Mas não a arte desenvolvida em qualquer luteria. A cidade de Cremona, capital da província italiana de mesmo nome, passou a ser um centro de confecção de violinos, violas, violoncelos e contrabaixos de renome internacional.
Os luthiers dessa localidade são admirados graças à perfeição da sua técnica, fruto de anos de tradição, a qual remonta a duas famílias de artesãos do século XVII: os Stradivari e os Guarneri.
A primeira destas chegou a fabricar dois mil violinos, dos quais só restam setecentos, mundialmente cobiçados.
Séculos depois, duas associações procuram manter vivo na cidade esse cabedal de conhecimentos artesanais: o Consorzio Liutai Antonio Stradivari e a Associazione Liutaria Italiana.
Mais de 70 peças constituem um instrumento musical saído das mãos de um luthier de Cremona.
Cada uma delas é feita de uma madeira específica, escolhida a dedo, segundo as possibilidades e conveniências do comprador, os conselhos e capacidades do artesão.
Desde os primeiros cortes na madeira bruta e o envelhecimento dela, até os últimos retoques do verniz mais delicado, tudo segue um processo natural, excluindo materiais industriais ou semi-industriais. Por isso, nunca dois violinos serão idênticos.
De tal modo o ofício dos luthiers de Cremona entranhou-se na vida e identidade dos habitantes dessa cidade que, em 2012, a Unesco passou a salvaguardá-lo como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.