário10.

Que Nossa Senhora nos conceda a graça de aumentar nosso amor a Deus e a sua Santa Igreja, bem como ao próximo por amor a Deus.

Por Paulo Francisco Martos
(In “Noções de História Sagrada” – 27)

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1 Catecismo da Igreja Católica, n. 2051.

2 Idem, n. 2070.

3 Dictionnaire de Théologia Catholique. Paris: Letouzey et ainé. 1926, v. 9. 1ª parte, coluna 878.

4 Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2071.

5 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A ordem natural e os Dez Mandamentos. In Dr. Plinio, março

2010, p. 21.

6 Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2067.

7 Cf. Idem, n. 2069 e 2072.

8 A cidade de Deus. Livro XIV, capítulo 28.

9 Dictionnaire de Théologie Catholique. Paris: Letouzey et ainé. 1926, v. 2, 2ª parte, coluna 2217.

 
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