Na semana passada levamos a imagem de Nossa Senhora de Fátima em peregrinação à Província – isto à ilha – de Samar. Uma noite de viagem num pequeno navio, com cerca de 300 camas no convés ou em pequenas cabines com ar-condicionado.
A companhia de navegação ofereceu 8 passagens de cortesia e, antes da partida, a imagem foi levada à cabine do Comandante, onde ele rezou o terço com outros tripulantes.
Em duas cidades, a imagem foi recebida na Prefeitura, Palácio do Governo, quartel do Exército, colégios e, naturalmente, na Catedral. O Bispo, que nos conhece há bom tempo, ofereceu-nos um café da manhã em sua residência.
Nas ruas que percorríamos, conduzindo a imagem em carro aberto, todas as crianças ficavam alinhadas em frente de suas escolas, para saudar a Virgem e jogar pétalas.
Em alguns colégios os diretores colocaram tapetes junto ao portão, e se ajoelharam para recepcionar a celestial visitante.
Na cidade de Catbalogan, notei na pequena praça em frente à Matriz um monumento que é cópia exata da “Pietà”, de Michelangelo, em tamanho natural. Pensei tratar-se apenas de uma iniciativa piedosa, mas uma jornalista explicou-me sua origem.
Em 1987 ocorreu o maior desastre nos transportes de passageiros entre as ilhas. Um navio com 2.000 pessoas partira dessa região meridional para Manila, e quando estava se aproximando do destino, chocou-se com um petroleiro.
Um violento incêndio consumiu em pouco tempo o navio de passageiros. Pouquíssimos se salvaram. Tudo desapareceu nas profundezas do Oceano Pacífico.
Muitas famílias da região de Samar perderam vários membros nessa tragédia, e para expressar sua dor, sua estima e suas preces pelas vítimas, ergueram esse expressivo monumento fúnebre em praça pública.
Uniram-se, assim, ao mais sublime modelo de sofrimento, ou seja, à Virgem da Piedade, que têm ao colo o corpo sem vida de seu Divino Filho. No auge da dor, o extremo da resignação, e também da confiança inquebrantável na Ressurreição.
Retornando à cidade de Cebu, onde há uma casa dos Arautos do Evangelho, visitamos uma fábrica de móveis feitos com um tipo de bambu especial, muito flexível e resistente.
Os produtos são de primeira qualidade, e exportados para os Estados Unidos e Europa. O proprietário, muito devoto de Nossa Senhora, no dia do seu aniversário promove na fábrica uma Missa, sendo que desta vez houve dois casamentos de empregados.
Ele conduz sua empresa como uma grande família de 120 operários. Durante a noite, de sexta para sábado, fizeram vigília de oração diante da imagem de Nossa Senhora.
Essa fábrica vem confeccionando gratuitamente os oratórios do Imaculado Coração de Maria, todos de primeira qualidade. Visitando as instalações da fábrica, pude conhecer o encarregado de fazer os oratórios, que já tem um estoque de molduras preparado.
Ao longo das peregrinações, o que acho mais impressionante são os monumentos vivos: almas cheias de fé e piedade.
Por exemplo, crianças e jovens os quais, vendo-me com o hábito dos Arautos, vêm maciçamente pedir-me a bênção, e que bradam “Viva Maria!” (herança espanhola) quando a imagem passa em carro aberto pelas ruas de vilas e cidades.
Outrora, nas vias de Jerusalém, crianças bradavam “Hosana ao Filho de Davi!” Suas vozes como que ecoam ainda hoje, quando, com o mesmo timbre de inocência, aclamam a Mãe do Filho de Davi!