Os milagres eucarísticos – Sinal para os homens do século XXI

No universo da Igreja Católica encontramos tesouros de variadas índoles: maravilhas de doutrina, diplomacia e organização, riquíssimas liturgias carregadas de poesia e simbolismo.

Contemplamos também inimagináveis atos de heroísmo praticados pelos Santos, sua ­capacidade de se adaptar aos povos, obras de caridade inéditas e mil outras realidades que nos conduzem, pela ação conjugada da razão e da fé, a constatar de forma palpável a existência do sobrenatural.

À vista de tantos e tão fortes sinais, pareceria ser contrário à virtude da fé pedir milagres que confirmem as verdades da nossa Santa Religião.

Mas Deus, Pai bondoso, não cessa de operar prodígios que a fortalecem sem nos dar, porém, provas tão irrefutáveis que não nos seja mais preciso praticá-la. 

Por mais portentoso que seja, um milagre não nos proporciona uma visão direta de Deus, como a que têm os Santos no Céu.

Com efeito, na eterna bem-aventurança não há lugar para a virtude da fé, pois o homem vê, nem da esperança, pois ele já possui, mas apenas para a da caridade. 

Mais numerosos do que podemos imaginar

No maravilhoso mundo dos milagres existe um filão de uma beleza particular: os operados sobre as Sagradas Espécies.

Alguns datam de remotíssimos tempos, outros ocorreram já no terceiro milênio, mas todos oferecem ao homem moderno preciosos pormenores que lhe permitem entrever algo de um dos maiores mistérios da nossa Religião.

Os milagres eucarísticos são muito mais numerosos do que se imagina à primeira vista.

Uma exposição virtual publicada na web e prefaciada pelo Cardeal Angelo Comastri, Arcipreste da Basílica de São Pedro, apresenta um conjunto bem documentado de milagres eucarísticos aprovados pela Igreja. Ela relata mais de cento e trinta desses prodígios, ocorridos em vinte países.¹

A página está disponível em dezesseis línguas e permite a descarga de painéis de grande tamanho (oitenta por sessenta centímetros), contendo atraentes informações sobre cada um dos milagres.

Ela oferece também relatos de Comunhões miraculosas e considerações sobre a relação entre Nossa Senhora e a Eucaristia, além de artigos sobre Santos especialmente devotos do Santíssimo Sacramento. 

Os milagres ali documentados abarcam dezoito séculos de História da Igreja: o mais antigo, operado na cidade egípcia de Scete, remonta ao século III; o mais recente deu-se no ano de 2013, em Legnica, na Polônia.

Todos eles, entretanto, apresentam situações inexplicáveis para os homens de todas as épocas. 

Qual é a mensagem que eles trazem para o homem do século XXI? Paradoxalmente, a resposta está na ciência: do fato de esta não conseguir explicá-los deduz-se seu caráter sobrenatural.

Médico ateu se rende à evidencia científica

Usando métodos de investigação impensáveis antes do século XX, especialistas não católicos ou até abertamente avessos ao sobrenatural, como também católicos fervorosos, têm-se debruçado sobre os detalhes de muitos desses milagres, e os resultados são surpreendentes.

Tomemos como exemplo as pesquisas realizadas ao longo de quase vinte anos pelo Dr. Ricardo Castañón, médico boliviano especialista em Neurofisiologia.

A primeira de suas investigações iniciou-se em 1999. À época ele era ateu e não tinha interesse algum em forçar conclusões num ou noutro sentido. Hoje é católico de Comunhão ­diária, e continua procurando manter uma total imparcialidade cien­tífica.

Naquele ano, foi ele convocado para analisar uma Hóstia que em 1992 se havia transformado em carne na Paróquia Santa Maria de Almagro, em Buenos Aires.

Depois de cuidadosos estudos feitos em colaboração com outros cientistas, chegou à conclusão de que aquela carne fazia parte do músculo do coração de uma pessoa de aproximadamente trinta anos, que havia sofrido muito antes de morrer.

Observações feitas posteriormente ao microscópio, no ano 2002, detectaram a presença de glóbulos brancos vivos.

O prodígio tinha, portanto, características muito semelhantes às do famosíssimo milagre de Lanciano, acontecido no século VIII.

Com efeito, pesquisas feitas em pleno século XX demonstraram que a Hóstia ali venerada durante mais de um milênio se compunha de carne e sangue verdadeiros, pertencentes a uma pessoa do grupo AB, e nela não havia traços de sal nem de qualquer outra substância conservante. 

O Dr. Ricardo Castañón, que analisou em profundidade quinze casos de milagres eucarísticos, nos fornece interessantes detalhes sobre seu rigoroso método de trabalho:

Cada série de minhas investigações se repete em três laboratórios de países diferentes, e são muitas as variáveis controladas: sangue, ADN, glóbulos brancos, glóbulos vermelhos, tecido humano, hemoglobina e outras; posso dizer que, do ponto de vista científico, meus relatórios finais são cem por cento confiáveis.

Dois casos recentes acontecidos na Polônia

Embora as pesquisas deste especialista suponham um importante revulsivo contra a incredulidade, cabe lembrar também aqui dois prodigiosos fatos acontecidos há menos de uma década na Polônia.

No primeiro, ocorrido em 2008 na cidade de Sokólka, um pequeno fragmento da Hóstia miraculosa foi submetido a cuidadosas análises de dois cientistas de fama mundial, especialistas em Anatomia Patológica da Universidade Médica de Bialystok.

“A amostra enviada para avaliação apresenta-se como tecido miocárdico”, relataram eles. 

Em 2013 o Bispo de Legnica instituiu uma comissão para estudar o caso de uma Hóstia consagrada na qual surgiu inexplicavelmente uma mancha vermelha que cobria um quinto de sua superfície.

Alguns meses depois, a comissão enviou amostras, sem informar sua origem, para serem analisadas pelo Departamento de Histopatologia da Pomeranian Medical University de Szczecin.

O informe por ela emitido constata que “na imagem histopatológica foram descobertos fragmentos de tecido contendo partes de tecido musculoso estriado transversal”, isto é, “semelhante ao músculo cardíaco humano com alterações que acontecem frequentemente durante a agonia”.

Evidências reservadas para o mundo atual

Todas estas evidências, impossíveis de serem obtidas ou mesmo excogitadas em séculos anteriores, foram reservadas pela Providência Divina para um mundo que se deixou fascinar pela ciência.

O progresso técnico obtido tantas vezes dando as costas a Deus, quando não visando opor-se a Ele, obrigou-o a constatar quão inexplicáveis são sob uma perspectiva meramente humana as manifestações sobrenaturais que refulgem nos milagres eucarísticos. 

Rejeitar esses prodígios equivaleria a, no decurso de uma segunda Paixão, perfurar novamente o Sagrado Coração que tanto nos ama, desta vez não com a lança do centurião romano, mas com a espada da ingratidão. 

Peçamos a Nossa Senhora que algo da linfa preciosíssima do Divino Redentor caia sobre nossos olhos e os abra para Ele, incluindo-nos, não no número daqueles que outrora gritavam “crucifica-O”, mas no dos que clamam como o bom ladrão: “Jesus, lembrai-vos de mim quando entrardes em vosso Reino” (Lc 23, 42). 

1 Ver http://www.miracolieucaristici.org. Embora tenhamos consultado outras fontes, é nesta página web que nos baseamos principalmente para descrever os milagres citados ao longo do texto.