Ao buscar a etimologia das palavras, nos deparamos com matizes que esclarecem muitas vezes seu ­atual significado.

É o caso da palavra afilhado, cuja origem remonta ao latim ad-filiatus, que significa adotado, protegido como filho.

Tal significado reflete muito bem o imbricamento afetivo que se dá entre os seminaristas da Sociedade de Vida Apostólica Virgo Flos ­Carmeli e aqueles que ajudam a financiar seus estudos acadêmicos e as demais necessidades de sua formação.

E o mesmo acontece com as aspirantes à vida religiosa no seio da ­Sociedade de Vida Apostólica Regina Virginum em relação aos seus padrinhos e madrinhas.1

Em geral, aqueles que se comprometem a “adotar” um arauto durante seu período de formação são pessoas simples, sem grandes possibilidades financeiras, que se propõem a fazer esta obra de caridade com algum esforço pessoal e muita alegria.

Sentem-se gratificadas por saberem que, com sua colaboração, darão mais um sacerdote para a Santa Igreja, tão necessitada de braços para apascentar o rebanho do Senhor, ou uma religiosa que, por meio de suas orações e de seu labor evangelizador, aproximará inúmeras ­almas do porto da salvação.

Muito mais do que a mera gratidão pela ajuda material, cria-se entre padrinhos, madrinhas e afilhados um vínculo em Cristo.

Por meio desse vínnculo, estes últimos consideram realmente seus benfeitores como se fossem pais, intercambiando correspondência e orações, e recebendo deles salutares conselhos, como poderemos comprovar nos testemunhos a seguir.

“Senti-me honrada em poder ajudá-la”

Sônia Maria Buasi Carvalho, de Sinop-MT, manifesta numa afetuosa missiva sua alegria e a de seu esposo, por serem padrinhos de uma jovem candidata à vida religiosa:

Recebi a carta com sua fotografia e me senti honrada em poder ajudá-la com o que me é possível.

É uma alegria saber que ainda existem muitas meninas que se dedicam à vida religiosa e à oração por aqueles que se esqueceram que Deus é o nosso único Salvador.

Você ainda é tão jovem, mas sentiu um chamado para Deus. Isto é precioso e é imensamente gratificante para mim e para meu esposo podermos contribuir.

Vamos estar em oração para que você esteja sempre neste caminho, que é seguir Jesus. E peço que também reze por mim, pois preciso de orações para conduzir minha família para Deus.

Estou feliz por você, de agora em diante, fazer parte de nossas vidas, mesmo que distante e sem conhecê-la pessoalmente. Não me esquecerei de você e vamos nos conhecendo aos poucos. Fique com Deus.

Recepção de hábitos na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, Caieiras (SP), 20/1/2018

Viver o amor que Jesus nos deixou 

Além de se preocupar pela formação de seu afilhado, que ele espera ser exímia, Herminio Gabrieli, de Porto Alegre-RS, já o vê como missionário, alimentando a fé de multidões:

Realmente é um privilégio e uma grande graça para uma família ter um filho se preparando para o sacerdócio.

Todos os dias rezo para que meu afilhado se aprofunde na formação e tenha forças pela devoção e proteção de Nossa Senhora, para resistir às inúmeras ciladas do demônio para desviá-lo da nobre vocação.

Penso que um dia ele estará apto para atuar na missão de evangelizador, levando a Boa-nova aos fiéis sedentos de uma mensagem, um povo que procura uma palavra amiga, uma bênção, um carinho.

Povo que anda perturbado por tantas coisas ruins que acontecem todos os dias ao redor deles, aprisionados por vezes pelo próprio egoísmo e principalmente por falta de fé.

A revista Arautos do Evangelho traz tantas coisas boas e vejo que não lhes faltam vocações, porque os sacerdotes estão preparados e infundem esperança na pregação que fazem, nas mais diversas paróquias em que atuam.

Às vezes faço uma comparação: como os Apóstolos, guiados pelo Espírito Santo, foram tocando os corações do povo pagão da época, que aliás não é muito diferente nos dias de hoje, os Arautos, também guiados pelo Espírito Santo, estão motivando as multidões a viverem a fé e o amor que Jesus deixou como legado.

Exultando de alegria com a ordenação

Se os padrinhos manifestam contentamento ao conhecer os avanços na formação religiosa de seus afilhados, seu júbilo chega ao auge ao receberem a notícia de sua ordenação presbiteral.

Antônio de Pádua Lima Montenegro, de João Pessoa-PB, escreve:

Só agora à noite, lendo meus e-mails, tomei conhecimento de sua correspondência a mim dirigida.

Estou exultando de alegria com a ordenação presbiteral do diácono com cuja formação eclesiástica modestissimamente, contribuí!

Como desejaria estar presente! Emocionei-me o bastante só em ver o vídeo de sua ordenação diaconal! Infelizmente não tenho condições de realizar o meu desejo… 

Estou rezando ao Sacerdote Divino, Jesus, para que ele seja sempre, em todos os segundos de sua vida sacerdotal prestes a iniciar-se, fidelíssimo aos compromissos assumidos com Deus, com a Igreja, com os Arautos, com a família dele e com os amigos também.

Como desejaria estar aí para beijar-lhe as mãos ungidas e sentir o suave perfume do óleo santo que vai santificá-las! Iria emocionar-me, sem dúvida…

Espero que a Santíssima Virgem, a Senhora da Assunção, me ofereça a oportunidade de um dia poder abraçá-lo. Sinto as mesmas alegrias que os pais dele estarão sentindo, colocando-me no lugar deles…

Interesso-me por tudo o que diz respeito à Igreja e fico triste diante das defecções, da má formação de parte do clero…

Os Arautos são o oásis onde estão se formando os melhores e mais santos sacerdotes de que tanto necessitamos. Como estamos precisando de sacerdotes santos e sábios!

Minhas congratulações efusivas a todos e a cada um dos novéis sacerdotes.

Que Nosso Senhor Jesus Cristo, o Sumo e Eterno Sacerdote, e a Santíssima Virgem, Mãe e Rainha dos Sacerdotes, faça chover sobre todos eles as melhores bênçãos divinas.

Fortalecidos pelas orações da afilhada

Em um momento em que sua madrinha passava por graves dificuldades de saúde, uma afilhada encomendou algumas Missas e rezou especialmente por sua recuperação.

Seu padrinho, Antonio Carlos Formigheri, de Passo Fundo-RS, responde ao gesto dela com uma carta cheia de carinho e gratidão:

Ao receber suas notícias fiquei muito feliz. Acredito que suas orações diárias estão nos dando força para esta batalha, e creio que chegaremos ao nosso objetivo, com amor e fé.

Ficamos muito contentes pelas orações e Missas que você dedicou a mim e à minha esposa, é o que está nos ajudando a lutar pela recuperação da madrinha, embora seja difícil, mas não impossível.

Com as nossas orações poderemos alcançar uma graça especial, pois nossa fé e esperança são muito grandes.

Todos os dias, ao me levantar e me deitar, faço orações para Nossa Senhora lhe dar forças na formação da vocação que abraçou.

Suas fotos estão na estante, junto com Santa Bernadete, Santa Teresinha do Menino Jesus e Santa Edwiges, que foram religiosas como você e chegaram onde você pretende chegar.

“Serei madrinha de um sacerdote!”

De Aracaju-SE, Liete Oliveira Azevedo se preocupa pela formação de seu afilhado como se se tratasse de um verdadeiro filho, e lhe recorda a grandeza da vocação sacerdotal, que deve ser vivida com total seriedade:

Cada vez eu amo mais os Arautos pela atenção, pelo carinho que a mim dispensam. Fiquei radiante ao receber sua carta. Que lindo!

Serei madrinha de um sacerdote! Que copiosa bênção do Céu! Desejo, meu filho, que você continue com toda dedicação e zelo pelo caminho que escolheu.

Seja sempre obediente, zeloso pelas coisas divinas e sincero com seus formadores. Use a franqueza, a sinceridade e acolha as orientações dos seus superiores. O caminho sacerdotal é sagrado.

No entanto, como em tudo, existem os momentos cruciais, para os quais é preciso ser forte na fé, na oração e na devoção à Eucaristia. Este caminho lindo requer total entrega.

É bom lembrar que uma vez sacerdote, será sempre sacerdote!

Na ordenação sacerdotal é concedido ao sacerdote algo que nem aos Anjos foi dado: o poder da transubstanciação, tornar o pão e o vinho em Corpo e Sangue de Jesus. Não existe maior bênção na face da terra!

Ah! Se todo sacerdote levasse esta condição divina a sério! Eu me preocupo muito com os sacerdotes. Meu filho, conte com minhas orações de verdade. Que o Santo Espírito o ilumine sempre!

“Não vou deixar de ajudar outros jovens”

Quando o apadrinhado se torna presbítero, muitos padrinhos e madrinhas desejam continuar sua ação benfeitora adotando outros jovens que iniciam sua formação.

É o caso de Maria do Socorro Lima Bezerra, de Ji-Paraná-RO:

Fiquei imensamente feliz em saber que você já é um sacerdote e que eu pude lhe ajudar para que isso acontecesse.

Não precisa agradecer, pois a ajuda que lhe dei foi de coração e de livre e espontânea vontade! Rezo por você todos os dias e peço-lhe que não se esqueça de me incluir sempre em suas orações.

Enquanto eu vida tiver não vou deixar de ajudar outros jovens a realizarem tão bela vocação. Fale ao outro que ele já é meu afilhado e tenho imenso prazer de ajudá-lo.

Fique com Deus e Nossa Senhora, e que Eles lhe conservem firme em seus propósitos sacerdotais.

Alegria materna ao ­vê-la receber o hábito

Lenira Viana Araújo Nascimento, de Petrolina-PE, se sentiu dignificada por saber que sua afilhada havia recebido o hábito dos Arautos e manifestou seu enorme carinho por aquela que já considera como filha:

Foi um prazer imenso receber sua cartinha na qual me informa que recebeu o hábito dos Arautos do Evangelho.

Faço votos de que seja perseverante na nobre missão que abraçou. Sinto-me honrada ao receber este grande presente de Deus e dos Arautos do Evangelho: você, minha afilhada!

Que bela jovem é você e como ficou tão bem com esta vestimenta que lhe caiu como uma luva. Parabéns!

Que nunca desanime nesta santa trajetória.

Rezarei por sua perseverança, pois já lhe amo e quero o melhor para você. Sinta-se à vontade para me escrever sempre que quiser.

Sabe que aqui há um seminário, onde também tenho um afilhado, garoto simples, mas muito dedicado. Hoje vocês dois são meus dois filhos de coração. Reze por mim e não a esquecerei.

Convidando o afilhado à perseverança

Quando foi visitada pelos missionários arautos, que lhe levaram a imagem da Virgem Santíssima, Vera Lúcia Reis Santos, de Riachão do Dantas-SE, sentiu a mão de Deus em sua vida, sobretudo pelo privilégio de ter um futuro sacerdote como afilhado.

E ela lhe escreve, animando-o a perseverar:

Foi um dia especial quando recebi sua carta com a foto e também agradecendo por ser sua madrinha.

Eu é que agradeço a Deus por ter enviado os dois irmãos arautos e ter sido agraciada com a visita de Nossa Senhora, na qual recebi muitas bênçãos para minha vida e também a você como afilhado, pois Ela providencia tudo!

Tenha a certeza de que estou rezando por você. E que cada dia você possa evangelizar as pessoas através de um sorriso, de um olhar, de uma palavra.

Hoje as pessoas se sentem sozinhas e abandonadas. Que elas sejam olhadas por Jesus através de seu olhar.

Você é uma obra de misericórdia de que o mundo tanto precisa. Não tenha medo de assumir Cristo em você, no seu chamado, nas suas atitudes e no seu dia a dia.

Que Deus o abençoe e derrame sobre você as graças de que necessita, e que o Espírito Santo direcione sua vida. Seja perseverante e verás o segredo da vitória.

Vocação de ser um Cristo visível para o mundo

Daniel Innocentini, de São José do Rio Preto-SP, considera uma grande honra para um cristão apadrinhar um seminarista. Ele escreve ao seu afilhado, estimulando-o a valorizar o imenso privilégio de se tornar um Cristo visível para os fiéis:

Recebi a carta com uma foto sua, na qual fui constituído seu padrinho. Considero que tal fato foi uma graça de Nosso Senhor, dada a honra que isto constitui para um cristão: colaborar para que mais um outro Cristo se faça presente visivelmente no mundo! É assim que vejo o sacerdote, o padre.

Daqui para frente seu nome será lembrado em minhas orações diárias, para que Nosso Senhor aumente a cada dia esse seu desejo de consagrar sua vida em prol do reinado d’Ele nos corações. A vocação que você recebeu faz inveja a muitos.

Nas palavras de São Paulo, você será, pela graça de Deus, constituído sacerdote em favor de muitos, já que foi escolhido entre muitos.

Assim serão minhas orações pela sua perseverança no ideal que você escolheu, ao corresponder ao chamado de Nosso Senhor. Disse “que você escolheu” porque é essa decisão de sua vontade que Deus irá premiar, depois que você estiver preparado.

“Mire-se em Mons. Clá Dias”

Grande estímulo à perseverança dá Francisco Crescêncio Ribeiro, de Brazópolis-MG, ao escrever a seu afilhado:

Ser sacerdote, que sublimidade! É algo angelical! Mas seja-o na acepção da palavra, bandeira para o rebanho do qual você se tornará pai e pastor.

Com tristeza, quero lhe ser sincero: na atualidade, mesmo na nossa Igreja, quantas ovelhas buscam outros prados ou desaparecem, e o pastor não se importa…

E para que esse estímulo seja ainda mais poderoso, coloca diante dos olhos do afilhado o exemplo do Pai e Fundador:

Veja o belo e o sublime do sacerdócio, seja perseverante, mire-se em Mons. Clá Dias, tenha fidelidade!

Seja fiel aos votos de pobreza, castidade e obediência a Deus e a seus superiores. Abrace a humildade, a maior de todas as virtudes, a caridade, e seja homem de perdão, este é o fundamental em nossa vida, uma vez que sem perdão não há salvação.

Abomine o dinheiro e as riquezas do mundo, enriqueça-se da graça de Deus e de virtude, sendo modelo de santidade. 

Mons. João durante a cerimônia de
recepção de hábitos do dia 13/1/2018

 


1 Fazem parte da família espiritual dos Arautos do Evangelho duas Sociedades de Vida Apostólica de Direito Pontifício: a Sociedade Clerical Virgo Flos Carmeli, na qual estão incardinados os sacerdotes arautos, e a Sociedade Regina Virginum, composta por membros do ramo feminino que levam vida fraterna em comum, sob o signo da caridade.