Mensagem de Santa Maria Goretti aos jovens
Conclui-se, hoje, a celebração do centenário da morte de Santa Maria Goretti, “pequena e doce mártir da pureza”, como a definiu meu venerado predecessor, Pio XII. Seu corpo mortal repousa na igreja de Nettuno, na Diocese de Albano, e sua belíssima alma vive na glória de Deus.
O que diz aos jovens de hoje esta jovem frágil, mas cristãmente madura, com sua vida e, sobretudo, com sua morte heroica?
Marietta, como era chamada em família, recorda à juventude do terceiro milênio que a verdadeira felicidade exige coragem e espírito de sacrifício, rejeição de todo compromisso com o mal e disposição para pagar com a própria vida, mesmo com a morte, a fidelidade a Deus e aos seus Mandamentos.
Como é atual esta mensagem!
Hoje exaltam-se, muitas vezes, o prazer, o egoísmo ou até a imoralidade, em nome de falsos ideais de liberdade e de felicidade.
É preciso reafirmar com clareza que a pureza do coração e do corpo deve ser defendida, porque a castidade “guarda” o amor autêntico.
Santa Maria Goretti ajude todos os jovens a experimentar a beleza e a alegria da bem-aventurança evangélica: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5, 8).
A pureza de coração, como qualquer virtude, exige um treino quotidiano da vontade e uma constante disciplina interior. Pede, acima de tudo, o recurso assíduo a Deus, na oração.
As múltiplas ocupações e ritmos acelerados da vida tornam talvez difícil o cultivo desta importante dimensão espiritual.
As férias do Verão, porém, que para alguns começam precisamente nestes dias, se não são “gastas” na dissipação e no simples divertimento, podem ser ocasião propícia para dar uma nova força à vida interior.
Enquanto faço votos para que se tire proveito do repouso estival para crescer espiritualmente, confio a juventude a Maria, resplandecente de beleza. Ela, que sustentou Maria Goretti na provação, ajude todos, especialmente os adolescentes e jovens, a descobrir o valor e a importância da castidade para construir a civilização do amor.
Excerto de Ângelus de 6 de julho de 2003.
Cristo, fonte da esperança
Neste momento histórico, em que está em curso um importante processo de reunificação da Europa, através do alargamento da União Europeia a outros países, a Igreja observa este Continente com um olhar repleto de amor.
Mas, ao lado de muitas luzes, não faltam algumas sombras.
Uma certa perda da memória cristã é acompanhada por uma espécie de temor em relação ao futuro; a uma frequente ruptura da existência unem-se, não raro, a difusão do individualismo e um crescente debilitamento da solidariedade interpessoal.
Assistimos a uma como que perda da esperança, em cuja raiz está a tentativa de fazer prevalecer uma antropologia desprovida de Deus e de Cristo.
Assim, paradoxalmente, o berço dos direitos humanos corre o risco de perder o seu fundamento, desvirtuado pelo relativismo e pelo utilitarismo.
Na Exortação Apostólica pós-sinodal Ecclesia in Europa, que promulguei no dia 28 de junho passado, desejei retomar estes temas de urgente atualidade, amplamente debatidos durante a Assembleia Sinodal de outubro de 1999.
“Jesus Cristo, vivo na sua Igreja, fonte de esperança para a Europa”: este é o anúncio que os fiéis não cessam de renovar, conscientes das enormes possibilidades que o presente oferece e, ao mesmo tempo, das suas “graves incertezas em nível cultural, antropológico, ético e espiritual” (n. 3).
A cultura europeia dá a impressão de “uma ‘apostasia silenciosa’ por parte do homem saciado, que vive como se Deus não existisse” (n. 9).
Então, a maior urgênia que atravessa a Europa, “de Leste a Oeste, é uma maior necessidade de esperança, capaz de dar um sentido à vida e à história, e caminhar em conjunto” (n. 4).
Mas como é que se pode satisfazer um tão profundo anseio de esperança? É necessário voltar-se para Cristo e recomeçar a partir de Cristo. A Igreja – escrevi nessa Exortação – tem a oferecer à Europa o bem mais precioso, que ninguém mais lhe pode dar, ou seja, a fé em Jesus Cristo, “fonte da esperança que não desilude” (n. 18).
Que Maria, Aurora de um novo mundo, vele sobre a Igreja que está na Europa e a torne pronta para anunciar, celebrar e servir o Evangelho da esperança.
Excerto de Ângelus de 13 de julho de 2003.
O relativismo e o sincretismo não são cristãos
A correta compreensão da relação entre a cultura e a Fé Cristã é vital para a eficácia da evangelização. No vosso subcontinente indiano, contais com culturas ricas de tradições religiosas e filosóficas.
Neste contexto, vemos como é absolutamente essencial a proclamação de Jesus Cristo como o Filho encarnado de Deus. É nesta compreensão da unicidade de Cristo como a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, plenamente Deus e plenamente homem, que nossa fé deve ser anunciada e abraçada.
Qualquer teologia da missão que omitisse a exortação à conversão radical a Cristo e negasse a transformação cultural que esta conversão comporta, sem dúvida faria uma interpretação errônea da realidade da nossa fé, que é sempre um novo começo na vida daquele que é “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6).
Com efeito, a fé que se torna alheia ao nosso Senhor Jesus, como o único Salvador, deixa de ser cristã e não é mais teológica. Uma representação ainda mais errônea da nossa fé tem lugar quando o relativismo leva ao sincretismo.
O Bispo nunca deve ser considerado como o mero delegado de um grupo social ou linguístico em particular, mas há-de ser sempre reconhecido como Sucessor dos Apóstolos, cuja missão provém do Senhor.
Rejeitar um Bispo, quer individual quer comunitariamente, é sempre uma transgressão da comunhão eclesial.
Excerto de Discurso aos Bispos de Bangalorem, Hyderabad e Visakhapatnam (Índia), 3 de julho de 2003.
A santidade, “verdadeira urgência pastoral”
É urgente uma formação integral, capaz de preparar evangelizadores competentes e santos, que estejam à altura da sua missão.
Isto exige um processo longo e paciente, em que cada aprofundamento bíblico, teológico, filosófico e pastoral encontre o seu ponto de força no relacionamento pessoal com Cristo, “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14, 6).
Excerto de Discurso aos participantes da Assembleia plenária da Congregação para a Evangelização dos povos, 24/5/03.
Tendei à santidade! É uma verdadeira urgência pastoral para nosso tempo.
Para ajudar os demais a buscar a Deus acima de tudo, é necessário que sejais os primeiros a se comprometerem neste árduo ascetismo pessoal e comunitário, encontrando em vossa Regra e em vossas Constituições, um itinerário de seguimento, caracterizado por um carisma específico reconhecido pela Igreja.