Somos colocados, com frequência, em situações em que nosso conhecimento é testado.

Na Religião também é assim: várias vezes nos deparamos com palavras que ignoramos, termos que são um tanto parecidos, mas que escondem significativas diferenças. É por isso que o católico precisa se desenvolver sempre, procurando aprender, com regularidade, mais sobre sua fé.

Estudar as Sagradas Escrituras e o contexto que as cercam é importantíssimo, tanto que, para ler a Bíblia melhor, é necessário ajuda daqueles que nos precederam na Igreja.

Hoje, vamos esclarecer um termo um tanto usado nos primeiros livros da Bíblia: a diferença entre patriarcas e profetas.

O que é um patriarca?

A palavra “patriarca” vem do conceito de pai, mas com um significado mais amplo: é o pai, o fundador de uma nação, de um povo.

Quando lemos o Gênesis, estudamos a raça humana em formação, os que constroem e destroem. É por isso que somos constantemente apresentados aos patriarcas, sendo o mais importante deles Abraão, pois é o pai do povo hebreu.

Mas antes dele, ainda temos alguns outros patriarcas: Adão, como primeiro ser humano; Set, filho e herdeiro de Adão, após a morte de Abel; Noé, que enfrentou o dilúvio e passou pela purificação divina; Jafet, pai dos semitas e filho de Noé.

Depois de Abraão, são considerados também patriarcas seus descendentes: Isaac, Jacó e José, o governador do Egito.

Profeta é aquele que prevê o futuro?

Na Bíblia, o termo “profeta” não é usado apenas para aqueles que têm visões e conseguem enxergar vislumbres do futuro e predizer profecias. Profeta é aquele responsável por conduzir o povo num momento difícil.

É por isso que Moisés não é considerado mais um patriarca, pois não funda um povo, mas o conduz para fora do Egito. É, portanto, um profeta.

Outros profetas responsáveis por conduzir o povo de Israel: Josué, Samuel, Elias e os demais que muito conhecemos, como Isaías, Jeremias, Joel, etc.

Um patriarca pode ser um profeta, ou vice-versa?

Como patriarca é aquele que funda uma nova nação, ou um novo povo, e profeta o que conduz mediante uma dificuldade, podemos ter alguém que seja ao mesmo tempo patriarca e profeta, como o próprio Abraão o foi.

Mas, após os primeiros séculos, Deus como que separou estas duas classes na Bíblia, dividindo o poder régio do poder profético. É por isso que temos os reis, novos patriarcas, e os profetas, que não governavam, mas apenas aconselhavam.

Assim, Davi, por exemplo, enquanto reinava, recebia revelações dos profetas, como Natã; Acab, rei, era intimidado por Elias a se ajeitar, e até mesmo outros reis pagãos, que não eram hebreus nem aceitavam a sua religião, também recebiam comunicação dos profetas, como Daniel revelando a Ciro sua morte.

Estas passagens todas se encontram em diversos livros bíblicos que um dia poderemos comentar e trazer.

Patriarcas e profetas: eles existem no Novo Testamento?

Engana-se aquele que afirma que o tempo dos patriarcas e profetas acabou quando Jesus veio.

Os Apóstolos, na formação da Igreja inicial, foram todos eles patriarcas e profetas, pois foram pais e condutores do povo de Deus. Os Padres da Igreja, assim chamados aqueles que formularam a doutrina inicial da Igreja Católica, foram patriarcas e profetas.

E não só nos primórdios: Santo Inácio de Loyola, fundador dos jesuítas, foi patriarca por “criar” esta nova família dentro da Igreja. Além disso, também foi profeta ao conduzir o povo de Deus diante da heresia protestante. Por isso, ainda hoje podemos ter patriarcas e profetas.

Peçamos a Nossa Senhora que nos dê a capacidade de discernir aqueles que têm a missão especial de ser uma luz na vida da Igreja Católica.