Outro dia, fazíamos Missão Mariana num bairro da capital paulista. Era comovente ver como a Imagem Peregrina do Imaculado Coração de Maria tocava a alma de cada morador dos lares em que era acolhida.

A um, fazia Ela um convite para voltar às práticas religiosas; a outro, para mudar de vida; a um terceiro, para abandonar um determinado vício.

Um fato pequeno mas significativo deu-se na residência de uma menina de 12 anos, a qual se mostrou visivelmente emocionada ao contemplar a fisionomia da Rainha dos Corações.

Após algum tempo de oração, crivou-nos ela de perguntas: Quem são os Arautos do Evangelho? O que significa este símbolo? Como vivem vocês?

Ela, por sua vez, relatou animadamente as atividades que exercia na paróquia, como acolitava as Missas aos domingos, sua participação nas obras de caridade, a catequese… Quando falava sobre a catequese, parou um instante, pensativa, e exclamou:

Vai demorar para eu fazer minha Primeira Comunhão… só no fim do ano!

Disse isto com uma fisionomia de tristeza, como se o “fim do ano” fosse tardar uma eternidade para chegar.

Com pena para mim, tive de interromper a conversa, pois precisávamos visitar ainda muitos outros lares. Entretanto, suas últimas palavras me ficaram gravadas na mente e despertaram-me doces recordações. Que saudades de minha Primeira Comunhão!

O leitor também, certamente, guarda na memória a recordação e as emoções de sua Primeira Eucaristia. É um dia dourado esse! Um dia de alegria e de serenidade, frutos do Preciosíssimo Sangue de Jesus que se recebe pela primeira vez.

A Santa Igreja tem especial cuidado em preparar bem as almas infantis para esse acontecimento tão grande e tão santo.

Entre muitos outros ensinamentos, lembra-lhes ela estas sublimes palavras do Divino Mestre: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos” (Jo 6, 53).

Após receber o Sacramento da Reconciliação e renovar as promessas do Batismo, o neocomungante se aproxima do altar. Saberá ele quantos e quão extraordinários efeitos produzirá em sua alma a Sagrada Eucaristia?

O primeiro deles, e o principal, é que ela aumenta a união da alma com Cristo, ao entrar nesta para servir-lhe de alimento. Além disso, amplia, conserva e renova a vida da graça, recebida pelo Batismo.

Todos sabem que, quanto mais sincera e profunda for uma amizade, menor será o risco de um amigo ofender o outro. Pois bem, a Comunhão purifica os desejos e afetos, concentrando-os todos em Jesus Eucarístico, e assim preserva a alma dos pecados.

Um dos mais belos efeitos da Eucaristia talvez seja o de fortalecer e aprofundar a unidade do Corpo Místico de Cristo, ou seja, da Igreja.

Não é verdade que os fiéis de todas as partes do mundo se sentem mais unidos à Igreja, e, portanto, ao Papa, quando recebem a Santa Comunhão?

São incontáveis os dons concedidos pelo Deus de infinita generosidade aos homens que acorrem ao Banquete Eucarístico com boas disposições de alma, isto é, humilde e fervorosamente.

Como fazer para ter essas boas disposições ao comungar?

O meio mais eficaz é rezar a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, pedindo que Ela prepare nossos corações para receber bem o Corpo de Cristo.

Que em todas as nossas Comunhões Ela nos ajude a repetir com sinceridade e fervor: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e minha alma será salva.”

E que, por fim, Ela própria apresente a Jesus nossos atos de adoração, de reparação, de agradecimento e de súplica.