Depois que Santo André se negara a sacrificar aos ídolos e exaltasse novamente a Cruz diante o procônsul Egeias, este condenou-o à crucifixão, para imitar Cristo.

Levado ao lugar do suplício, André gritou, todo êxtase, assim que viu o madeiro:

Ó Cruz belíssima, que foste glorificada pelo contato que tiveste com o Corpo de Cristo! Grande cruz, docemente desejada, ardentemente amada, sempre procurada, e, afinal, preparada para meu coração apressado, desejoso de ti!

Por fim, concluiu:

Recolhe-me, abraça-me, retira-me dentre os homens, leva-me depressa, diligentemente ao Mestre querido! Por ti, Ele me receberá, Ele que, por ti, a mim resgatou!

Foi, pois, levado à cruz o Apóstolo. E nela ficou por dois dias. Foram dois dias maravilhosos para André. André, do alto do lenho, não cessava de pregar a fé em Cristo, aquele Cristo a quem desejara imitar na morte.

E, levantando os olhos para o alto, para o Céu, aquele Céu em que o Mestre o aguardava, dizia:

Senhor, Rei eterno da glória, recebei-me, assim pendido como estou ao madeiro, à cruz tão doce! Vós sois meu Deus! Oh, Vós, a quem vi! Não permitais me desliguem da Cruz! Fazei isto por mim, por mim, Senhor, que conheci a virtude de vossa Santa Cruz!

Foi nesta maravilhosa disposição que o Apóstolo entregou a alma ao Senhor.

Santo André, por Simone Martini - Metropolitan
Museum of Art, Nova York