As “Crônicas Franciscanas”, que narram episódios encantadores da vida de São Francisco, contam-nos que ele decidiu isolar-se durante alguns dias numa daquelas maravilhosas montanhas da Itália. Para imitar o Divino Salvador, desejava orar e jejuar a pão e água durante 40 dias.
Decorridas algumas semanas, sentiu as consequências da fraqueza da natureza humana. Julgava não ter forças para levar até o fim o seu sublime propósito. Mas como Jesus nos ensinou que tudo o que pedíssemos ao Pai em seu nome, Ele no-lo daria, lançou Francisco um apelo ao Criador:
Senhor, fazei-me experimentar um pouco da felicidade de que gozam os bem-aventurados na Pátria Eterna! Se me atenderdes, conseguirei seguramente imitar o vosso divino exemplo, orando e jejuando durante 40 dias.
Sua prece foi imediatamente atendida. Enviou-lhe Deus um esplendoroso Anjo, com a forma de um jovem, portando nas mãos um belíssimo instrumento musical.
“Francisco”, disse-lhe o celestial mensageiro,
eu te farei ouvir um pequeno trecho de uma das incontáveis melodias que se entoam continuamente na Corte Celeste.
Um trecho apenas, pois, se eu a executasse inteira, tua alma se separaria do corpo e voaria para Deus.
Foram dois minutos de um angélico concerto! Inebriou, todavia, de tal felicidade a alma do Santo, que mais tarde confidenciou ele a seus irmãos de vocação:
Eu estaria disposto a jejuar durante mil anos, para experimentar novamente em minha alma, durante apenas dois minutos, aquela felicidade, impossível de ser descrita com a linguagem desta terra.