Mais do que os sacrifícios da Antiga Lei
A Deus eram agradáveis os sacrifícios da Antiga Lei. Em vista do holocausto quase realizado de seu filho primogênito, Abraão mereceu ter descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e os grãos da areia do mar.
Noé ofereceu sacrifícios ao Senhor e obteve a promessa de que os homens nunca mais seriam castigados com um dilúvio.
Para os sacrifícios, Salomão construiu um templo glorioso e riquíssimo que, por sua magnificência e pelos tesouros que encerrava, foi a maravilha do mundo.
Dedicou-o a Deus com uma grande festa de 14 dias, na presença dos Príncipes e do povo de Israel. Nessa ocasião foram sacrificados 20 mil bois e 120 mil ovelhas.
O Senhor agradou-Se com isso e Ele mesmo, por um sinal visível, tomou posse do templo, diante de todo o povo, manifestando sua presença por uma nuvem que encheu o recinto.
Mas, como vimos nos artigos anteriores, os holocaustos dos tempos antigos são meras prefiguras do Sacrifício do Calvário. E como a Missa é uma renovação incruenta desse ato excelso, todos os antigos sacrifícios, ainda que somados, não valem uma só Celebração Eucarística.
Mais do que qualquer outro ato de virtude e louvor
Os Anjos foram criados por Deus para O adorar e glorificar. Oferecem eles atos de louvor a Deus de uma perfeição que não podemos, nem de longe, imaginar.
Mas a adoração desses milhões de espíritos celestes, que perdurará por toda a eternidade, nunca chegará a agradar tanto a Deus, nem merecerá d’Ele tantas graças como uma só Missa.
Do mesmo modo, nem os Apóstolos, que tanto amaram a Deus, nem os mártires, que por amor a Ele derramaram o sangue no meio de atrozes suplícios, nem mesmo todos os Santos com seus milagres, penitências e orações, deram e nunca darão a Deus tanta glória como a de uma só Missa.
Podemos tomar, por exemplo, Jó, homem de tão grande virtude que, que a respeito dele, o próprio Deus disse a Satanás: “Já pensaste que não há na terra um homem igual ao meu servo Jó, homem sincero e reto, que teme a Deus e se afasta do mal?” (Jó 1,8).
Ou ainda nos lembrarmos de São Paulo, chamado pelo próprio Deus de “instrumento escolhido para levar meu nome às nações, aos Reis e aos filhos de Israel” (At 9,15).
Ele, só, trabalhou mais que todos os outros Apóstolos e sofreu por Jesus Cristo imensas penas, por ele mesmo enumeradas (2Cor 11, 24-32) – e foi arrebatado ao terceiro Céu.
Podemos, por fim, pensar em Santo Antão, que viveu longos anos no deserto, na solidão e na prática da mais dura e contínua penitência, ou em São Francisco de Assis, cujo amor a Deus era tão grande que mereceu ser chamado de “Serafim”.
Embora as vidas desses santos tenham sido uma contínua e fervorosa oração, uma longa série de heroicas penitências, nada são se comparadas com a Celebração Eucarística.
Qual a razão?
Porque, assim como uma gota de água não tem proporção com o vasto oceano, e como a fraca luz de uma vela se perde na claridade do sol, assim também nada são as orações, as boas obras, as penitências, os méritos de todas as criaturas em comparação com o menor ato do Criador, que tem sempre um valor infinito.
E muito menos são comparáveis ao supremo ato com o qual, por assim dizer, Deus esgotou todos os tesouros de sua Sabedoria, Poder e Amor, imolando-Se na Cruz. E imolar-Se no altar é a renovação do mesmo ato.
Santa Matilde e a Missa
Todos os dias, em todas as Missas, Jesus Cristo Se oferece em sacrifício a Deus Pai pelos homens e pelas nossas intenções.
Numa das aparições com que Nosso Senhor favoreceu Santa Matilde – monja beneditina alemã do século XIII –, ensinou a ela a melhor maneira de assistir a cada parte da Missa e enumerou as graças especiais concedidas durante cada uma.
Assim, quando se reza três vezes “Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo…”, Cristo não permanece inerme:
Através do primeiro, eu Me ofereço a Deus Pai, por vós, com a minha humildade e paciência. Pelo segundo, eu Me ofereço com a amargura das minhas dores, para ser vossa reconciliação. No terceiro, eu Me ofereço com todo o Amor do meu divino Coração, para suprir todos os bens que faltam ao homem.
Disse Jesus à mesma Santa:
Eu te afirmo, eis o que farei por aquele que assiste à Missa com zelo e devoção: Eu lhe enviarei na sua hora derradeira, para consolá-lo, defendê-lo e para fazer um cortejo de honra para a sua alma, tantos nobres personagens de minha corte celeste quantas tenham sido as Missas a que assistiu na terra.
A correria da vida moderna, a busca desenfreada de prazeres e a perda do senso de hierarquia levam muitas vezes os homens a colocar a ida à Missa num mesmo plano com os outros afazeres, ou até mesmo num plano inferior.
Quanta gente troca a Missa por um programa de televisão, por um jogo de futebol ou por uma visita a um parente ou amigo? Se o homem contemporâneo compreendesse o valor infinito da Celebração da Eucaristia, as igrejas voltariam a se encher.
(Continua no próximo número.)