Acompanhado por alguns agentes que deviam ajudá-lo a prender os cristãos e arrastá-los a Jerusalém, Saulo chegava ao termo de sua viagem.
Estando já próximo de Damasco, viu subitamente, por volta do meio-dia, vir do céu uma grande luz mais resplandecente que o Sol, a qual o envolveu junto com seus acompanhantes.
Ao vê-la, caíram todos por terra, apavorados.
Quis Deus começar por abater o orgulho e a arrogante obstinação de Saulo, para ele receber com submissão e humildade as ordens que desejava dar-lhe.
Segundo São João Crisóstomo, Deus fez a luz preceder a voz, para que Saulo, divinamente atingido por tão fulgurante luz, acalmasse um pouco o seu furor e estivesse em condições de ouvir com mais docilidade a voz. […]
— Quem sois Vós, Senhor?
Respondeu-lhe Ele:
— Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão.
Saulo então, trêmulo e atônito, perguntou:
— Senhor, que quereis que eu faça?
Eis aí o lobo voraz transformado de repente em cordeiro. Não sabendo ainda quem lhe falava, mas sentindo-se subjugado pelo poder de Deus, ele O chama de “Senhor” e Lhe pergunta quem é. […]
Submeteu-se por fim à graça e à vontade de Deus, pois esta simples frase: “que quereis que eu faça?”, contém como uma divina semente todas as consequências tão admiráveis da conversão de Saulo em Paulo.