Uma humanidade perseverante na sua impiedade tudo tem a esperar dos rigores de Deus. Mas Deus, que é infinitamente misericordioso, não quer a morte desta humanidade pecadora, mas sim “que ela se converta e viva”.

E, por isto, sua graça procura insistentemente todos os homens, para que abandonem seus péssimos caminhos e voltem para o aprisco do Bom Pastor.

Se não há catástrofes que não deva temer uma humanidade impenitente, não há misericórdias que não possa esperar uma humanidade arrependida.

E para tanto não é necessário que o arrependimento tenha consumado sua obra restauradora.

Basta que o pecador, ainda que no fundo do abismo, se volte para Deus com um simples início de arrependimento eficaz, sério e profundo, que ele encontrará imediatamente o socorro de Deus, que nunca se esqueceu dele.

Di-lo o Espírito Santo na Sagrada Escritura: ainda que teu pai e tua mãe te abandonassem, eu não me esqueceria de ti.

Até nos casos extremos em que o paroxismo do mal chega a esgotar a própria indulgência materna, Deus não se cansa. Porque a misericórdia de Deus beneficia o pecador até mesmo quando a Justiça divina o fere de mil desgraças no caminho da iniquidade.

Estas duas imagens essenciais da justiça e da misericórdia divina devem ser constantemente postas diante dos olhos do homem contemporâneo.

Da justiça, para que ele não suponha temerariamente salvar-se sem méritos. Da misericórdia, para que não desespere de sua salvação desde que deseje emendar-se.

E, se as hecatombes de nossos dias já falam tão claramente da justiça de Deus, que melhor visão para completar este quadro, do que o sol da misericórdia, que é o Sagrado Coração de Jesus?

 

Plinio Corrêa de Oliveira. Nossa Senhora do Sagrado Coração. In: Legionário. São Paulo. Ano XIV. N.410 (21 jul., 1940); p.2.