Desde o princípio do mundo, em toda a parte, Deus insistiu no oferecimento de sacrifícios, como ponto essencial da religião.

Nosso Senhor Jesus Cristo veio instituir um sacrifício novo, perfeito, anunciado pelos Profetas. Na Missa, o próprio Filho de Deus se oferece ao Pai por nós, renovando de modo incruento o sacrifício do Calvário.

As profecias do Grande Sacrifício

No Antigo Testamento, pela boca dos profetas, Deus anunciou a substituição do sacrifício da Lei Antiga por um novo, perfeito e puro, o sacrifício do próprio Homem-Deus.

“Tu não quiseste sacrifício nem oferta. Deste-me, porém, um corpo e eu disse: ‘Eis-me, ó meu Deus. Aqui venho cumprir a tua vontade, segundo está escrito de mim’” (Sl 40, 7-8).

Cerca de setecentos anos antes de Jesus Cristo, Isaías predisse claramente o Sacrifício do Filho de Deus:

Pareceu-nos um objeto digno de desprezo e o último dos homens, um varão de dores […]. 

Foi ferido pelas nossas iniquidades, foi quebrantado pelos nossos crimes. […] Foi oferecido, por que ele mesmo o quis e não abria a sua boca.

Será levado como uma ovelha ao matadouro e como o cordeiro diante do que o tosquia emudecerá e não abrirá a sua boca (Is 53, 3-7).

Depois da previsão sublime de Isaías, outro grande profeta prediz o sacrifício do Calvário e até aponta para a data em que este acontecerá: “Depois de sessenta e duas semanas, o Ungido inocente será eliminado” (Dn 9, 26).

A Missa foi instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo para ser uma renovação incruenta do Sacrifício da Cruz. Assim, quando este último era profetizado, a própria celebração da Missa também o era. 

Deus anunciava a imolação na Cruz e prometia outro sacrifício, sem efusão de sangue, divino, esplêndido, imensamente perfeito e santo, que seria oferecido continuamente sobre a Terra. 

Malaquias proclama: “Vós já não me agradais – diz Javé dos exércitos. Eu não aceito a oferta das vossas mãos. Em todo o lugar se oferece uma oferta pura, pois grande é o meu Nome entre as nações” (Ml 1, 10-11).

Apesar de profetizada, a Missa – o ato mais alto, mais augusto que se realiza sobre a Terra – não podia ser imaginada pelos homens. Mesmo porque o próprio sacrifício do Calvário não podia ser por eles imaginado.

Como aliás, era inconcebí­vel que o Filho de Deus, a segunda Pessoa da Trindade Santíssima, por amor ao gênero humano, tomasse a nossa carne, vestisse a nossa fraqueza, assumisse a nossa natureza para poder padecer e sofrer como vítima do grande Sacrifício que devia resgatar a humanidade.

(Continua no próximo número.)