Conforme estudamos na doutrina da Santa Igreja, é nossa obrigação adorar a Deus, reconhecer seu supremo domínio sobre nós e nossa absoluta dependência d’Ele.
Tudo quanto temos: vida, saúde, sentimentos, alegrias, tudo depende do seu amor. Por isso, devemos todos os dias recitar um ato de adoração, como por exemplo: “Meu Deus, eu sou vosso! Vós sois meu Senhor e eu sou vosso servo!”
O sacrifício como ato de adoração
A noção do sacrifício devido a Deus é inerente à natureza humana. Desde a mais remota antiguidade nota-se isso na religiosidade de todos os povos, como demonstram os historiadores.
Já os primeiros homens tomavam os objetos de maior valor, mais belos e perfeitos, e ofereciam-nos ao Criador. Queimavam os frutos e imolavam os animais para significar que, em presença de Deus, não eram nada, e que tudo vinha d’Ele.
Cruzavam simbolicamente as mãos sobre esses sacrifícios, para significar que a oferta era uma com eles e os representava no altar. Não ofereciam animais selvagens, ferozes ou repugnantes, mas sim, cordeiros mansos, pombas imaculadas, frutas, ouro, prata, perfumes, incenso, pedras preciosas, etc.
O sangue era geralmente usado, e podemos ver nele uma prefigura do Sangue depois derramado pelo Filho de Deus no sublime Sacrifício do Calvário.
Os primeiros sacrifícios
Os primeiros sacrifícios de que temos notícia foram os de Caim e Abel. Caim apresentava a Deus frutos da terra e Abel, cordeiros do seu rebanho. Deus, para quem os corações e as intenções de todas as oferendas nunca ficam ocultos, aceitou as de Abel e recusou as de Caim.
Este, certamente, escolhia com indiferença os dons a serem ofertados ao Senhor, e seu coração não era puro e justo. Abel, com grande retidão e sinceridade, ia ao seu rebanho e selecionava os cordeiros mais formosos.
Outro notável exemplo de sacrifício foi o oferecido por Noé quando secaram-se as águas do Dilúvio.
Tomando algumas reses, imolou-as em ação de graças ao Senhor por tê-lo salvo do tremendo castigo. Suas orações tocaram de tal forma a Deus que Ele prometeu nunca mais enviar outro dilúvio.
Doravante não mais amaldiçoarei a Terra por causa do homem, apesar de os pensamentos de seu coração serem maus desde a sua mocidade, e não mais destruirei todos os seres vivos como agora fiz. Enquanto durar a Terra, não mais cessarão a sementeira e a colheita, o frio e o calor, o verão e o inverno, o dia e a noite (Gn 8, 21-22).
E abençoou Noé e sua família.
Em toda a história do Antigo Testamento, dia após dia, de manhã e à noite, em nome do povo e pelo povo, eram apresentados ao Senhor três tipos de sacrifícios: os de holocausto, de pura adoração a Deus, como o de Abel; os de ação de graças, como o que Noé ofereceu ao sair da arca; os de penitência, suplicando o perdão dos pecados e a cessação dos castigos.
Sacrifícios pagãos
Afastados do verdadeiro Deus, os homens caem nas piores aberrações e muitas vezes nas mais horríveis crueldades, inclusive quando se trata do culto religioso.
Os babilônios e os persas, por exemplo, ofereciam sacrifícios humanos aos seus deuses.
Um dos seus costumes era tirar da prisão um condenado à morte, sentá-lo no trono do rei, vestir-lhe as insígnias reais, não lhe recusar nada, obedecer durante alguns dias a todas as suas vontades, em seguida despojá-lo de tudo, açoitá-lo com varas e o enforcar.
Entre os fenícios, nos perigos iminentes, os príncipes das nações ou das cidades imolavam o filho predileto para apaziguar a cólera dos deuses.
Esse sacrifício monstruoso era feito ao deus Moloch, representado por uma estátua de bronze, com cabeça de touro. Aqueciam a estátua até torná-la incandescente e depois colocavam-lhe a criança nos braços.
Os dinamarqueses pagãos sacrificavam o rei por ocasião das calamidades públicas; na Suécia e na Noruega, os reis sacrificavam os seus próprios filhos.
Se passarmos à América, aí encontraremos o mesmo bárbaro costume, levado a proporções inimagináveis. Os sacerdotes astecas, no México, por exemplo, exigiam 20.000 vítimas humanas por ano. Abriam-lhes o peito e arrancavam o coração ainda palpitante, para o apertarem sobre os lábios do ídolo.
Mas, à medida que a civilização ocidental, nascida do cristianismo e impregnada dele, estendeu os seus benefícios pelo mundo bárbaro, os sacrifícios humanos e de animais foram abolidos.
Para nós, católicos, desde que Nosso Senhor morreu na Cruz, os sacrifícios oferecidos a Deus foram substituídos pela renovação do Sacrifício supremo do Calvário, na Santa Missa, o meio mais eficaz para obtermos de Deus todos os favores.