O senhor afirmou em certa ocasião que a universidade católica deve ser fermento de paz e testemunha de Cristo. Como se realiza isso no dia a dia acadêmico?

Em primeiro lugar, pela seriedade nos estudos. As universidades católicas devem ser, antes de tudo, universidade.

Portanto, lugar onde professores e alunos enfrentam, com rigor e seriedade, os grandes problemas do homem e da sociedade; e, em nosso caso, sob a perspectiva da Fé.

A Fé nos dá uma visão muito mais profunda do ser humano, permite uma compreensão muito mais rica da sociedade, por isso transmite necessariamente humanidade e, com humanidade, paz e alegria. Requer, pois, de nossa parte, rigor e seriedade.

Na Universidade Santa Cruz, o ensino tem um papel, por assim dizer, sacramental, no sentido de manter a fidelidade ao Evangelho. Quais são os desafios que isso acarreta? 

Estamos vivendo anos sumamente interessantes. Quer o Santo Padre que neste ano, recordando o 50º aniversário do Concílio Vaticano II, nos dediquemos a refletir, a aprofundar e a viver com mais intensidade nossa Fé, no contexto da Nova Evangelização.

A meu ver, isso define muito bem o que o Papa tem no coração e também o que deve ser, nos próximos anos, o desafio para nós, que trabalhamos em universidades católicas e pontifícias: um novo espírito de evangelização com alegria, com otimismo, porque temos a verdade de Cristo, a qual ilumina o homem no mais profundo de seu coração. 

Em recente entrevista à Rádio Vaticano, Monsenhor ressaltou a importância da devoção à Santíssima Virgem, especialmente do Santo Rosário, como instrumento para encontrar Cristo. Qual é o papel dessa devoção nos meios acadêmicos, hoje em dia? 

Parece-me que a Fé, antes de tudo, é confiança e fidelidade. Fé, confiança e fidelidade. E quem nos dá um exemplo maravilhoso de confiança e de fidelidade é a Santíssima Virgem.

Por isso o Santo Rosário foi visto sempre como uma espécie de resumo das grandes verdades da Fé, da vida de Cristo, dos mistérios do Senhor e, portanto, um precioso resumo do Evangelho.

Creio que rezar o Rosário – individualmente, em família, nas igrejas – é um modo maravilhoso de retornar a Cristo. A Virgem Maria nos aproxima do Senhor, é o mais rápido caminho para ir a Cristo. 

Como se manifesta o carisma de São Josemaría Escrivá no cotidiano da Universidade Santa Cruz?

Eu diria que com três características. Em primeiro lugar, sabendo unir ao esforço intelectual a vida cristã, autenticamente vivida dia após dia.

Portanto, um exercício intelectual que vá unido à vida espiritual, à fraternidade, ao dar-se aos demais. Em segundo lugar, com alegria.

Parece-me que hoje em dia a Igreja Católica precisa expressar com mais vitalidade a alegria que o católico tem dentro de si. Em terceiro lugar, com rigor e seriedade no trabalho. Isto também é muito importante. 

Quais são suas impressões sobre este Simpósio que está tão no coração do Santo Padre? 

Estou muito contente por ter sido convidado para este II Simpósio sobre o pensamento de Joseph Ratzinger. Surpreendeu-me o extraordinário número de participantes.

Saliento a qualidade das atividades e das intervenções, a participação de todos e, sobretudo, o espírito de grande alegria. Grande alegria na fidelidade ao Evangelho.

Creio ser isto o que o Papa leva no coração: o desejo de que todos nós, neste Ano da Fé, descubramos a alegria de ser católico. Para isto, este Congresso ajudará muito.