À ação de graças por Jesus Cristo na Eucaristia unimos muito especialmente nesta tarde, caros irmãos, nossa gratidão pelo ministério de Pedro, refletido na festa que hoje celebramos. 

Unimos também a essa ação de graças nossa recordação agradecida pelos dez anos transcorridos do reconhecimento pontifício da Associação Internacional de Fiéis Arautos do Evangelho.

Em seu providencial desígnio, quis Deus que esse reconhecimento esteja unido à festa da Cátedra de São Pedro, para manifestar assim tanto vossa inquebrantável vinculação e comunhão com a Santa Sé, como vossa plena e total colaboração com o Papa na obra apostólica, evangelizadora, da Igreja.

Afeto filial e agradecido a quem continua o serviço de Pedro

Para toda a Igreja, esta deveria ser uma data grandiosa e muito alegre. […]

Hoje é um dia no qual deveríamos avivar a consciência do que significa o serviço de Pedro, e assim fortalecer a veneração, a fidelidade e a obediência, o afeto filial e agradecido a quem continua presentemente esse mesmo serviço: o Papa. […]

Jesus fundou sua Igreja sobre o Colégio dos Apóstolos, no qual Pedro recebeu, por vontade de Cristo, o primeiro posto: na lista dos Apóstolos ocupa o primeiro lugar.

De fato, é o primeiro beneficiado pelas aparições de Cristo Ressuscitado, o primeiro em confessar a messianidade e divindade de Jesus – fato que lhe concede, por sua vez, a primazia na formação de sua Igreja –, e no dia de Pentecostes é também o primeiro em tomar a palavra e iniciar a missão cristã.

Essa primazia tem, na mente de Jesus, o caráter de um serviço singular – tudo na Igreja é serviço –, que exige todo o amor e uma disponibilidade plena e total.

Pedro terá sempre a assistência necessária do Senhor e do Espírito para confirmar, dar firmeza e manter seus irmãos na Fé e na comunhão.

Seu serviço é ser – segundo a bela expressão, “servo dos servos de Deus” – o primeiro entre os servidores da unidade que constitui a Igreja; a rocha firme da Fé na qual descansa e se apoia a Igreja.

Ser o pastor de toda a grei do Senhor, que dirige e guia a comunidade universal dos discípulos de Jesus estendida do oriente ao ocidente e representa, consolida e fortalece a comunhão do Colégio Episcopal. […] 

Precisamos do Papa, e o Papa tem necessidade de nós

Esse ministério de Pedro é, sem dúvida, um ministério de misericórdia nascido de um ato de misericórdia de Cristo.

É essa misericórdia de Cristo que dotou sua Igreja com o serviço de Pedro, para que todos permaneçam na unidade e o mundo creia que Jesus Cristo – o único Nome que nos foi dado, no qual podemos ser salvos – é o enviado do Pai como paz e reconciliação, redenção e amor sem limites, caminho, verdade, vida, luz e esperança para todos. 

Mas essa própria assistência indefectível não exime de sofrimentos, contradições e debilidades o serviço apostólico.

Por isso devemos ajudar – com nossas orações, nossa adesão fiel a seus ensinamentos, nossa veneração e afeto – aquele que recebeu do Senhor esse dramático serviço à fé e à comunhão da Igreja.

Demos graças ao Senhor, neste dia, pelo dom do Papa e por seu imprescindível serviço ou ministério. Cresça em nós a adesão pessoal e inquebrantável ao Papa, a este Papa, Bento XVI, que Deus nos deu.

Seja ainda maior nosso amor a ele e nossa fidelidade a todos os seus ensinamentos.

Esse amor e fidelidade é a garantia de permanecermos unidos a Cristo e assim sermos Igreja enviada aos homens para anunciar-lhes que Deus existe e é o centro, origem e meta de tudo.

Anuciar que Deus é Amor e nos foi dado e revelado na face humana de seu Filho Único, Jesus, que nos ama e Se apaixonou por todos e cada um de nós, que está com todos e por todos. 

Precisamos do Papa, e o Papa tem necessidade de nós, de nossa oração e apoio filial e alegre.

Bento XVI nos convoca para uma nova e vigorosa evangelização

Que Deus nos conserve o Papa Bento XVI. Ele é um presente seu a toda a sua Igreja santa em nossos dias: um grande homem de Deus, um “amigo forte” de Deus, um testemunho singular do Deus vivo! […] 

Face às dificuldades que hoje a Igreja deve enfrentar, sacudida tanto no plano doutrinário como no disciplinar e na forma de vida, ele apela frequentemente para a substância viva do Evangelho, o essencial da fé e da vida conforme ao Evangelho, a conversão e purificação pessoal.

Porque sabe que só com fidelidade aos ensinamentos de Cristo e da Igreja, transmitidos pela Tradição viva, podemos ter essa força de conquista, essa luz da inteligência e da alma que provém da posse madura e consciente da Verdade divina. 

Ele está bem cônscio de que chegou o momento da verdade e de ser preciso que cada um tenha consciência das próprias responsabilidades frente a decisões que devem entregar e salvaguardar.

Que devem manter e transmitir a fé, tesouro comum que Cristo – o qual é Pedra, é Rocha – confiou a Pedro, Vigário da Rocha, como o chamava São Boaventura.

Não podemos esquecer, sobretudo perante vós, caros Arautos do Evangelho, que, como seu venerável antecessor, Bento XVI convoca toda a Igreja a promover, impulsionar, levar a cabo uma nova e vigorosa evangelização que abre um horizonte de ar fresco na Igreja de nossos dias. […] 

Aí estais vós, Arautos do Evangelho, é esse vosso lugar. No mundo de hoje, tão secularizado e aparentemente tão afastado de Deus, que vive como se Ele não existisse, há, entretanto, uma profunda fome que só Deus pode saciar: fome de verdade, de liberdade, de amor gratuito.

Por isso é necessário, urgente e premente, anunciar o Evangelho em nossos dias.

É nisso que, com tanta clarividência, têm insistido os últimos Papas: Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI. Isso é o que pretendeu o Concílio Vaticano II, verdadeira primavera e novo Pentecostes da Igreja.

É isso que nos pede Deus neste momento, e de modo muito especial a vós. Não temais! Não tenhais medo! Não poupeis nada! Tende confiança e o olhar posto em Cristo, sem jamais recuar. Que a Virgem Maria vos ajude e proteja.

 

Excertos da Homilia na Igreja de San Benedetto in Piscinula por ocasião do 10º aniversário da aprovação pontifícia dos Arautos do Evangelho, 22/2/2011.