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Quem foi o frei Antônio de Pádua?
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 28/06/2020
 
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O Santo dos Milagres é o Martelo dos hereges, o Doutor Evangélico, o padroeiro do mundo inteiro

Em 1147 D. Afonso Henriques reconquistava a cidade de Lisboa para a Igreja Católica. Cinquenta anos depois, a nação portuguesa foi presenteada por Deus com outra vitória: em 1195, aproximadamente, nascia Fernando Martins ou, como seria conhecido no mundo inteiro, Frei Antônio de Pádua.

A vocação e o rompimento com o mundo

santo Antônio de PáduaAos 15 anos, Fernando sentiu o chamado de Deus para a vida religiosa e, atento aos desígnios divinos, não pôde recusar ou fazer ouvidos moucos. Incorporou-se logo à Ordem dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho, no Mosteiro de São Vicente de Fora, onde dedicou-se por dois anos e meio ao fortalecimento empenhado das virtudes na luta contra o demônio, o mundo e a carne. Para ajudar neste combate, seus superiores autorizaram seu translado para Coimbra, pois assim teria mais facilidade em desapegar das coisas que lhe podiam oferecer o mundo.

Como centro intelectual que era a cidade de Coimbra naquele tempo, Fernando Martins estudou e aprendeu com a doutrina dos Padres da Igreja, e mais especialmente com Santo Agostinho, de quem assimilou a tão sábia Regra. O estudo das Sagradas Escrituras foi feito por ele com tanta dedicação e, sobretudo, com tanto amor, que tinha inteiramente gravado na memória todos os livros desde o Gênesis até o Apocalipse. Nesta mesma cidade, Fernando foi elevado à dignidade sacerdotal.

Além de presentear o povo lusitano, Deus suscitava para a defesa da Igreja e para a salvação das almas outros dois varões: São Francisco e São Domingos. Fundadores de duas ordens mendicantes que bem poderíamos chamar increpadoras: pregando extremos de pobreza e desapego às coisas do mundo, os missionários dominicanos e franciscanos não cessavam de denunciar nos púlpitos e nos confessionários os erros que punham em risco a salvação de tantas almas. A estes eleitos quis juntar-se Fernando Martins.

Fernando Martins morre para o mundo; nasce o Frei Antônio para Deus

Durante uma expedição missionária no norte da África, cinco filhos espirituais de São Francisco entregaram suas almas através do martírio. O ímpeto das pregações e a fé deles começou a arrastar multidões. Com isso, também se somou a cólera do miramolim de Marrocos que mandou matá-los. Pobre desavisado! Não sabia ele que “sangue de mártires é semente de cristãos”. Em toda a Europa o fato se tornou admiravelmente conhecido e, com grande homenagem, reverência e devoção os restos mortais dos missionários foram recebidos na cidade de Coimbra, em meados 1220.

Cheio de encanto e consonância com a vocação daqueles heróis da Fé, o então Cônego Fernando sentiu aquilo soar em seu coração como uma aprovação de Deus ao seu desejo de unir-se aos filhos de São Francisco no Convento de Santo Antônio de Olivares. Recebida a licença dos superiores, o Cônego Fernando recebeu o hábito dos Frades Menores pouco depois, tomando o nome de Frei Antônio.

Apenas cumpria o quinto mês de noviciado e Antônio já ardia em desejo de ser enviado para a terra que dera os primeiros mártires à Ordem Franciscana. Entretanto, não parecia estar ali o cumprimento dos desígnios divinos. Frei Antônio passava por febres e indisposições graves e, apesar de ter alcançado grandes pelejas pela fé cristã, seus superiores o mandaram de volta para o continente europeu.

Retornando ao seu continente natal, o navio foi arrastado por forte tempestade para as costas da Sicília. Após passar alguns meses no convento de Messina, Frei Antônio viajou até Assis onde se daria o Capítulo Geral da Ordem. Era o ano de 1221; o próprio São Francisco presidiria o acontecimento. Após o Capítulo Geral, Frei Antônio assumiu com impressionante e exemplar humildade o ofício de ajudante de cozinha no Eremitério de São Paulo, localizado na Província de Romandiola. Com total submissão e no mais completo anonimato, dormia numa gruta e jamais reclamava.

Dentro de uma humildade exemplar, uma revelação!

Foi nesta mesma época que houve uma ordenação sacerdotal na cidade de Forli, onde se encontravam reunidos alguns filhos de São Francisco e de São Domingos. Frei Antônio estava presente. No final da cerimônia, o Provincial dos Frades Menores pediu que um dos Irmãos Pregadores pronunciasse as palavras de encerramento. Todos, porém, esquivaram-se da honra, pois ninguém tinha preparado aquele discurso e o improviso corria o risco de ser desastroso em uma ocasião solene como aquela.

Para remediar a situação, o Provincial dos franciscanos decidiu incumbir do encargo a qualquer um dos seus subalternos, confiando na inspiração da graça. E designou para isto um frade português que desempenhava a função de ajudante de cozinha no Eremitério de São Paulo. Com a simplicidade das almas acostumadas à obediência, o humilde religioso, até então em silêncio, se dispôs a cumprir a ordem. Para surpresa geral, Frei Antônio ainda o fez em perfeito uso da língua latina.

frei antônio

O discurso foi simplesmente brilhante e sua figura ficou marcada aos olhos de todos como insigne pregador, cheio de fogo e entusiasmo ressaltados por sua grande despretensão.

As pregações do santo atraíam as multidões não porque procurasse agradar aos ouvintes, senão porque procurava transformar os ouvintes em almas que agradassem a Deus. E as conversões eram abundantes! Frei Antônio era destemido e não tinha receio de reprovar os erros, ainda que os ouvintes culpados fossem autoridades civis ou eclesiásticas. Certa vez converteu um prelado quando, corrigindo-o, começava a censurar-lhe diante de toda a multidão: “Tenho algo a dizer a ti que usas a mitra!”. As lágrimas correram abundantes pela face do Bispo, que mudou de conduta. Certamente tudo isso foi a causa do milagre que já dura quase 800 anos: a língua incorrupta de Santo Antônio venerada em Pádua.

Em 1224, Frei Antônio foi enviado a lutar contra os cátaros e albigenses no sul da França. Aí seus milagres foram numerosos e as conversões realizadas por Deus através do santo foram inegavelmente prodigiosas.

Os últimos anos de Santo Antônio

Frei Antônio deixou a França no ano de 1227, quando foi convocado para um novo Capítulo Geral da Ordem. Nesta Assembleia, ele foi eleito Superior Provincial da Emilia-Romagna, onde ficava a cidade de Pádua – a sede do Provincialato – região na qual passou os quatro últimos anos de sua vida.

Este último período de sua trajetória terrena foi marcado também pelas calorosas pregações, pelos rigorosos sacrifícios e mortificações, pelas piedosas orações, pelos prodigiosos milagres, pelas numerosas conversões e pelo incansável apostolado.

No momento derradeiro, tendo recebido os sacramentos, despediu-se de todos e cantou a Nossa Senhora toda a antífona: “Ó Virgem gloriosa que estais acima das estrelas…” Em seguida, ergueu os olhos para o céu. Todos os presentes o ouviram dizer: “Estou vendo o Senhor…” Pouco depois morreu. Era o dia 13 de junho de 1231. Frei Antônio estava com 36 anos de idade.

Por que o Frei Antônio tem o Menino Jesus nos braços?

antonioJá no fim de sua vida, Antônio hospedou-se na casa de uma família amiga, em Camposampiero. Quem narra este episódio é o Conde Tiso, anfitrião do Santo:

À noite, o Santo já estava nos aposentos a ele destinados, recolhido em oração. O dono da casa percebeu que uma luz forte vinha de dentro do quarto onde estava Antônio. Não poderia ser luz de velas, era forte demais, muito intensa. O Conde, vencido pela curiosidade, levantou-se e foi ver o que poderia ser aquilo. Aproximou-se do quarto e, pelas frinchas da porta deparou-se com uma cena miraculosa:

O Santo estava arrebatado em contemplação. A Virgem Maria, então, coloca nos braços dele o Menino Jesus. O menino enlaça seus bracinhos ao pescoço do frade e amigavelmente conversa com ele. Sentindo que estava sendo observado, o Santo procurou o Conde Tiso e o fez jurar que só depois que ele morresse o Conde contaria o que tinha visto naquela noite. Foi esse o fato que deu motivo para que Santo Antônio fosse representado em suas imagens com o Menino Jesus nos braços.

Por Arthur Leal

 
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