Em termos atuais, dízimo é a contribuição regular dos católicos para proporcionar à Igreja os meios necessários ao culto divino, às obras de apostolado e de caridade, e à decorosa subsistência de seus ministros.
Embora a palavra seja sinônimo de “décima parte”, cada um fica livre de dar de acordo com suas posses e sua generosidade.
Essa contribuição é inteiramente espontânea?
Não. Ela tem um caráter de obrigatoriedade, bem definido no Código de Direito Canônico (c. 222) e afirmado no 5º Mandamento da Igreja, o qual outrora prescrevia “pagar o dízimo segundo o costume” e hoje é expresso nos seguintes termos: “Ajudar a Igreja em suas necessidades”.
Este Mandamento recorda que os fiéis devem ir ao encontro das necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades (CIC., nº 2043).
Origens no Antigo Testamento
Essa obrigação deita suas raízes nos primórdios do Antigo Testamento.
Quando o Senhor deu a Aarão e aos levitas “o serviço do Santuário e do Altar”, determinou que eles teriam como meio de subsistência o dízimo a ser pago pelo povo hebreu.
Os próprios levitas estavam submetidos a essa lei: deveriam dar a Deus a décima parte do que recebessem, ou seja, o dízimo do dízimo.
Por meio do profeta Malaquias (séc. V a.C), o Senhor demonstra o quanto tomava a sério essas prescrições:
Por que procurais enganar-me? E ainda perguntais: Em que vos temos enganado? No pagamento dos dízimos e nas ofertas. Pagai integralmente os dízimos ao tesouro do templo, para que haja alimento em minha casa (Ml 3, 8-10).
E o II livro das Crônicas, tratando da purificação do Templo e restauração do culto no reinado de Ezequias (séc. V a.C), mostra em que consistia essa contribuição:
Os israelitas multiplicaram suas oferendas das primícias de trigo, do mosto, do azeite, do mel e de todos os produtos do campo, com uma abundância de dízimos de toda sorte. […] Deram também o dízimo do gado e dos rebanhos, e o dízimo das coisas santas, consagradas ao Senhor, seu Deus” (31, 5-6).
Um dever de todos os tempos
Como se vê, em todas as épocas as necessidades materiais do Templo e do Altar, incluindo a subsistência pessoal dos ministros de Deus, eram supridas pelos fiéis.
É belo e comovedor constatar que o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo quis estar sujeito a essa contingência: as santas mulheres O assistiam com suas posses, segundo relata o Evangelho de São Lucas.
Como poderia ser diferente em nossos dias?
Assim, o pagamento regular do dízimo é, como sempre foi, um dever. Um dever sagrado, sim, mas suave, pois cada um contribui de acordo com suas próprias possibilidades.