Alertados pelo anúncio de uma exposição denominada Paixão, levada a efeito na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro, situada no bairro central da Lapa, no Rio de Janeiro, fomos visitá-la e conhecer o responsável por esta feliz iniciativa.
Atendeu-nos a museóloga Thelma Palha, uma simpática mineira de Belo Horizonte, que nos revelou seus planos de efetivar, por etapas, a montagem de um museu permanente para expor uma vasta coleção de esculturas sacras, de propriedade da Ordem Carmelitana.
A Coleção
Tudo começou em 1967, quando Frei Carmelo Cox, um holandês há muito radicado no Brasil, foi nomeado procurador da Província Carmelitana do Rio de Janeiro.
Atraído pela ideia de contar a história da Igreja Católica através de imagens, começou a juntar uma coleção de peças sacras, na maioria europeias, tendo recebido algumas de doações diversas.
A maioria, comprou-as com recursos fornecidos por uma agência de viagens da Ordem, a Raptim Brasil, que repassava ao diligente colecionador o valor das passagens e hospedagens gratuitas recebidas de empresas operadoras.
Ao longo de todos estes anos, foram amealhadas cerca de 1.200 imagens de tamanhos variados, de épocas diversas e de valores artísticos distintos.
Este acervo engloba também peças brasileiras, originárias da Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, etc. Ainda hoje, embora a agência de viagens não exista mais, Frei Carmelo continua a “juntar peças”, como dizem na Ordem.
Pelos cálculos da museóloga nossa entrevistada, fazendo uma seleção, cerca de 600 imagens terão relevância para constar da exposição permanente do Museu.
Exposições temporárias
Thelma Palha transferiu-se do Museu do Aleijadinho (Ouro Preto-MG) para o Rio de Janeiro, em setembro de 2001, para organizar este acervo e elaborar o projeto do Museu de Imaginárias.
Ela insiste num ponto: “Não é um Museu de Arte Sacra, já que o acervo compreende somente imagens”.
Seu plano é o de realizar inicialmente exposições temporárias, numa média de três por ano.
No ano passado, realizou as seguintes: Faces, no dia das Mães, que mostrou uma variedade de imagens de Maria; Flos Carmeli e Santos de Ordem, que apresentou inúmeros Santos de Ordens Religiosas; e Natal.
“Em 2003” – revela-nos Thelma:
estamos realizando esta exposição sobre a Paixão, e ainda teremos em agosto uma sobre Pais.
Mais para o fim do ano virá uma outra sobre São Sebastião e Santos Mártires, que se estenderá até janeiro de 2004, aproveitando para comemorar a festa do padroeiro, São Sebastião, no dia 20 daquele mês.
As exposições temporárias, tanto as já realizadas quanto as por realizar-se, são uma espécie de laboratório para detectar as preferências do público e organizar o acervo. Futuramente, tornar-se-ão alas permanentes do Museu.
O Museu permanente
Nos planos de Thelma, a inauguração do Museu de Imaginárias se dará em meados de 2004, com novas alas permanentes, entre elas a Família de Cristo.
Espaço para isto já existe: ele será instalado no conjunto de propriedades da Ordem em torno da Igreja do Carmo da Lapa.
O objetivo central do Museu é realizar o sonho de Frei Carmelo Cox: contar a História da Igreja através das imagens que, ao longo dos séculos, a piedade católica foi elaborando. Material para isto não falta. Aguardem!