“Vamos passear pela Praça da Sé?”
Há alguns anos, quem ousaria propor isso?
Felizmente, algumas coisas mudaram. E para melhor. Hoje, podemos notar numerosas famílias caminhando com certa tranquilidade pelas ruas do centro de São Paulo nos fins de semana, aproveitando para visitar a Catedral belamente restauradada.
Tal foi o programa do Dr. Rafael, naquela radiante manhã de sábado, 1º de fevereiro. Desde a missa de sua formatura, há vários anos, não mais pisara na Catedral. Curioso com a movimentação de numerosos jovens revestidos de belos trajes, nunca vistos por ele, decidiu entrar também na igreja.
Nesse momento, pelas altivas ogivas da Catedral lotada de fiéis, ressoava vibrante toque de trompetes. Um solene cortejo dos Arautos do Evangelho dava início à cerimônia que visava atender a um pedido feito por Nossa Senhora de Fátima: a comunhão reparadora dos cinco primeiros sábados.
Dr. Rafael não pôde conter as lágrimas. Surpresa, admiração e emoção sucediam-se em seu espírito.
— Mas será todo primeiro sábado assim? Vocês me matam do coração! Que maravilha, não vou perder nenhum! – expandiu-se com um arauto.
Reação semelhante tiveram os demais fiéis que encheram a Catedral.
Com piedade, foram recitados os mistérios gozosos do Rosário, rogando a Deus, por intermédio da Virgem Maria, não apenas a tão desejada paz no mundo, mas a paz nas famílias e, sobretudo, a paz verdadeira e fundamental, ou seja, a reconciliação dos homens com Deus.
Nos quinze minutos de meditação que se seguiram, o Sr. João Clá Dias, Presidente Geral dos Arautos do Evangelho, ressaltou aspectos pouco conhecidos da Anunciação do Anjo Gabriel e da Encarnação do Verbo no seio puríssimo da Santíssima Virgem.
Maria, disse ele, significa “amada de Deus”. E por que o Anjo saudou Maria, e não o contrário?
Baseando-se em São Tomás de Aquino, explicou que Nossa Senhora possuía mais graça que todos os Anjos juntos, e, em consequência, vivia mais na presença de Deus do que qualquer um deles. Assim, competia a São Gabriel saudar Aquela que é a Rainha do Céu e da terra.
Foi também especialmente apreciado o segundo ponto da meditação. Fazendo voto de castidade, Maria entregara nas mãos de Deus sua renúncia à possibilidade de ter descendência, portanto de ser a Mãe do Messias, aspiração de toda mulher israelita daquela época.
E Deus retribuiu-lhe com profusão: Ela seria não só a Mãe dos homens e dos anjos, mas, oh prodígio! a Mãe de Deus.
Por obra do Espírito Santo, nas entranhas virginais de Maria, começava a divina gestação de Jesus. Neste mistério do Rosário, concluiu o Sr. João Clá Dias, Maria foi para nós modelo de oração, de castidade e de humildade.
Após comovedora homenagem à Imagem Peregrina do Imaculado Coração de Maria abençoada pelo Papa João Paulo II, teve início a Santa Missa, com o acompanhamento musical do conjunto “Os Cavaleiros do Novo Milênio”.
Na homilia, o Padre Severino Martins, cura da Catedral, agradeceu aos Arautos do Evangelho a bela cerimônia e anunciou que ela se repetirá, ao longo deste ano, no primeiro sábado de cada mês.
Acentuou a importância da devoção a Nossa Senhora em nossos dias, e terminou pondo em realce a imortalidade da Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, que cumprirá sua missão, aconteça o que acontecer.
A luminosidade do sol, o esplendor dos vitrais, a grandiosidade da Catedral, a beleza do cerimonial e das músicas, tudo concorreu para transmitir aos fiéis uma alegria especial: algo refloresce na Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, prenunciando uma renovação espiritual sem precedentes.