Enquanto alguns admiram a agilidade e diversidade dos seres aquáticos, e outros se entusiasmam com as multidões de pássaros que povoam os ares ou dedicam carinho aos animais domésticos, há aqueles, mais ousados, que são atraídos de modo peculiar pela contemplação dos animais selvagens…
Embora existam diferentes gostos nessa matéria e, dentro da família dos felinos, o tigre o vença em tamanho, a grande maioria das pessoas – para não dizer todas – se encanta com o leão.
Sua figura, há séculos exaltada por diversas civilizações, excede em beleza, força e majestade os demais habitantes das matas.
De porte imponente e elegantemente arranjado, sua juba apresenta-se como um adorno régio, formando uma espécie de auréola em torno da cabeça.
Com olhar desafiador “tritura” seu alvo antes mesmo que ele esteja entre suas presas, dando a ideia de um vigor de espírito que move o do próprio corpo.
Seu passo é dominador, mas ao caminhar as patas sucedem-se umas às outras com muita suavidade, como que aliando a força à delicadeza.
Ele parece estar em harmonia com toda a natureza, constituindo uma obra-prima do reino animal.
É interessante notar que se trata do único felino de hábitos gregários. Dentro do bando, cada um tem sua função específica: enquanto a fêmea se encarrega da caça e do cuidado dos filhotes, o macho demarca o território e defende a alcateia, fazendo ressoar, para isso, seu estrondoso rugido por até oito quilômetros de distância!
Por serem mais leves e ágeis, as fêmeas possuem maior êxito nas caças. A juba do leão o torna muito visível às presas, sempre atentas ao perigo dos predadores.
Com excelente visão noturna, seis vezes mais sensível que a do homem, esses felinos costumam atacar em grupo, e sua investida é rápida e decisiva. Alcançado o objetivo e finda a refeição, com a serenidade da vitória conquistada, dirigem-se majestosamente para o descanso.



Não é, portanto, sem razão que o rei dos animais está presente em escudos e brasões, nos quais simboliza a força, bravura e nobreza.
Até as Sagradas Escrituras se servem desse insigne animal para representar o triunfo de Cristo: “Não chores! O Leão da tribo de Judá, o descendente de Davi venceu para abrir o livro e os seus sete selos” (Ap 5, 5).
No Antigo Testamento, o próprio Deus Se identifica com essa nobre fera para ilustrar seu invencível zelo na defesa dos que são seus:
Assim como ruge um leão, um jovem leão que defende sua presa, ainda que se congregue contra ele um tropel de pastores, sem se deixar intimidar pelos seus gritos, e sem recuar diante do número, assim o Senhor dos exércitos descerá ao combate, sobre o Monte de Sião e sobre sua colina (Is 31, 4).
Ora, christianus alter Christus. Se Jesus é o Leão de Judá, cabe a quem forma seu Corpo Místico procurar segui-Lo e imitá-Lo. Armado de fé e coragem, cheio de zelo pelo Altíssimo, nada há de temer nessa empreitada.
Diante de qualquer dificuldade, por muito dura e complicada que seja, “o justo sente-se seguro como um leão” (cf. Pr 28, 1).
Como é belo e glorioso assemelhar-se a um desses felinos na luta pela causa de Deus e de Nossa Senhora! Bem sabemos, entretanto, quão fracos e inconstantes somos…
Ao sentirmos nos faltarem as forças para essa renhida batalha, rezemos confiantemente, pedindo a graça da firmeza na nossa decisão de defender e exaltar a verdade de Cristo diante do mundo.
Quando menos esperarmos, Deus nos transformará em destemidos guerreiros sob as ordens do Leão de Judá!


