No dia 06 de janeiro, a Igreja Católica celebra a Epifania do Senhor, que quer dizer, do grego, manifestação.

Neste mistério não está apenas sendo celebrada a chegada dos Reis Magos ao presépio, mas também, de forma atemporal, o Batismo de Jesus e a transformação da água em vinho.

No Brasil, por determinação da CNBB, a solenidade é transferida para o domingo entre o dia 02 e o dia 08 de janeiro.

Mas, sempre é oportuna uma consideração sobre o dia da Epifania.

Caminhe conosco por este mistério triplo e desvende o porquê dele ser o início e a conclusão de tudo.

Por que a Epifania é o início de tudo?

Epifania quer dizer manifestação, e esta manifestação está garantida na apresentação de Cristo aos povos estrangeiros, nas pessoas dos Três Reis, que vinham de nações diferentes.

Mas também está explícita no Batismo de Jesus e na transformação da água em vinho nas bodas de Caná, pois é nestes dois acontecimentos que Jesus sai da vida privada e começa sua caminhada pública, os seus três anos de pregação pela Judeia e região.

Assim, a Epifania marca o início da História da Salvação.

A visita dos Reis é um preâmbulo, um prefácio do que um dia aconteceria: os grandes se ajoelhariam diante do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, e viriam a reconhecer sua realeza.

Quando Jesus está diante de Herodes, este pergunta: “És Rei?”

Ao que Jesus responde: “Tu o dizes. Sim, Eu sou Rei”.

O Batismo marca o início de nossa salvação, como o primeiro Sacramento que o cristão recebe.

Ali, nas águas purificadoras, nossa alma torna-se filha de Deus e co-herdeira do Céu.

É também na pia batismal que passamos a clamar, com São Paulo, “Abba, ó Pai!”, que, adaptado para o português atual, seria: “Ó paizinho!”

Tal carinho evidencia como, de fato, nos tornamos filhos de Deus.

Já a transformação da água em vinho simboliza o maior dos Sacramentos, e o mais excelente: a Eucaristia.

Mostrando todo seu poder sobre a matéria, Jesus prova aos mais exigentes que, se Ele é capaz de fazer da água vinho, por que não pode fazer de Si mesmo pão?

A Epifania também marca o fim da vida privada de Cristo

Além da Epifania representar o início de nossa salvação, também simboliza o fim dela.

Primeiro, a Epifania finaliza o tempo do Natal.

É a hora de guardar a árvore, o presépio e os demais enfeites.

Logo depois da festa do Batismo do Senhor, já começa o Tempo Comum, que traz a cor verde, trocando o branco do Natal.

A Epifania também marca o fim da vida privada de Cristo, a conclusão de uma preparação que levou trinta anos.

E, se em três anos Jesus fez tanto, imaginemos o que representaram esses trinta anos ocultos!

Foi um retiro intenso, onde Nossa Senhora foi sua principal concentração, onde teve que velar São José, e onde se comunicou com seu Pai Celestial através de sua natureza humana.

Lição para nós

Mas a Epifania é também a conclusão para nós, seres humanos.

Nos presentes dos Reis, vemos o nosso destino descrito: o ouro simboliza nossa realeza.

Somos reis da criação, ela está disposta à nossa ordenação.

E aqui cabe uma ligeira reflexão:

Como nos comportamos perante as coisas criadas?

Tiramos delas o nosso sustento com ordenação e modéstia, ou somos esbanjadores?

É importante lembrar que seremos cobrados, em nosso juízo, de nossos apegos para com as criaturas de Deus, e a verdadeira conta que fizemos delas.

Em segundo lugar, o incenso significa nossa divindade.

Não apenas a do batizado, em seu sentido específico, mas no geral, a nossa espiritualidade e religiosidade.

O ser humano é um ser com muitas dimensões, e as mais importante delas são a alma, o espírito e a mente.

Em nossa caminhada terrena, somos constantemente bombardeados por mensagens materialistas, e perdemos, com grande pesar, a paz de coração.

O que temos feito para sermos mais virtuosos, mais santos?

E como temos ministrado essa verdade aos nossos filhos, amigos e parceiros?

Ensino aos outros que o mais importante é a relação com Deus ou com os homens, com os seus negócios e suas carreiras?

Por fim, a Epifania também representa a morte.

Manifestada na mirra de Baltasar, o pó que embalsama corpos, a morte é a única certeza que temos quando nascemos.

Para os mais ricos e os mais pobres, dos mais desconhecidos aos mais famosos, a morte vem, e vem em um momento desconhecido, citado por Jesus “como um ladrão”.

Como temos vivido face à nossa morte?

Temos dado significado à nossa vida, como Deus o quer?

Há quantos anos não fazemos uma boa confissão, nos preparando para morte que pode vir de repente? O cristão carrega a marca da morte, e só quando a aceitamos é que alcançamos paz.