A injustiça pode penetrar até nos âmbitos mais insuspeitos da cultura humana. A prova é que se infiltrou nos provérbios, como bem exemplifica o adágio italiano: “Traduttore traditore – O tradutor é um traidor”. Mas, apesar do agravo que lança ao honrado ofício, tal aforismo tem seu quê de verdade.

Quem não consideraria uma traição traduzir saudade por añoranza, ­longing, regret ou rimpianto? Os matizes que tornam tão expressiva nossa palavra perpassam por essas traduções tanto quanto a luz por um vidro fosco: sem clareza, confusa e pardacenta.

Uma tradução impossível

Para mitigar essa consequência …