Em certas épocas do ano é muito comum, especialmente em cidades pequenas, as pessoas saírem de casa à noite e irem para o jardim da frente, ou caminharem um pouco pelas ruas pró­ximas, a fim de poderem apreciar o céu, que por vezes se estende como um tapete de estrelas.

É agradável aos sentidos essa contemplação, trazendo consigo bem-estar e tranquilidade de alma, e restabelecendo a paz interior, no final de dias frequentemente fatigantes. Isso se dá porque o ser humano, sendo chamado a contemplar a Deus em todas as coisas, vê na beleza da criação um reflexo da perfeição divina. 

Em algumas palavras extraídas do ideário pedagógico de São João Bosco, vemos como esse magnífico mestre da juventude aprendeu a se aprofundar nessa via de conhecimento, utilizando-a como método de ensino com os seus “bambini”:

É também dever do educador ajudar o educando a se aperfeiçoar no sentimento do belo. Esse sentimento é natural, mas deve desenvolver-se e aperfeiçoar-se.

Todo menino deve capacitar-se para apreciar as belezas da natureza, da arte, da religião.

Recordo que, quando era menino, minha mãe ensinava-me a alçar o olhar para o céu e a observar as maravilhas do campo.

Nas noites serenas e estreladas, levava-nos ao campo e, mostrando-nos o céu, dizia-nos: “É Deus quem criou o mundo e pôs lá em cima tantas estrelas tão belas. Se tão belo é o firmamento, como não será o Paraíso?”

E ao chegar a primavera, quando o raiar da aurora aparecia na campina recamada de flores, exclamava: “Quantas belas coisas fez para nós o Senhor!”

E quando as nuvens tornavam-se mais densas e se obscurecia o céu e retumbavam os trovões: “Que poderoso é o Senhor! Quem poderá resistir-Lhe? Por isso, não cometamos pecados”.

E no inverno, quando estava tudo coberto de neve e  gelo, e nós, embora em nossa pobreza, nos achávamos recolhidos em volta da lareira, com muita naturalidade dizia-nos: “Quanta gratidão devemos ao Senhor, que nos provê de tudo o que é necessário! Deus é verdadeiramente Pai: Pai nosso que estais nos céus…”

Contemplar nos céus a imensidade, a sabedoria, o poder de Deus! Quantos anos e séculos de luz! Quanta ordem, quanta harmonia!

 
Extraído de: Biografia y Escritos de San Juan Bosco, BAC, Madrid, 1955, p. 438.