“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz” (Jo 14, 27). Comentando este dito de Nosso Senhor Jesus Cristo, Santo Agostinho frisa a distinção entre a verdadeira paz, dada pelo Divino Mestre, e a paz do mundo.
O Senhor acrescenta: “Não vo-la dou como o mundo a dá”. Qual é o sentido destas palavras? Eis: Eu não vo-la dou como dão os homens que amam o mundo.
Estes, com efeito, oferecem a paz, a fim de — livres de preocupações, de processos e de guerras — poderem gozar, não de Deus, mas do mundo, ao qual entregaram o seu afeto.
E quando eles oferecem a paz aos justos, cessando de os perseguir, não é uma paz verdadeira, porque não há verdadeiro acordo onde os corações estão desunidos.
Chamamos consortes àqueles que unem sua sorte. Aqueles que unem seus corações, do mesmo modo, devem se chamar concordes.
Para nós, meus caríssimos irmãos, Jesus Cristo nos deixa a paz e nos dá sua paz, não como a dá o mundo, mas como a dá Aquele por quem foi criado o mundo.
Ele no-la dá para que todos estejamos de acordo, para que estejamos unidos de coração e, tendo um só coração, o elevemos ao alto, não nos deixando corromper na terra”