Milão (Sexta, 30-01-2009, Gaudium Press) Em uma iniciativa que parece querer mirar o fim da polêmica, o bispo lefebvriano Richard Williamson pediu hoje desculpas ao Papa por suas afirmações negacionistas sobre o holocausto. Em um post publicado em seu próprio blog, o prelado manifestou ao presidente da comissão "Ecclesia Dei", cardeal Dario Castrillon Hoyos, a sua "amargura" pela polêmica levantada pelas "frases imprudentes" que disse em entrevista a uma rede de TV sueca, em novembro passado. Na entrevista, Williamson colocou em dúvida o Holocausto e negou a existência de câmaras de gás nos campos de concentração nazistas.
"Em meio a este enorme turbilhão causado pelos meus comentários imprudentes na tv sueca, lhe peço que aceite com o devido respeito a minha sincera manifestação de amargura pelos inúteis problemas e angústias que lhe causei asim como ao Santo Padre", diz o texto no blog do religioso.
As declarações de Williamson desencadearam um caloroso debate e geraram malestar no meio Vaticano, conforme Gaudium Press vem noticiando. De forma que o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, se viu obrigado a publicar um editorial, divulgado ontem de manhã pela Rádio Vaticana, em que ressaltava, entre outras coisas, que "aquele que nega o Holocausto não sabe nada nem do mistério de Deus, nem da Cruz". Palavras similares às do Papa Bento XVI, que afirmou ontem que "quem nega o holocausto, nega a cruz, e que é grave ouvir tais palavras de um sacerdote".
A aproximação entre o holocausto e o mistério de Deus e da Cruz torna ainda mais grave a negação, segundo o porta-voz do Papa, quando saída da boca de um sacerdote ou de um bispo, um ministro cristão, esteja ligado ou não com a Igreja católica.
Na última quarta-feira, recorda Lombardi, "o Papa entregou a profunda meditação de seu discurso no campo de concentração de Auschwitz. Não somente condenou toda e qualquer forma de esquecimento e de negação da tragédia do extermínio de seis milhões de judeus, como também relembrou as dramáticas reflexões que esses eventos levam às consciências de todo homem e de todo crente. Na realidade, é a fé na própria existência de Deus que é desafiada por esta assustadora manifestação da potência do mal. A mais evidente para a consciência contemporânea, ainda que não a única", diz a nota vaticana.