— Quem tocou as minhas vestes? – indagou Nosso Senhor.

Mestre, a multidão Vos comprime, e perguntais: “Quem Me tocou?” – responderam os discípulos.

Mas Jesus respondeu:

— “Alguém Me tocou, porque percebi que uma virtude saiu de Mim.” 

Apresentando-se então, envergonhada, a mulher que Lhe havia tocado na fímbria das vestes, certa de ser curada de doença que a molestava havia 12 anos, Jesus lhe disse:

— “Filha, tua fé te salvou. Vai em paz e fica curada da tua enfermidade” (Lc 8, 45-48; Mc 5, 25-31).

“Alguém Me tocou”, “tua fé te salvou”… Muitos haviam tocado em Nosso Senhor, mas alguém Lhe tocara de modo especial.

Sublime e misterioso episódio que nos revela que há diversos modos de tocar em Nosso Senhor, assim como há diversos modos de atrair mais especialmente as graças de Deus.

Além de fugir das ocasiões próximas de pecado, com empenho tal vez maior, procuremos as ocasiões próximas de graça, e nossa vida se transformará.

É o que têm experimentado milhares e milhares de almas que recebem o Oratório do Imaculado Coração de Maria mensalmente em seu lar, pelos quatro cantos da Terra.

Com efeito, o Apostolado do Oratório “Maria, Rainha do Terceiro Milênio” atinge quase todos os países da América Latina, já tendo alcançado os Estados Unidos, a Europa, passando por Moçambique e até o Japão!

No pequeno e glorioso Portugal, o entusiasmo e a piedade suscitados são impressionantes. Em poucos meses, perto de quinze mil famílias se inscreveram para receber o Oratório.

Nos Açores, por exemplo, na pequena ilha do Corvo – a mais distante do continente – todos os lares, sem exceção, participam do Apostolado do Oratório, o que causou grande contentamento ao Bispo diocesano, D. António de Sousa Braga.

Em Talhadas (ao norte de Portugal), o jovem e dinâmico pároco, Pe. Vítor Espadilha, distribuiu pelas famílias uma circular na qual dizia:

A Mãe de Deus “veste-se” de modo diferente, e bate em vossa casa para vos visitar, como Nossa Senhora de Fátima, no oratório do Coração de Maria.

Ela vos traz, com a ajuda espiritual dos Arautos do Evangelho, os dons da fé e de muita paz. […] Só pedimos que reze, se possível, em família. […]

E se souber tratar bem d’Ela, a Mãe de Deus cuidará, não só da vossa casa, como da vossa Família, dos vossos filhos, netos… e do vosso coração… Porque o amigo de Maria nunca morrerá, disse S. Bernardo.

Além dos oratórios que peregrinam pelas casas, o Pe. Vítor mantém na igreja o que chamou de “Oratório do doente e do moribundo”. Toda a comunidade sabe assim que, estando alguém doente, necessitando da companhia da Mãe de Deus, pode requerer à paróquia o Oratório, pelo tempo que precisar. Belo exemplo a ser seguido em outros lugares!

Nas aldeias de Silva Escura e Dornelas, perto de 500 famílias já se inscreveram. Emocionadas, depois de receberem o distintivo do Apostolado do Oratório (um broche que reproduz em miniatura o Oratório), algumas coordenadoras comentaram: “Vocês vieram trazer-nos muita paz! Várias pessoas se converteram depois de verem a imagem de Nossa Senhora e vocês!”

De Bogas de Cima, Da. Maria José relata uma grande graça recebida pelo marido. Em consequência de paralisia facial, ele ficara com a boca torta e uma vista fechada. Enxergava duas imagens. Um especialista dissera que nada havia a fazer, a não ser uma cirurgia.

Rezaram muito, e no dia em que ela recebeu o distintivo do Oratório, foi mostrá-lo ao marido. Para sua surpresa, ele respondeu: “Como é lindo! Mas que grande graça Nossa Senhora me deu. Já vejo só uma imagem, já não preciso ser operado!”1

Colares, Figueiró dos Vinhos, Porto, Padornelo, Parada, Bragança, Setúbal, Vila Cova da Lixa, Pedrogão Grande, Pegões, Quinta do Anjo, Portela das Padeiras, Pó­voa de Varzim, Baixa de Palmela, Braga, Lamas de Cavalo, Angra do Heroísmo, Évora, assim vai a sucessão de pitorescos nomes de localidades que evocam séculos e séculos de história, onde já peregrina o Oratório, reafervorando as almas, aproximando-as de Maria Santíssima.

Em Pedrogão Grande, uma senhora explicou-nos o que tem dito àqueles que já recebem um outro oratório em casa:

Costumo dizer que não há problema em receber mais de um, não há concorrência. Para Nossa Senhora, quanto mais melhor! Os lares que assim abrem as portas aos oratórios são mais abençoados. Hoje, mais do que nunca, vale a palavra de Nosso Senhor: “A messe é grande e poucos são os operários.” Portanto, quanto mais movimentos organizarem peregrinações, melhor!

Na igreja de São José, em Setúbal, o Pe. Ramalho foi eloquente na cerimônia de entrega de oratórios:

Todos nós precisamos ser Arautos do Evangelho, para proclamar Jesus Cristo e a sua mensagem, juntamente com a sua Mãe Santíssima. Mas é na nossa família que devemos começar a evangelizar.

Temos que ser Arautos! Evangelizar para arranjarmos outro grupo de pessoas para que Nossa Senhora possa ir a outras casas! Que o Imaculado Coração de Maria vença a indiferença e o gelo dos corações. Vivamos unidos a Jesus e a Sua Mãe Santíssima!

Bela exortação, eco de outra feita séculos atrás pelo célebre cantor das epopeias lusas, Camões: 

“Ó tu, que vás buscando com cuidado

Repouso neste mar do mundo tempestuoso,

Não esperes de achar nenhum repouso

Salvo em Cristo Jesus crucificado.”

E tu, que vagueias sem rumo neste conturbado século, não queres provar também quão doces e suaves são as graças que Nossa Senhora tem derramado sobre os que participam do Apostolado do Oratório?


1 Claro está que não nos pronunciamos sobre o caráter milagroso do fato, em sentido técnico, mas o citamos tão-somente como exemplo de graça recebida.