Os meios de comunicação nos trazem, a cada dia, ameaças de guerra, insegurança e violência, com imagens ao vivo e em cores.
Prognósticos sobre uma economia espartana angustiam quem vive de seu trabalho cotidiano para manter a família. Desperta-se sem saber se aquele será um dia como todos os outros, ou se trará algum novo drama.
Com esse panorama ante os olhos e com o subconsciente posto na defensiva, Da. Aparecida vai atender à porta de sua residência, porque ouviu tocar a campainha.
Fisionomia contraída, e acostumada a sempre dizer “hoje não…” ou “volte depois…”, para quem quer que seja, pergunta “quem é?” com uma voz pouco amistosa.
Com espanto, ela ouve a seguinte resposta:
— É Nossa Senhora! Somos os Arautos do Evangelho e estamos fazendo uma Missão Mariana em seu bairro. Estamos com a imagem de Nossa Senhora e Ela quer lhe fazer uma visita!
Estupefata, Da. Aparecida tem sua fisionomia iluminada e imediatamente lágrimas brotam de seus olhos escuros, que antes pareciam tão apreensivos. Com a voz embargada pela emoção, abre o portão, dizendo:
— Mas claro! Entrem… meu Deus! Eu não imaginava receber esta visita hoje… mas como estou precisando d’Ela!
Esta sofrida senhora reza com fervor, aproxima-se da imagem com o coração cheio da esperança de que, do Céu, Nossa Senhora esteja derramando sobre ela e sua família as graças de que tanto necessitam.
Da. Aparecida, que andava muito afastada da Igreja Católica, entende que este é um convite de Maria Santíssima para voltar a frequentar os sacramentos e faz o firme propósito de atender a essa boa Mãe.
Como se faz uma Missão Mariana
A casa de Da. Aparecida era uma no roteiro dos Arautos do Evangelho. Muitas outras vão se abrindo ao longo do caminho. É uma nova Missão Mariana que está se realizando, percorrendo as ruas da cidade.
É um dos modos de atender ao apelo que o Papa João Paulo II lhes fez na audiência de 28 de fevereiro de 2001: “Sede mensageiros do Evangelho, pela intercessão do Imaculado Coração de Maria.”
Um carro de som percorre o bairro, anunciando a chegada da Imagem Peregrina do Imaculado Coração de Maria, que visitará os lares com uma mensagem de esperança e paz.
Revestidos de seu característico hábito, os Arautos realizam a missão divididos em grupos. O “desbravador” vai adiante, avisando de casa em casa que a imagem de Nossa Senhora está próxima. O tempo é curto, pois são muitas residências a visitar.
Cantando hinos religiosos populares, surge então o grupo que conduz a Imagem Peregrina ao interior do lar, onde ela é colocada em local de honra.
Reza-se uma breve oração. A emoção é uma nota comum em todas as visitas. As almas estão sedentas de uma palavra de esperança, de um olhar de bondade, de uma indicação de rumo em suas vidas.
E é a própria Virgem Maria quem as visita, por meio de sua bela imagem, trazendo graças sensíveis, irradiando muita misericórdia e paz.
Emoção e conversão
— Eu sonhei com a Senhora, eu sonhei que a Senhora ia bater à minha porta, minha Mãe… e agora a Senhora entra aqui! – reza emocionada em voz alta Da. Lúcia, ao receber a visita da Imagem.
— Hoje eu posso dizer que tive tudo na vida, porque Nossa Senhora entrou na minha casa! – exclama, banhada em lágrimas, Da. Teresa.
É bastante comum que até homens já calejados pela vida, há muitos anos afastados da Igreja, cedam ao apelo à conversão, que Nossa Senhora lhes faz.
Ao final de cada visita, a família é convidada para uma solene Missa na paróquia, animada pelo coro dos Arautos, onde Nossa Senhora será coroada como Rainha daquele bairro e de todos os corações.
E não é pequeno o número de pessoas que voltam neste dia à comunidade, depois de longo afastamento.
— Está vendo, eu não disse que viria?! – exclamou Da. Ângela ao entrar na igreja paróquial para a Missa vespertina solene, dirigindo-se ao jovem que levara a imagem da Virgem à sua casa.
Tanta alegria tinha sua razão: em dez anos, esta era a primeira vez que ela ia à igreja!
Testemunhos dos sacerdotes
Somente no Estado de São Paulo já foram percorridos cerca de 50 mil lares, através das Missões Marianas. Se fôssemos contar todas as visitas realizadas em outras regiões do Brasil, bem como no exterior, alcançaríamos a casa de centenas de milhares!
Inúmeros são os testemunhos ouvidos cada dia acerca desse novo método evangelizador desenvolvido pelos Arautos do Evangelho. Mas depoimentos mais abalizados não poderíamos colher senão dos próprios párocos.
Declarou o Pe. Francisco Freitas Lima, da Paróquia de Santa Luzia, no bairro do Mandaqui, em São Paulo:
Eu estou muito contente com esta atuação de vocês. Já fiz os cálculos: se eu quisesse visitar todas as casas da paróquia, ainda que fossem duas por dia, levaria pelo menos dois anos para completar o trabalho. E vocês em um ou dois dias de Missão Mariana, fizeram esse trabalho maravilhoso.
O Pe. Vicente Abreu, pároco da Igreja de Santa Cândida, no bairro do Ipiranga, também em São Paulo, disse a respeito da Missão Mariana realizada no dia da padroeira, 4 de setembro passado:
De fato, em relação aos sete anos que estou aqui, foi muito grande o número de pessoas que compareceram à Missa da padroeira.
Percebemos aqui pessoas que não vinham à igreja, e que moram por perto; pessoas que conhecemos apenas de vista estavam hoje conosco, participando atentamente da Missa, em virtude do trabalho de vocês.
O povo gostou da presença de vocês, seja pela música, seja pelo hábito que usam, ou por tudo o que transmitem de espiritualidade.
“Eu vejo a presença dos Arautos” – afirmou o Pe. Jorge Guimarães de Oliveira, da Paróquia São Gonçalo, da cidade de Campos (RJ) – “como uma resposta de Deus ao tempo em que vivemos, o novo milênio, esta transição histórica, e uma resposta que também faz a Igreja repensar sua própria caminhada”.
E concluiu:
Nossa Senhora obtém, através dos Arautos, coisas que, humanamente falando, não conseguimos.
Posso dizer, com toda a convicção, que durante o tempo inteiro em que sou pároco desta Comunidade, nunca vi a capela tão repleta de fiéis! Nem mesmo em dia de festa!
Celestial evangelizadora
De fato, a grande evangelizadora da História da Igreja é Maria Santíssima, que trouxe em seu seio o Evangelho vivo, Jesus Cristo Nosso Senhor.
E hoje ainda, como em todos os tempos, é Ela que continua sua trajetória de evangelização, batendo às portas e acendendo nos corações uma luz de esperança e de fé.