Já lhe aconteceu, ao fazer as compras da semana, de levar produtos dos quais na realidade não necessita? É quase inevitável.
Por vezes, quando isso acontece, fico até desagradado comigo mesmo, e chego a perguntar-me: “Mas, como fui capaz de fazer esta despesa? Não era preciso comprar isso…”
A explicação do fenômeno, todos nós a conhecemos: é a força da propaganda. Essa arte, tão antiga quanto o comércio, alcançou em nossos dias um auge de desenvolvimento.
Atualmente, muitos se perguntam se não seria útil aplicar as modernas técnicas de propaganda ao apostolado, para atrair as pessoas à Igreja. Tanto mais que os fiéis se afastaram maciçamente da prática religiosa.
O tema não deixa de ser fascinante, sobretudo para quem se dedica à evangelização. Mas é também muito escorregadio…
O Pe. Ciro Benedettini, vice-diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, lembrou uma grande verdade, que em hipótese alguma podemos esquecer.
Em declarações à agência Vidimus Dominum, a propósito dos desafios que os modernos meios de comunicação trazem para as congregações ou institutos religiosos, ele afirma: “A santidade é a melhor forma de propaganda de um instituto.”
E, depois, acrescenta ele algumas recomendações, nas quais transparece a sabedoria milenar da Igreja. Afinal de contas, que instituição, no mundo de hoje, pode apresentar dois mil anos de experiência de propaganda da Fé, com eficácia comprovada?
“Um princípio implacável da ciência da comunicação é o de que aquele que não sabe comunicar-se está socialmente morto. Isto não nega o valor à humildade nem à vida escondida.”
Reforçando sua opinião, acrescenta:
Pela Sala de Imprensa passam mais de dois mil jornalistas internacionais em cada ano, pelos motivos mais diversos.
Só em ocasiões particulares, como as beatificações e as canonizações de religiosos, o interesse se concentra nos institutos, pelo menos para conhecer os antecedentes. Do que se depreende, mais uma vez, que a santidade é a melhor forma de propaganda de um instituto.
Ensinando quais as regras a que se devem ater as notícias, ressalta que a primeira de todas é a da “clareza”.
Outra é a de não ocultar informações: “Não há nada de mais danoso” do que dar a impressão de querer esconder algo ou de manipular a realidade. Tal posição só serve para provocar a curiosidade do jornalista, que logo suspeitará o pior.
Qual o melhor estilo de apresentar as mensagens ao público, muito mais propenso aos testemunhos ou depoimentos do que às declarações dos superiores ou mestres? O Pe. Benedettini faz uma pergunta didática, que aponta de forma evidente a suprema solução:
Por que não ter presente o estilo de Jesus? As verdades mais belas sobre Deus e seu Reino, comunicou-as por meio de parábolas. Para os jovens, a música é importantíssima. Faz falta a criatividade, que é fruto do estudo, diálogo, colaboração, investigação e não de improvisação.
Apoiar revistas, rádios e jornais católicos pode ser, por exemplo, uma bela forma de propagar a santidade dos carismas de qualquer instituto ou associação católica. Quantos não-católicos e seitas o fazem com sagacidade, insistência e prodigalidade de meios!
Infelizmente, há certa falta de iniciativa nos meios jornalísticos católicos. Enquanto “o mal se dá a conhecer por si só, o bem necessita de muitas iniciativas e de um apoio contínuo” – conclui o Pe.Benedettini.