"Portanto, amados, enquanto esperam estas coisas, empenhem-se para serem encontrados por Ele em paz, imaculados e inculpáveis". (2Pe 3, 14)

Receber uma visita em nossa casa traz à tona uma importante movimentação: a preparação. Muitas vezes, acostumados com a rotina do dia-a-dia, acabamos por deixar nossa moradia com aquele pó na mobília, aquele cantinho onde acumulamos o lixo cheio, o armário bagunçado.

Quando, porém, vem uma visita, corremos para deixar tudo o mais perfeito. Fazemos uma faxina, levamos o lixo para fora, corremos para organizar as roupas caídas! Não é nenhuma hipocrisia ou falsidade: só queremos demonstrar para a visita, para o nosso ente querido que vem de longe, o quanto apreciamos sua presença.

A Santa Igreja, sábia entre os sábios, sabe de nossas dificuldades. Sabe que nossa casa interna, nossa alma, às vezes, é negligenciada pela rotina e pelo costume. E, quando anuncia o Natal do Senhor, essa divina visita, também prega a faxina do espírito.

O Advento é esse tempo de preparação para o nascimento do Senhor. Não apenas de paciência e de alegria pelo que virá, mas uma devida arrumação para que o Menino Jesus receba um trono limpo e uma casa agradável.

Nos símbolos, é nos comunicado uma autêntica preparação

Como se faz isso?

Primeiramente a Igreja Católica dedica sua liturgia nas Santas Missas para que possamos refletir sobre nossas faltas. Ora é um profeta avisando dos malefícios do orgulho, ora um Apóstolo anunciando a tristeza que a impureza traz, a intenção é sempre nos alertar: o pecado não compensa!

Mas o Corpo de Místico de Cristo não para aí: ela se reveste de símbolos para nos comunicar por imagens o que seu discurso traz.

Temos a cor roxa e ausência de ornamentos para simbolizar esse despojamento. Até mesmo as músicas não são acompanhadas por grandes instrumentos, apenas o teclado e o órgão.

Depois, o celebrante se torna um fiel decodificador da mensagem que a Igreja quer passar. Em suas palavras e ações, ele prega: é necessário a preparação! O Salvador vem! Limpemos nossas almas e purifiquemos nossas intenções.

Marcar nossa vida com um pequeno esforço

A Santa Igreja também aconselha o fiel cristão a fazer um pequeno sacrifício durante o tempo do Advento. Não precisa ser nada espetacular ou enorme: lembremo-nos que Deus vê a intenção antes da ação.

Pode ser uma pequena restrição alimentar, como não tomar refrigerante ou não comer chocolate, ou alguma imposição de oração, como assistir uma Santa Missa em algum dia da semana, ou rezar um terço a mais no dia, o que importa é que seja um esforço, algo que nos leve a ter força de vontade.

A importância desse pequeno sacrifício vem em honra de todas as penitências que o povo da herança prometida, os hebreus, fez durante a espera do Messias. Lembramos convenientemente desses sofrimentos e nos tornamos um com eles: nós também esperamos pelo nascimento do Salvador.

Com essas ações, a Santa Mãe Igreja quer que nossa casa interior esteja mais limpa, nossas ações mais generosas e nosso coração mais aquecido para a vinda do Senhor. Tempo de alegria e festividades, um Natal sem uma boa limpeza de consciência é apenas uma data comercial.

Não sejamos daqueles que paganizam o nascimento do Menino-Deus. No Advento, aprendamos a nos preparar, organizemos nosso espírito e purifiquemos nossas ações. Assim, diante do presépio no dia 24, quando os sinos tocarem à meia-noite, nosso sorriso será mais genuíno, e o carinho ao Divino Pequeno será mais autêntico.