Mesmo em nossos dias, não há quem não respeite e admire os grandes feitos de um São Francisco Xavier, apóstolo da Índia e do Japão.
Nascido em uma família de destacada nobreza, dotado de uma inteligência invulgar, professor de renome em Paris ainda na flor de sua juventude, abandonou todo o brilhante futuro que tinha pela frente e foi evangelizar os povos do longínquos países orientais.
Não menos admirável é a epopeia do Pe. José de Anchieta.
Em condições muito semelhantes às de São Francisco Xavier, partiu ele na mesma época e com os mesmos objetivos, mas em direção oposta, vindo conquistar para Cristo Jesus as almas dos indígenas brasílicos.
Enquanto a Divina Providência continua suscitando nos corações o desejo de imitar o exemplo desses e de milhares de outros heróis da fé, o Papa João Paulo II faz insistentes apelos aos leigos, chamando-os ao grandioso trabalho da Nova Evangelização.
Esses apelos encontraram favorável eco nos corações de todos os Arautos do Evangelho – moças, rapazes e casais – cuja atividade apostólica estende-se já por 45 países de todos os continentes.
Mas sobretudo levaram cerca de três dezenas de jovens a lançarem-se numa ação intensiva de evangelização das famílias.
Abandonaram seus interesses pessoais e estão em permanente viagem, conduzindo em peregrinação por este imenso país a imagem e os oratórios do Imaculado Coração de Maria.
Percorrem as cidades de rua em rua, de casa em casa, levando aos lares o alento de uma oração, o consolo de uma palavra amiga, o exemplo de sua vida cristã.
Missão Mariana, é o nome dado a essa atividade. E que nome dar aos que a exercem? Outro não há mais adequado do que o de Arautos de Maria, como aos poucos passaram a ser conhecidos. Nome que é um galardão, uma honra e uma glória.
Em todos os lugares por onde passam, há sempre famílias que generosamente oferecem alojamento, alimentação e até roupa lavada, alegres por darem assim sua colaboração pessoal para essa obra de missão.
Tal é o carinho com que são acolhidos esses missionários que, certa feita, ao entregar a um Arauto a roupa que sua mãe lavara, uma menina de 6 anos perguntou enlevada:
— Moço, esta roupa é de Jesus?
Rodrigo, líder de um grupo de jovens em Gavião Peixoto-SP, exclamou ao ver chegar o veículo dos Arautos de Maria:
— Mas quando falaram que viriam uns missionários, pensei que fossem uns velhos. Agora vejo todos jovens. Aí sim, vou acompanhar. Isso anima!
E os anjos vão preparando as almas com antecedência. D. Maria Elvira, de Araraquara-SP, havia recebido telefonema de uma amiga não-católica da capital paulista.
Muito satisfeita, esta lhe contara que fizera as pazes com Nossa Senhora, depois de assistir a uma apresentação dos Arautos do Evangelho.
Agora compreendia o papel de Maria Santíssima. Porém, D. Maria Elvira não conhecia os Arautos. Ficou curiosa.
Qual não foi sua surpresa quando na missa dominical ouviu o padre anunciando a próxima vinda dos Arautos para uma Missão Mariana. Logo prontificou-se em hospedar os jovens em sua fazenda.
Os veículos que utilizam, fazem as vezes de cavalo, de claustro e de capela… A passagem desses jovens missionários suscita as mais variadas reações.
Em São José dos Campos-SP, um menino declarou emocionado: “A vocação de vocês é um sacrifício a Nossa Senhora. Eu também quero ser arauto”.
Não é para menos que as religiosas do Colégio Damas, de Pesqueira-PE, nos fizeram uma amistosa confidência: “Os Arautos vieram aqui e mexeram com todos! Nossos meninos não cansam de dizer que querem ser arautos”.
E uma senhora confidenciou: “Os Arautos são como a Arca de Noé. Por isso, estou tentando me agarrar em vocês, e não largar mais!”
Invariavelmente, ao final de cada Missão Mariana a igreja local fica repleta de fiéis, muitos dos quais tinham se afastado da vida paroquial.
Foi o que testemunhou o Pe. Antônio Carlos, de Caçapava-SP: “Os Arautos vieram renovar a Igreja, revivê-la, trazer os fiéis de volta”.
E o Pe. Joaquim, de Reginópolis-SP, depois de acompanhar a visita da imagem de Nossa Senhora às casas, comentou na homilia:
Os Arautos são a primavera da Igreja. Não podia haver melhor momento para surgir este carisma. Conhecendo esta obra, fica-se orgulhoso de se ser católico. Os Arautos são a resposta da promessa de Nossa Senhora em Fátima e o início da realização do “Por fim, meu Imaculado Coração triunfará!”
Os mais necessitados não são esquecidos. Aos que padecem enfermidades, leva-se uma palavra de esperança e de conforto.
No Hospital São José do Ivaí, em Itaperuna-RJ, ao ver entrar em seu quarto a imagem do Imaculado Coração de Maria, uma senhora de 60 anos pôs-se a chorar copiosamente.
Abraçada à imagem, em alta voz pedia: “Perdão, minha Mãe! Perdão por ter me afastado da Igreja. Eu sabia que estava errada, foi por fraqueza. Por favor, me tragam um padre agora mesmo, quero retornar à Igreja Católica hoje!”
As visitas aos presídios são particularmente tocantes. Braços se estendem pelas grades em direção a Nossa Senhora. Rogam perdão e misericórdia.
Na cadeia pública de Nova Floresta-PE, um detento agradeceu: “Padre, hoje, apesar de estar aqui, me sinto livre. Muito obrigado por ter trazido a imagem de Nossa Senhora”.
O exemplo desses jovens impressiona até os que não têm fé. “Não sou católico – afirmou um senhor em Bocaina-SP – mas admiro o que vocês fazem. Vocês precisam ter muita solidez, força de vontade e amor para levar a imagem às casas. Admiro vocês pela alegria com que fazem isso”.
Em Brejo da Madre de Deus, interior pernambucano, uma mãe fez seus filhos passarem por debaixo do escapulário do Arauto, “para serem abençoados”.
Entusiasmada, outra senhora exortou: “Vocês estão no caminho certo, vocês são felizes. Nunca deixem esta vida, isto é maravilhoso!”
E um homem queria oscular a mão de um Arauto. Este recusou, dizendo não ser sacerdote. Ao que o homem retrucou: “Quem trabalha para a Igreja tem as mãos sagradas. Deus o abençoe em seu sacerdócio”.