Da Imaculada Conceição, a paz e a esperança

Quão grandioso é o mistério da Imaculada Conceição, que a Liturgia hoje nos apresenta!

“Cheia de graça”. Com este nome, segundo o original grego do Evangelho de São Lucas, o Arcanjo se dirige a Maria. Este é o nome com o qual Deus, por meio de seu embaixador, quis qualificar a Virgem. Desde toda a eternidade, Ele a pensou e viu desta maneira.

Predestinada antes da criação do mundo

No hino da Epístola aos Efésios, pouco antes proclamado, o Apóstolo louva Deus Pai “que do alto do Céu nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo”.

Com que especialíssima bênção voltou-se Deus para Maria no início dos tempos! Verdadeiramente Ela é bendita entre todas as criaturas!

Em Cristo, o Pai a elegeu antes da criação do mundo, para que fosse Santa e Imaculada em sua presença no amor, predestinando-a como primícias da adoção filial por obra de Jesus Cristo.

Na previsão da morte salvífica do Filho, Maria, sua Mãe, foi preservada do pecado original e de qualquer outro pecado.

Na vitória do novo Adão está também a da nova Eva, Mãe dos homens redimidos. Assim, a Imaculada é sinal de esperança para todos os viventes, os quais venceram satanás por meio do sangue do Cordeiro (cf. Ap 12,11).

Com efeito, preservada imune de toda mancha de pecado original, a “nova Eva” se beneficiou singularmente da obra de Cristo como perfeitíssimo Mediador e Redentor. Redimida em primeiro lugar por seu Filho, partícipe da plenitude de sua santidade, Ela já é o que toda a Igreja deseja e espera ser.

Por este motivo a Imaculada, que assinala o início da Igreja, esposa de Cristo sem ruga e sem mancha, resplendente de beleza, precede sempre o Povo de Deus na caminhada da fé para o Reino dos Céus. 

Na Conceição Imaculada de Maria a Igreja vê projetar-se, antecipada em seu mais nobre membro, a graça salvadora da Páscoa.

Advogada de graça e modelo de santidade

No acontecimento da Encarnação encontram-se indissoluvelmente unidos o Filho e a Mãe: “aquele que é seu Senhor e princípio e aquela que, pronunciando o primeiro ‘faça-se’ da Nova Aliança, prefigura sua condição de esposa e de Mãe” (Redemptoris Mater, 1).

A Vós, Virgem Imaculada, predestinada por Deus acima de qualquer outra criatura como advogada de graça e modelo de santidade para seu povo, renovo de modo especial neste dia a confiança de toda a Igreja.

Sede o guia de seus filhos na peregrinação da fé, tornando-os sempre mais obedientes e fiéis à Palavra de Deus.

Acompanhai todos os cristãos no caminho da conversão e da santidade, na luta contra o pecado e na procura da verdadeira beleza, a qual é sempre marca e reflexo da Beleza divina.

Obtende a paz e a salvação para todas as gentes. Que o Eterno Pai, que Vos escolheu para Mãe Imaculada do Redentor, renove também nesta nossa época, por meio de Vós, os prodígios de seu amor misericordioso. Amém!

 

Excerto de Homilia, 8/12/2004.