As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu Coração.1

Através destas inspiradas palavras de um de seus mais importantes documentos, o Concílio Vaticano II convida os filhos da Santa Igreja a serem solícitos face às necessidades de nossa sociedade.

Mais ainda, esta frase esboça um programa de atuação para todos aqueles que, tendo sido conquistados pela caridade de Nosso Senhor, sentem-se chamados a expandi-la pelo mundo inteiro. 

Centro de assistência à comunidade 

A Sociedade de Vida Apostólica Regina Virginum, nascida do ramo feminino dos Arautos do Evangelho, vive a cada dia uma realidade que a aproxima desse elevado objetivo: o contato direto com a população carente estabelecida nas regiões onde se desenvolve sua atuação evangelizadora. 

Dentre estas, cabe destacar os trabalhos realizados na Casa Generalícia, edificada junto à Igreja Nossa Senhora do Carmo, na cidade de Caieiras, São Paulo, em cujos arredores vive numerosa população economicamente pobre e espiritualmente necessitada.

Essa convivência com os menos favorecidos a partir de 2008, ano em que o prédio foi inaugurado, tornou-se um ponto de referência e deu origem a diversas obras sociais e religiosas que visam atenuar os males da comunidade local, e formam hoje um conjunto de iniciativas que se encontram em pleno florescimento. 

Ao lado da assistência espiritual característica de sua atuação, as irmãs de Regina Virginum procuram proporcionar aos carentes uma educação de base e favorecer a inserção social de crianças e jovens, com vistas a promover a formação integradora.

O testemunho de uma visitante reflete o bom resultado dessa preocupação das jovens religiosas: “Nesta igreja tudo é nobre, elevado, limpo e perfeito. Notei que no público da Missa havia ricos e pobres, negros e brancos, e todos eram bem tratados, todos se sentiam bem acolhidos”.

Entrega de agasalhos

Com a chegada do inverno, a comunidade carente da Serra da Cantareira costuma ser bastante afetada pelo rigor das baixas temperaturas.

Visando distribuir agasalhos e cobertores aos menos favorecidos, e assim ajudá-los a transpor com dignidade essa estação do ano, as irmãs de Regina Virginum realizaram na Igreja Nossa Senhora do Carmo, no dia 9 de junho, uma tarde de acolhida aos moradores mais necessitados da região. 

O início do ato, ao qual compareceram 600 pessoas provenientes das diversas comunidades, foi marcado pela solene cerimônia de coroação da Imagem Peregrina de Nossa Senhora.

Após consagrarem-se ao Imaculado Coração de Maria, os participantes foram apresentar-Lhe seus pedidos e intenções, saindo comovidos pelas bênçãos que, em muitos casos, era a ajuda de que mais precisavam. 

Na ocasião foram distribuídas 3 mil peças, entre agasalhos e cobertores, de acordo com a necessidade de cada família. Além de arrecadar esse material, as irmãs se incumbiram da tarefa de lavar e passar todas as peças distribuídas.

Também prepararam um lanche festivo que alegrou a todos pelos momentos de confraternização proporcionados.

“Tive uma tarde maravilhosa! Não imaginava que voltaria para casa tão contente!” – exclamou um visitante, ao se despedir.

E a confidência de uma senhora resume os sentimentos manifestados, nestes ou naqueles termos, por vários outros participantes: “Eu vinha pedindo a Deus que me desse agasalho. Quando entrei na igreja, vi que Ele estava me dando muito mais do que pedi, pois o que eu necessitava mesmo era da paz que aqui encontrei”.

Formação religiosa e cultural 

Aos domingos, a Igreja Nossa Senhora do Carmo acolhe todos quantos desejam participar da Santa Missa: com frequência, em torno de 400 pessoas.

Além disso, as irmãs ministram nas comunidades carentes aulas de Catecismo cujos frutos elas constatam com alegria: 850 Primeiras Comunhões, mais de 800 Batismos e quase 700 Crismas.

Entre os alunos encontram-se inclusive deficientes intelectuais e físicos, ou com dificuldade de concentração e coordenação. A todos são ministradas aulas de iniciação cristã, higiene pessoal e trabalhos manuais. 

Na fase da catequese infantil são desenvolvidas atividades de formação litúrgica para acólitos e foi constituído o grupo de “Martinhas”, meninas que auxiliam na preparação das cerimônias litúrgicas.

As irmãs promoveram na Casa Generalícia vários encontros de formação e diversos retiros para tais grupos, e é digna de nota a mudança de comportamento das crianças como fruto dos ensinamentos recebidos, conforme testemunhou uma delas: “Quando minha mãe me manda fazer alguma coisa que não quero, lembro-me do 4º Mandamento e faço”.

Para atender a todo esse contingente, as irmãs mantêm um almoxarifado de vestuário apropriado para a recepção dos diversos Sacramentos e participação nas atividades litúrgicas, sendo que os 300 trajes foram obtidos através de doações ou confeccionados por elas.

Incluem-se neste conjunto roupas para representações teatrais, além dos uniformes dos corais de crianças e adultos organizados pelas catequistas.

Desde 2008 as irmãs vêm realizando atividades na região visando proporcionar aos carentes uma formação de base e favorecer a inserção social de crianças e jovens

Evangelizando os lares, amparando os idosos

“Na família, como numa igreja doméstica, devem os pais, pela palavra e pelo exemplo, ser para os filhos os primeiros arautos da fé e favorecer a vocação própria de cada um”.2 Recordando este ensinamento da Lumen gentium, dedicam as irmãs um cuidado especial às famílias.

Além de promover a regularização matrimonial dos casais, proporcionam-lhes cursos de teologia bíblica e espiritualidade mariana, próprios a elevar seu nível cultural, fortalecer a piedade e conscientizá-los sobre a importância de sua missão na sociedade.

Uma das mais belas páginas deste trabalho é a das Missões Marianas, nas quais a Imagem Peregrina do Imaculado Coração de Maria é levada de casa em casa: mais de 1.500 visitas anuais aos lares, onde a Santíssima Virgem derrama copiosas bênçãos.

Fundindo numa só ação a assistência religiosa e a social, nessas ocasiões, as ­irmãs ­detectam ao mesmo tempo as almas mais afastadas da prática da Religião e as mais necessitadas de auxílio material.

A estas últimas elas distribuem cestas básicas, alimentos e roupas. E a todos favorecem a reintegração e acolhida nas comunidades locais.

Na região da Serra da Cantareira as distâncias são longas, e o transporte urbano, deficiente. Para superar esse obstáculo, as irmãs da Sociedade Regina Virginum disponibilizam os próprios veículos para conduzir as pessoas aos locais de encontro.

Nesse vasto leque de atividades não poderia faltar o atendimento aos idosos e aos enfermos: as irmãs visitam asilos e hospitais, levando alívio e conforto aos que passam por momentos de sofrimento. 

“É maior felicidade dar que receber!”

Aproveitando as ocasiões festivas, elas promovem variadas comemorações populares: no Natal, arrecadação de brinquedos para as crianças, os quais normalmente são distribuídos por um simpático personagem: São Nicolau; na Páscoa, há entrega de doces e chocolates; e no Dia da Criança, gincanas esportivas para os pequenos, que costumam contar, em média, com 400 participantes.

Ao longo do ano se realizam diversas jornadas marianas – intituladas Uma tarde com Maria –, nas quais são ministradas palestras seguidas por encenações teatrais e encerradas pela celebração da Santa Missa. Em todas essas atividades nunca falta um saboroso e generoso lanche.

Esforçando-se na realização dessa extensa obra, que a partir de sua Casa Generalícia tende a crescer cada vez mais, as jovens missionárias da Sociedade Regina Virginum recebem grandes consolações.

Pois acolher com afeto, dar com generosidade e acompanhar a ação da graça nas almas, aproximando-as das vias da virtude, é uma das mais belas tarefas que possam ser realizadas nesta Terra.

E ser instrumentos da Providência para proporcionar alívio espiritual e material ao próximo, é das mais consoladoras alegrias para um coração católico.

Podem, por isso, fazer suas as palavras de São Paulo: “Em tudo vos tenho mostrado que assim, trabalhando, convém acudir os fracos e lembrar-se das palavras do Senhor Jesus, porquanto Ele mesmo disse: É maior felicidade dar que receber!” (At 20, 35).

Diversos momentos da tarde de acolhida realizada no dia 9 de junho: oração na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, distribuição de agasalhos e cobertores, momentos de convívio e lanche

1 CONCÍLIO VATICANO II. Gaudium et spes, n. 1.
2 CONCÍLIO VATICANO II. Lumen gentium, n. 11.