Certa ocasião, os moradores da casa-mãe dos Arautos do Evangelho viram-se diante de uma situação difícil: uma parte do antigo prédio beneditino, cons­truído no topo de uma colina, ameaçava desabar por problemas de estruturação do solo, oferecendo grave risco à vizinhança, além de uma perda irreparável à entidade.

Angustiados ante tão grave perspectiva, os arau­tos recorreram à Consoladora dos Aflitos sob a invocação de Mãe do Bom Conselho. Confiantes em sua maternal proteção, prometeram edificar um oratório em sua honra, caso a trágica situação ti­vesse um des­fecho feliz.

Bem disse São Bernardo, ao dirigir-se à piíssima Vir­gem Maria no “Lembrai-Vos”, que “nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorado vossa assistência e reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado”. E isso mais uma vez o puderam comprovar nossos prota­gonistas ao ve­rem definitivamente afastado o perigo.

Imensamente agradecidos, decidiram aplicar seus dotes artísticos na construção de uma capelinha, aproveitando um pequeno espaço que servia de pas­sagem entre o claustro e a casa principal.

Manuseando a dócil pedra-sabão, talharam colunas, arcos e capitéis. À medida que o rude mineral ce­dia aos golpes do cinzel, Nossa Senhora ia concedendo abundantes graças àqueles “arautos-artistas”, o que lhes fazia ainda aumentar muito mais o desejo de erigir a Ela o mais belo dos escrínios!

Na rosácea, a ágata substituiu os vidros coloridos, constituindo não um vitral, mas um belo “agatal” a envolver o ambiente em discreta e aconchegante luminosidade, com seus variados e peculiares matizes.

À entrada, como se brotasse do arco românico, o férreo rendilhado da grade traçou um hífen gracioso, unindo o corredor do claustro ao interior do pequenino santuário.

Dentro, se o fiel se curva para pedir perdão por suas faltas, repousa seus olhos no reluzente granito azul que reveste o piso, e se os eleva à procura de Deus, extasia-se com a constelação de flores de lis douradas a cintilarem na abóbada azul do teto.

Ladeando a réplica do milagroso afresco da Mãe do Bom Conselho de Genazzano, dois relicários recordam que, no Céu, os Santos, por intermédio de Ma­ria, glorificam a Deus incessantemente.

Mas, tudo isso, tão lindo, não é senão a moldura de algo muito mais resplandecente: quem ali penetra, busca a Jesus e O encontra nos braços da Mãe do Bom Conselho, que nos convida a participar de in­contáveis colóquios com seu Divino Filho.

Ensina-nos a doutrina da Igreja que o bem é emi­nentemente difusivo. Por isso, ao nosso caro leitor, fica um convite: não deseja desfrutar você também desta doce intimidade?

Os portões de nossa casa estão abertos aos nossos amigos! No piedoso acon­chego de uma capelinha, estão à sua espera um olhar, um sorriso, um bom conselho…