Venho até vós, homens e mulheres consagrados dos Estados Unidos, como representante do Santo Padre, trazendo suas saudações e sua estima pelo testemunho de vossa vida e pela fecundidade das múltiplas formas do serviço que prestais à Igreja.

Venho até vós como Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, com o acúmulo de experiência que traz lidar com as alegrias e esperanças, com as tristezas e angústias da vida consagrada por todo o mundo.

Mas, muito especialmente, encontro-me entre vós como um religioso irmão, que conheceu pessoalmente a aventura e o tumulto da renovação da vida consagrada trazidos pelo Concílio Vaticano II.

Essa extraordinária experiência fez-me quem sou, e modela as palavras que vos dirijo hoje com imenso afeto e esperança. […]

Fase final de uma prolongada crise

Nos últimos quarenta anos, a Igreja passou por uma das maiores crises de sua história. Todos nós sabemos que a dramática situação da vida consagrada prova que ela não ficou à margem desta crise.

Em praticamente todos os países do Ocidente, não falta quem note que a maioria das comunidades religiosas está entrando na fase final de uma prolongada crise cujo resultado – dizem eles – está consignado nas estatísticas.

Em muitos desses países ocidentais, os religiosos perderam a esperança. Eles já se resignaram à perda de vitalidade, de importância, de alegria, de atratividade, de vida, enfim. Mas os Estados Unidos são diferentes.

A vitalidade, a criatividade, a exuberância que marcam a pujante cultura deste país refletem-se na vida cristã e também na vida consagrada. Basta pensar que desde o Concílio Vaticano II, mais de cem novas comunidades religiosas brotaram deste solo fértil. […]

Apesar desse passado grandioso e da atual vitalidade, nós sabemos – e esta é uma das principais razões que hoje aqui nos reúnem – que nem tudo vai bem na vida religiosa norte-americana. Hoje, minhas observações são dirigidas especialmente aos religiosos ativos.

O vertiginoso declínio no número de mulheres e homens consagrados, o abandono de muitas associações apostólicas e de ministérios, o fechamento de comunidades, a invisibilidade do testemunho conjunto da vida consagrada, as fusões de províncias, o envelhecimento dos religiosos, a morte de congregações inteiras – estas são realidades familiares a todos nós.

Comunidades em crescimento

Sob o guarda-chuva da “vida consagrada” e atrás das estatísticas, há uma variedade de situações.

Primeiramente, há numerosas comunidades novas, algumas mais conhecidas que outras, muitas das quais estão em franco progresso e suas estatísticas individuais indicam o contrário da tendência geral. 

Existem também comunidades mais antigas que agiram para preservar e reformar a genuína vida religiosa dentro de seu próprio carisma; também elas estão em fase de crescimento, contrariando a tendência geral e a idade média dos seus religiosos é inferior à média geral.

Nenhum desses dois grupos “está em foco”, no sentido de que os observadores das tendências gerais raramente prestam atenção neles. Mas o seu futuro se apresenta promissor, se continuarem a ser o que são e como são.

Os conformistas e os que romperam a comunhão

Há ainda aqueles que aceitaram a atual situação de declínio como sendo – dizem eles – o sinal do Espírito Santo na Igreja, o sinal de uma nova direção a seguir.

Nesse grupo, estão aqueles que simplesmente aceitaram o desaparecimento da vida religiosa ou, pelo menos, da sua comunidade, e se empenham em que isso aconteça da forma mais pacífica possível, agradecendo a Deus pelos benefícios do passado.

Além disso, precisamos admitir a existência daqueles que optaram por caminhos que os apartaram da comunhão com Cristo na Igreja Católica, embora possam ter decidido permanecer fisicamente na Igreja.

Esses podem ser indivíduos ou grupos em institutos que têm uma visão diferente, ou até comunidades inteiras.

Os que desejam reverter a situação 

Por fim, eu gostaria de destacar aqueles que acreditam fervorosamente em sua vocação pessoal e no carisma de sua comunidade, e procuram meios de reverter a tendência atual, ou, em outras palavras, de atingir uma autêntica renovação.

Estes podem ser instituições inteiras, indivíduos, grupos de indivíduos ou até comunidades no seio de uma instituição.

Dirijo-me hoje especialmente a este último grupo, com vistas a oferecer-lhes um encorajamento e idéias para seguirem avante.

Mas minhas reflexões podem ser úteis também para os dois primeiros grupos, a fim de não perderem aquilo que já têm, como adverte São Paulo aos Coríntios: “Quem pensa estar de pé, veja que não caia” (I Cor 10, 12). 

Além do mais, a instrução O serviço da autoridade e a obediência, recentemente publicada por minha Congregação, estabelece com força que

a autoridade é chamada a manter vivo o carisma da própria família religiosa.

O exercício da autoridade comporta, assim mesmo, pôr-se a serviço do carisma próprio do Instituto a que se pertence, guardando-o com cuidado e tornando-o atual na comunidade local, na província ou no Instituto inteiro.

Raízes da atual crise

Neste sentido, será de grande valia examinar as raízes da crise, e então vamos deparar-nos com uma brutal, mas necessária, pergunta: o que fizemos depois do Concílio não foi precisamente “renovar”?

Não seria essa “renovação” o que nos conduziria a uma nova era? E não foi precisamente essa “renovação” que nos fez chegar aonde hoje nos encontramos? […]

De fato, o Concílio ofereceu claras e abundantes diretrizes para a necessária reforma da Vida Consagrada. A questão crucial é: como foram interpretadas e aplicadas essas diretrizes?

Em todas as partes, o Concílio foi interpretado e aplicado, no seu conjunto, de duas formas muito diferentes e até opostas. Devemos analisá-las cuidadosamente, se quisermos entender o que aconteceu e traçar um caminho a seguir doravante. 

“Por que a recepção do Concílio, em grandes partes da Igreja, concretamente na vida religiosa, até agora teve lugar de modo tão difícil?” – perguntou o Papa Bento num importante discurso há três anos.1

A resposta que ele oferece é profunda e cristalina: “Tudo depende da correta interpretação do Concílio ou – como se diria hoje – da sua correta hermenêutica, da chave correta para sua interpretação e aplicação”.

Ele continua:

Os problemas da recepção derivaram do fato de que duas hermenêuticas contrárias se embateram e disputaram entre si.

Uma causou confusão, a outra, silenciosamente, mas de modo cada vez mais visível, produziu e produz frutos.

Por um lado, existe uma interpretação que eu definiria de “hermenêutica da descontinuidade e da ruptura”; não raro, ela pôde valer-se da simpatia dos “mass media” e também de uma parte da teologia moderna.

Por outro lado está a “hermenêutica da reforma”, da renovação na continuidade do único sujeito-Igreja, que o Senhor nos concedeu; é um sujeito que cresce no tempo e se desenvolve, permanecendo porém sempre o mesmo, único sujeito do Povo de Deus a caminho.

A “hermenêutica da descontinuidade e da ruptura”

Na análise do Santo Padre, a hermenêutica da descontinuidade é baseada num falso conceito da Igreja como formada apenas de homens e, em consequência, do Concílio como sendo uma espécie de Assembléia Constituinte.

O verdadeiro “espírito do Concílio” estaria no convite para fazer mudanças, e isto em tal grau que tudo quanto nos seus documentos confirma o passado pode ser considerado sem reservas como o resultado de compromissos e, portanto, pode ser legitimamente abandonado em favor do “espírito” do Concílio.

Esse espírito segundo o qual tudo é novo e tudo deve ser renovado faz nascer a veemente excitação do explorador, à perspectiva de avançar corajosamente além da letra do Concílio.

Esse chamado, porém, é tão vago que a pessoa fica vogando ao léu, vítima de seu próprio capricho, e rejeitando qualquer correção.

É idealista a ponto de subestimar a fragilidade da natureza humana; e mostra-se simplista ao supor que um mero “sim” à era moderna pode resolver todas as tensões e criar harmonia. […]

Real necessidade de renovação da Vida Consagrada

Precisamos começar por reconhecer que havia, com certeza, muita coisa a corrigir na vida religiosa e a melhorar na formação dos religiosos. Devemos também admitir que a sociedade propôs desafios para os quais muitos religiosos não estavam preparados.

Em alguns casos, precisavam ser sacudidas a rotina e crostas de costumes desatualizados.

Neste sentido, devemos afirmar categoricamente que o Concílio não só não estava errado em seu impulso renovador da vida religiosa, mas nisso foi verdadeiramente inspirado pelo Espírito Santo a fazê-lo.

Falando aos superiores gerais, disse Bento XVI:

Ao longo dos últimos anos, a vida consagrada foi novamente compreendida com um espírito mais evangélico, mais eclesial e mais apostólico.

No entanto, não podemos ignorar que algumas opções concretas não ofereceram ao mundo o rosto autêntico e vivificante de Cristo.

Com efeito, a cultura secularizada penetrou na mente e no coração de não poucos consagrados, que a entendem como uma forma de acesso à modernidade e uma modalidade de abordagem do mundo contemporâneo.

A consequência é que, além de um indubitável impulso de generosidade, capaz de um testemunho e de uma entrega totais, hoje em dia a vida consagrada está a conhecer a ameaça da mediocridade, do aburguesamento e da mentalidade consumista.2[…]

A vida religiosa, sendo um dom do Espírito Santo para o religioso e para a Igreja, depende especialmente da fidelidade à sua origem, fidelidade ao fundador e fidelidade ao carisma particular.

A fidelidade a este carisma é essencial, pois Deus abençoa a fidelidade, mas “resiste aos soberbos” (Tg 4, 6). A completa ruptura de alguns com o passado vai, portanto, contra a natureza de uma congregação religiosa e, pela sua própria essência, provoca a rejeição de Deus. 

Os resultados da “hermenêutica da descontinuidade” na vida religiosa

Logo que o naturalismo foi aceito como a nova via, a obediência tornou-se sua primeira vítima, pois ela não pode sobreviver sem fé e esperança.

A oração, principalmente a oração comunitária e a liturgia sacramental, foi minimizada ou abandonada.

Penitência, asceticismo e tudo quanto era chamado de “espiritualidade negativa” tornaram-se coisas do passado. Muitos religiosos se sentiram incomodados em vestir seus hábitos.

A agitação social e política acabou sendo o cerne de sua ação apostólica. A Nova Teologia conduziu à interpretação pessoal e à diluição da Fé.

Tudo tornou-se um problema a ser discutido. Rejeitando a oração tradicional, as genuínas aspirações espirituais dos religiosos procuraram formas mais esotéricas. 

Os resultados não tardaram a ser notados, sob a forma de um êxodo de membros. Em consequência, apostolados e ministérios que eram essenciais para a vida da comunidade católica e suas extensões caritativas – sobretudo as escolas – desapareceram em pouco tempo.

As vocações se esgotaram rapidamente. Embora os resultados começassem a falar por si mesmos, havia aqueles segundo os quais as coisas não corriam bem porque não houve mudanças suficientes, porque o projeto não estava completo. E assim o dano foi aumentando.

Deve-se notar também que muitos dos responsáveis pelas desastrosas decisões e atuações desses anos pós-conciliares, abandonaram depois a vida religiosa.

Muitos dos que aqui estão agora são aqueles que permaneceram fiéis e, com imensa coragem, arcam com a responsabilidade de reverter o dano e reconstruir as suas famílias religiosas. Meu coração e minhas orações estão com os senhores. […] 

A “hermenêutica da continuidade e da reforma”

O verdadeiro espírito do Concílio foi descrito na sua inauguração pelo Papa João XXIII, quando afirmou que ele visa “transmitir pura e íntegra a doutrina, sem atenuações nem subterfúgios”.

E continuou:

É nosso dever não só conservar este tesouro precioso, como se nos preocupássemos unicamente da antiguidade, mas também dedicar-nos com vontade pronta e sem temor àquele trabalho hoje exigido, prosseguindo assim o caminho que a Igreja percorre há vinte séculos.

É necessária essa adesão a todo o ensinamento da Igreja, em toda a sua integridade e precisão, apresentado em fiel e perfeita conformidade com a doutrina autêntica que, entretanto, deve ser estudada e exposta por meio dos métodos de pesquisa e das formas literárias do pensamento moderno.

Uma coisa é a substância da antiga doutrina do Depósito da Fé, e outra é a forma com que ela é apresentada.

Essas palavras dão origem a uma forma de interpretar o Concílio muito diferente da descrita anteriormente. Aqui temos, em essência, a hermenêutica da continuidade e da reforma. […]

Critérios e diretrizes da Perfectæ Caritatis

Hoje olhamos com grande gratidão para o Concílio Vaticano II, por nos ter provido de claras diretrizes para distinguir entre a substância do Depósito da Fé e suas manifestações circunstanciais.

A continuidade essencial para a vida religiosa não suprime, mas alenta a reforma do que é ultrapassado, acidental ou perfectível.

Isso se torna evidente quando lemos os critérios e diretrizes, cuidadosamente equilibrados, da Perfectæ Caritatis (n. 1-18), aos quais já nos referimos ao falar da ruptura e descontinuidade.

Se esses mesmos números são interpretados em termos de continuidade, vê-se que as mudanças nunca estão dissociadas das raízes.

Aqueles que procuram a continuidade na renovação, notarão que o Concílio chamou para uma renovação que é eminentemente uma renovação do espírito, enfatizando a centralidade de Cristo tal como se encontra nos Evangelhos, seguindo-O no caminho traçado pelo fundador, através dos votos (2).

A renovação deve ser procurada na diligente observância da regra e das constituições (4).

Ela convida também a uma consagração religiosa que signifique não apenas morrer ao pecado (vocação batismal), mas também renunciar ao mundo e viver exclusivamente para Deus.

Viver para o serviço da Igreja e o progresso nas virtudes, especialmente as da humildade e obediência, buscando somente a Deus, juntando a contemplação com a ação (5).

A prioridade de amar a Deus e nutrir a própria vida na Sagrada Escritura e na Eucaristia (6).

O Concílio não vê uma dicotomia entre a contemplação e a ação; a segunda brota da primeira (7).

A prioridade de dar uma cuidadosa formação espiritual aos membros dos institutos seculares que permanecerão no mundo (11).

Castidade, Pobreza e Obediência se ressaltam a uma luz eminentemente sobrenatural, baseada na fé, na esperança e no amor. A radicalidade das conclusões que delas se tiram está nitidamente traçada.

A necessidade de uma vida comunitária de oração, de caridade e apoio mútuo já foi sublinhada. A clausura papal deve ser mantida pelas freiras dedicadas exclusivamente à vida contemplativa (16).

O hábito deve ser adaptado, o que implica que deve permanecer (17). […]

Para onde podemos rumar agora?

Devemos agora enfrentar a questão: para onde podemos rumar? Há uma nova vida para as comunidades religiosas norte-americanas que aspiram a uma autêntica reforma?

Aqui devemos notar que, embora o fundo de quadro seja o mesmo, e haja problemas e desafios comuns para os religiosos e as religiosas (a “engenharia” da linguagem, o declínio rumo ao relativismo, o desvanecimento do senso do sobrenatural e, em alguns casos, dúvidas sobre a relevância e centralidade de Cristo), é também verdade que cada grupo enfrenta seus próprios desafios particulares.

As religiosas precisam especialmente enfrentar de forma crítica certo tipo de feminismo, atualmente fora de moda, mas que continua, apesar disso, exercendo muita influência em certos ambientes.

Permiti-me assestar o foco em alguns dos elementos comuns. Se foram a ruptura e a confusão que caracterizaram as recentes dificuldades da vida religiosa, o caminho a seguir doravante deve ser uma crescente procura de continuidade e clareza.

Como o escriba que foi instruído no Reino dos Céus, devemos ter no nosso tesouro “coisas novas e velhas” (cf. Mt 13, 52).

A autoridade deve manter vivo o senso da fé e da comunhão eclesial

Pode parecer supérfluo fazer esta observação, pois caberia imaginar que sobre este ponto não há discussão.

Entretanto, todos nós sentimos, infelizmente, a presença de grupos ou indivíduos que, sob sua própria responsabilidade, “moveram-se para lá da Igreja”, embora permanecendo exteriormente “na” Igreja.

Com certeza, uma existência assim ambivalente não pode trazer frutos de alegria e de paz (cf. Gl 5, 22), nem para eles nem para a Igreja. Rezemos para que o Espírito Santo lhes dê luz para verem o caminho da verdadeira paz e liberdade, e coragem para segui-lo.

E faço referência uma vez mais à instrução sobre O serviço da autoridade e a obediência:

A autoridade é chamada a manter vivo o “sentire cum Ecclesia”.

Compromisso da autoridade é também o de ajudar a manter vivo o senso da fé e da comunhão eclesial, em meio a um povo que reconhece e louva as maravilhas de Deus, testemunhando a alegria de pertencer a Ele na grande família da Igreja una, santa, católica e apostólica.

O compromisso do seguimento do Senhor não pode ser empreendido  por navegadores solitários, mas se realiza na comum barca de Pedro, que resiste às tempestades; e a pessoa consagrada dará a contribuição de uma fidelidade laboriosa e gozosa à boa navegação.

A autoridade deverá recordar que “a nossa obediência é um crer com a Igreja, um pensar e falar com a Igreja, um servir com ela”.  […]

A substância da vida religiosa: “Pertencer ao Senhor”

De acordo com o Concílio “a autoridade da Igreja tem o dever de, sob a inspiração do Espírito Santo, interpretar esses conselhos evangélicos [castidade, pobreza e obediência], regular-lhes a prática e construir finalmente, com base neles, formas estáveis de vida”.3

Tanto a autoridade quanto a tradição da Igreja falaram, ao longo dos séculos, sobre qual seja a substância da vida religiosa.

O Papa Bento XVI o formulou deste modo: “Pertencer ao Senhor: eis no que consiste a missão dos homens e das mulheres que escolheram o seguimento de Cristo casto, pobre e obediente, a fim de que o mundo creia e seja salvo”.4  

Fidelidade ao carisma do fundador

Este ponto é de capital importância, e a chave para renovar e revitalizar nossas congregações, atrair vocações e cumprir nossas obrigações para com os jovens que eventualmente ingressem em nossas famílias religiosas.

O Concílio insiste neste ponto. Devemos garantir que, em nossas congregações, a vida seja plenamente católica e inteiramente alinhada ao carisma do fundador ou fundadora.

Nesta matéria, não pode haver contradição, uma vez que o carisma foi dado aos fundadores no contexto da Igreja e foi submetido à aprovação da Igreja. Muitas congregações estão fazendo vigorosos esforços nesse sentido. […]

Conclusão

Não deve nos surpreender o fato de que o caminho a seguir esteja cheio de desafios e dificuldades.

Entretanto, quero que estejais certos do meu total apoio para qualquer esforço sincero de renovação de cada uma das famílias religiosas na linha da fidelidade à Igreja e ao fundador.

Muita honestidade, humildade, coragem, abertura de mente, diálogo, sacrifício, perseverança e oração serão necessários, como nos lembrou o Papa Bento: “No Evangelho, Jesus advertiu-nos que existem dois caminhos: um é o caminho estreito, que conduz à vida; o outro é o caminho largo, que leva à perdição” (cf. Mt 7, 13-14).5 

Vós estais justamente ufanos do legado cívico e religioso da América do Norte, e estais cônscios do impacto que a vida daqui produz no mundo inteiro.

A Igreja Católica, como o evidencia a receptividade dos líderes civis e sociais à mensagem do Papa Bento, está chamada a enriquecer e iluminar as consciências e, em consequência, a dar um fundamento estável à sociedade, sendo verdadeiro fermento na massa (cf. Mt. 13, 33).

E a renovação da Igreja neste grande país, e sua capacidade para servir, passam necessariamente por uma renovação da vida religiosa. […]

 

Excertos de Conferência pronunciada no congresso “Apostolic Religious Life since Vatican II”, realizado no Stonehill College, Boston, EUA, em 27/9/2008. Tradução e subtítulos: Arautos do Evangelho. 

1 Bento XVI, Discurso à Cúria Romana, 22/12/2005.
2 Bento XVI, Discurso aos superiores e às superioras-gerais dos institutos de vida consagrada e das sociedades de vida apostólica, 22/5/2006.
3 Constituição Dogmática Lumen Gentium, n. 43.
4 Bento XVI, Discurso aos superiores e às superioras-gerais dos institutos de vida consagrada e das sociedades de vida apostólica, 22/5/2006.
5 Bento XVI, Discurso aos superiores e às superioras-gerais dos institutos de vida consagrada e das sociedades de vida apostólica, 22/5/2006.