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Como um caleidoscópio
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 16/09/2019
 
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Redação (Segunda-feira, 16-09-2019, Gaudium Press) Ora uma linda flor dourada ornada com pontinhos vermelhos aparece diante dos nossos olhos; ora uma moldura cor de ametista passa a circundar losangos verdes e laranjas; ora matizes diversos de um feérico azul dominam o conjunto, dando especial nobreza à figura apresentada…

Caleidoscópio Santo Inácio e Santo Agostinho.jpg

Basta um leve girar no caleidoscópio para que surjam novas imagens. O instrumento é sempre o mesmo, mas as cenas nunca se repetem por mais que, aparentemente, tenhamos voltado ao ponto inicial.

Simples na sua essência, variado nas suas manifestações, ele evoca a História dos homens. Ao longo dos séculos, vão se sucedendo almas que, com as cores e formas próprias ao seu chamado particular, refletem as infinitas perfeições de Deus. Varões e damas, ricos e pobres, jovens e anciãos, religiosos e leigos, coadunam o fulgor de suas virtudes pessoais para, sob a ação do Espírito Santo, compor as ricas e multicoloridas figuras de santidade que marcam cada época.

Já no início da Igreja, vemos refulgir dentro do Colégio Apostólico a alma fogosa e contrita de São Pedro e, junto a ele, o brilho suave, contemplativo e profundamente teológico do Discípulo Amado. O quadro, algum tanto rústico, mas cheio de vida, é completado pelos outros Apóstolos, Evangelistas e mártires como Santo Estêvão.

No decorrer do quarto século, deparamo-nos com a personalidade audaz de Santo Atanásio combatendo a heresia ariana. Sua santidade se conjuga com a de Santo Antão, ancião anacoreta de vida austera penetrada de misticismo.

Olhando para a mesma época, não passa despercebida aos nossos olhos a imagem do fogoso maniqueísta que a bondade do Altíssimo transformou num dos maiores luminares da Igreja: o Bispo Agostinho, cognominado a Águia de Hipona por seus elevados voos de espírito.

E, nesse girar do caleidoscópio divino, como esquecer as luminosas figuras dos fundadores, que deram vida às Ordens e Congregações religiosas, fazendo-as brilhar com as cores dos respectivos carismas?

Caleidoscópio São Pedro e Santa Teresa dÁvila.jpg

Em Subiaco, refulge São Bento de Núrsia harmonizando o trabalho e a contemplação: “ora et labora” era seu lema. Deste pai venerável brotou uma florescente família de almas que encheu de esplendor a Idade Média. O grande número de Santos canonizados entre os seus membros atesta a expansão alcançada pela espiritualidade beneditina.

Séculos depois, São Domingos de Gusmão combate a heresia cátara fundando em Toulouse a Ordem dos Pregadores, logo transformada em sólida coluna de doutrina, sobre a qual descansaria a obra evangelizadora da Santa Igreja.

Contemporâneo a ele, o Poverello de Assis reúne um pujante conjunto de amantes da pobreza, dispostos a seguir com inusitada radicalidade os conselhos evangélicos. Seu exemplo haveria de conduzir nobres, reis e plebeus pelas vias da austeridade e penitência.

Nesse caleidoscópio de almas bem-aventuradas que vão se conjugando e sucedendo, encontramos também a grande Teresa d’Ávila, espírito de fogo, reformadora da Ordem do Carmo. E o nobre herdeiro da casa de ­Loyola, Santo Inácio, que, renunciando a uma brilhante carreira, adota uma vida militante “para maior glória de Deus”. Dele nasce a Companhia de Jesus, formada pelos melhores e mais aguerridos “soldados” que lhe foi possível recrutar.

Todos esses Santos e Santas, e muitos outros que seria impossível lembrar aqui, são valiosíssimos elementos no caleidoscópio divino composto pelo Espírito Santo ao longo da História, e por Ele movido sem cessar, também nos tempos atuais.

Como serão as novas e extraordinárias figuras que o futuro nos permitirá contemplar? Com que fantásticas e desconhecidas cores serão produzidas? Qual a altura espiritual e a íntima união com o sobrenatural alcançada pelas almas chamadas refulgir nos dias vindouros?

Caleidoscópio São Bento e Santo Antão.jpg

Ainda que não saibamos responder a essas perguntas, algo podemos dar como certo: elas brilharão com uma beleza muito maior que as do passado, pois Deus é infinito e, ao suscitar algo novo, sempre supera de longe o que lhe é anterior.

Por Irmã Maria Teresa Ribeiro Matos, EP

 
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