O que pensaria o leitor se lhe fosse oferecido conhecer um personagem cognominado – merecidamente – de o mensageiro da paz, o repouso das almas e aquele que dulcifica as cóleras?
E se lhe fosse anunciado que ele é também o que prepara os homens para o amor e une os que estavam separados? O que diria ao saber que ele afugenta os demônios e chama os Anjos da Guarda, além de ser o sustentáculo da infância, o encanto da juventude, o consolo dos anciãos e o melhor adorno das mulheres?
E se lhe fosse dito que ele afasta os maus pensamentos, dá força aos combatentes e consola os corações tristes e abatidos, não faria de tudo para conhecê-lo?
É bom saber ainda que ele é arma contra as potências das trevas, mestre dedicado, escudo contra o temor, prazer dos Santos, imagem da alegria e garantia da paz.
Pois bem, esse personagem está ao alcance de qualquer um, e os Arautos do Evangelho têm com ele um longo e afetuoso convívio.
Mas, de quem estamos falando?
Do CANTO. O canto? Sim! A música emitida pela voz humana. E as qualidades que acabamos de enumerar são-lhe conferidas sucessivamente por numerosos santos e Padres da Igreja, a saber: Santo Agostinho, São Basílio, São Justino, Santo Isidoro e Santo Ambrósio.
A graça de Deus se serve do canto para produzir maravilhosos efeitos nas almas, tocar os corações e abrir portas há muito tempo fechadas. Exagero? Pelo contrário! Páginas faltariam para continuar a transcrever o que inúmeros santos disseram sobre ele. Leiamos S. João Crisóstomo, a título de exemplo:
Nada eleva tanto a alma e lhe dá liberdade, nada a enche tanto de amor à sabedoria, nada a faz progredir tanto no desejo da virtude como o canto piedoso e bem executado. Por isto o próprio Deus fez os salmos, os hinos e os cânticos, para os homens cantarem e neles encontrarem utilidade e felicidade.
E famosas são as palavras de Santo Agostinho:
Quanto chorei ouvindo vossos hinos, vossos cânticos, os acentos suaves que ecoavam em vossa Igreja! Que emoção me causavam! Fluíam em meu ouvido, destilando a verdade em meu coração. Um grande arrebatamento de piedade me elevava, e as lágrimas corriam-me pela face, mas me faziam bem.
Mas se tão benéfico é o canto para aqueles que o ouvem, quanto mais o será para quem o executa! Por isso a vida dos Arautos do Evangelho é pervadida de cânticos, da manhã até a noite.
Não apenas nas suas missões, procissões e demais atuações públicas, mas também – e muito – na sua rotina interna: o Credo de manhã, o acompanhamento das Missas e Adorações ao Santíssimo Sacramento, o Ofício de Nossa Senhora durante o dia, os salmos de Davi antes das refeições, a Salve Rainha antes de dormir, etc.
Além de tudo isso, quantas vezes são vistos esses jovens espontaneamente reunidos para elevar suas vozes em uníssono, e nas mais diversas ocasiões! Os seus cânticos são, realmente, uma proclamação da felicidade! Cantam a sua alegria transbordante por sentirem-se filhos de Deus e de Maria, trilhando os caminhos da virtude e servindo a uma altíssima e nobre causa.
Com frequência, em meio ao pragmatismo ou à monotonia de tantos ambientes de nossos dias, surge espontânea a sugestão de um jovem arauto do Evangelho:
— Vamos cantar?
— Vamos! – respondem os outros. E vozes claras e joviais ressoam no recreio da escola, no ônibus, no metrô, durante um passeio, na sala de espera do dentista… e em tantos outros lugares!
Até… – pasmem os leitores – no meio da água! Sim, nas suas longas e aventurosas travessias a nado, imersos no magnífico espelho da grandeza de Deus que é o mar, os Arautos cantam.
E o som de suas vozes, sem atingir outro público além dos peixes e das gaivotas, perde-se no murmúrio do vento, mas ressoa, certamente, nas pulsações divinas do Sagrado Coração de Jesus, a quem cada um desses cantos é oferecido.