A elevação de Vossa Eminência a Cardeal da Santa Igreja é uma honra para sua arquidiocese. Que significa para a Igreja de Barcelona esta nomeação?

Significa muitíssimo para a Igreja de Barcelona e para mim. Foi uma grande alegria que pude ver na fisionomia de muitíssimos diocesanos, e de fiéis de outras dioceses, quando me felicitavam. Parecia que a nomeação fosse também para eles.

Ela pede uma resposta agradecida a Deus e ao Santo Padre por esta importante deferência, e uma maior disponibilidade para servir à Igreja e aos irmãos. 

Na Catalunha, há séculos, a “romanidade” esteve muito presente, de tal maneira que no Credo em língua catalã se diz “creio na Igreja Santa, Católica, Apostólica e Romana”.

Desejo que minha nomeação contribua para viver intensamente a comunhão afetiva e efetiva com o Sucessor do Apóstolo Pedro, Bispo de Roma.

Qual o maior desafio da Igreja hoje? 

Considero que a evangelização e a presença dos leigos cristãos na sociedade, para transformar as estruturas com o gérmen do Evangelho, são dois desafios muito urgentes em nosso país, e me atreveria a dizer que em muitos lugares do mundo.

A Igreja existe para evangelizar. O Concílio Vaticano II sublinhou as peculiaridades do laicato católico: a dimensão secular, seu compromisso na construção do bem comum da sociedade.

Nós, cristãos, vivemos no mundo, daí a presença dos leigos nas realidades do mundo.

O que sente um cardeal ante a perspectiva de eleger um dia o sucessor de São Pedro?Qual o seu papel institucional?

Desejo que o Santo Padre Bento XVI viva por muitos anos com muita saúde e lucidez, e que eu não precise exercer essa função.

A cerimônia do consistório de criação de cardeais, e especialmente as palavras da homilia do Santo Padre, põem em relevo a nossa função como colaboradores e conselheiros mais próximos do Sucessor de Pedro.

Mas também a nossa vocação do serviço do amor a Deus, à Igreja e aos irmãos, até o derramamento do sangue – tal como diz o Papa na imposição do barrete, e o indica a cor dos trajes cardinalícios.