Amados irmãos Cardeais, este nosso encontro quer ser uma espécie de prolongamento da intensa comunhão eclesial vivida neste período.
Animados por um profundo sentido de responsabilidade e sustentados por um grande amor a Cristo e à Igreja, rezamos juntos, partilhando fraternalmente os nossos sentimentos, as nossas experiências e reflexões.
O Espírito Santo cria e dá a harmonia aos diversos carismas
Foi neste clima de grande cordialidade que cresceu o conhecimento recíproco e a abertura mútua; e isto é bom, porque nós somos irmãos.
Alguém me dizia: os Cardeais são os padres do Santo Padre. Aquela comunhão, aquela amizade, aquela proximidade nos fará bem a todos. E este conhecimento e esta abertura mútua nos facilitaram a docilidade à ação do Espírito Santo.
Ele, o Paráclito, é o protagonista supremo de cada iniciativa e manifestação de Fé. Isto é um fato curioso que me faz pensar! O Paráclito cria todas as diferenças nas Igrejas, parecendo um apóstolo de Babel.
Mas, por outro lado, é Ele que cria a unidade destas diferenças, não na “igualação”, mas na harmonia. Lembro-me de um Padre da Igreja que O definia assim: “Ipse harmonia est”.
É o Paráclito quem dá a cada um de nós os diversos carismas, e nos une nesta comunidade da Igreja que adora ao Pai, ao Filho e a Ele, ao Espírito Santo.
Levar Jesus Cristo aos homens, e os homens ao encontro com Cristo
Partindo justamente do afeto colegial autêntico que une o Colégio Cardinalício, exprimo a minha vontade de servir o Evangelho com renovado amor, ajudando a Igreja a tornar-se, cada vez mais, em Cristo e com Cristo, a videira fecunda do Senhor.
Estimulados também pela celebração do Ano da Fé, todos juntos, Pastores e fiéis, nos esforçaremos por responder fielmente à missão de sempre: levar Jesus Cristo ao homem e conduzir o homem para que se encontre com Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, realmente presente na Igreja e contemporâneo em cada homem.
Este encontro leva a nos tornarmos homens novos no mistério da graça, suscitando na alma aquela alegria cristã que constitui o cêntuplo dado por Cristo a quem O recebe na própria vida.
A Igreja é conduzida por Cristo através do Espírito Santo
Como o Papa Bento XVI nos lembrou tantas vezes nos seus ensinamentos e, por fim, com o seu gesto corajoso e humilde, é Cristo que guia a Igreja através do seu Espírito.
O Espírito Santo é a alma da Igreja, com a sua força vivificadora e unificante: faz de muitos um só corpo, o Corpo Místico de Cristo.
Não cedamos jamais ao pessimismo, a esta amargura que o diabo nos oferece cada dia; não cedamos ao pessimismo e ao desânimo.
Tenhamos a firme certeza de que o Espírito Santo dá à Igreja, com o seu sopro poderoso, a coragem de perseverar e também de procurar novos métodos de evangelização, para levar o Evangelho até aos últimos confins da Terra (cf. At 1, 8).
A verdade cristã é fascinante e persuasiva, porque responde a uma necessidade profunda da existência humana, anunciando de modo convincente que Cristo é o único Salvador do homem todo e de todos os homens.
Este anúncio permanece válido hoje como o foi nos primórdios do Cristianismo, quando se realizou a primeira grande expansão missionária do Evangelho.
Transmitir a sabedoria aos mais jovens
Amados irmãos, coragem! A metade de nós está em idade avançada: a velhice é – gosto de apresentá-la assim – a sede da sabedoria da vida.
Os idosos possuem a sabedoria de ter caminhado na vida, como o velho Simeão, como a idosa Ana no Templo. E justamente aquela sabedoria fez com que eles reconhecessem Jesus.
Demos esta sabedoria aos jovens: como o vinho bom, que com os anos torna-se melhor, demos aos jovens a sabedoria da vida.
Recordo aquilo que um poeta alemão dizia da velhice: “Es ist ruhig das Alter und fromm”, ou seja, é o tempo da tranquilidade e da oração; e é também o tempo de dar aos jovens esta sabedoria.
Agora retornareis às vossas sedes, para continuardes o vosso ministério, enriquecidos pela experiência destes dias, tão cheios de Fé e comunhão eclesial.
Esta experiência única e incomparável, permitiu-nos identificar profundamente toda a beleza da realidade eclesial, que é um reflexo do fulgor de Cristo Ressuscitado: um dia contemplaremos aquela face belíssima de Cristo Ressuscitado!
À poderosa intercessão de Maria, nossa Mãe, Mãe da Igreja, confio o meu ministério e o vosso.
Sob o seu olhar materno, possa cada um de nós caminhar, feliz e dócil, à voz do seu divino Filho, reforçando a unidade, perseverando concordes na oração e testemunhando a Fé autêntica na presença contínua do Senhor.
Com estes sentimentos – sinto-os de verdade! – com estes sentimentos, concedo de bom grado a Bênção Apostólica, que faço extensiva aos vossos colaboradores e às pessoas confiadas aos vossos cuidados pastorais.