Redação - (Quinta-feira, 09-05-2015, Gaudium Press) - Com a décima praga lançada por Deus contra os perseguidores de Israel, não havia uma casa dos egípcios onde não se chorasse a morte de um filho; mas nenhum dos hebreus foi atingido.

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Moisés manda os Judeus sairem do Egito

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Moisés convocou todos os anciãos de Israel e transmitiu-lhes a ordem de Deus para que em todas as casas imolassem o cordeiro pascal, e ungissem as ombreiras das portas com o sangue do animal.

Um grande clamor em todo o Egito

O profeta acrescentou: "Quando o Senhor passar pelo Egito para castigá-lo, e reparar o sangue na moldura das portas, passará por vossas portas e não permitirá que o Exterminador entre em vossas casas para causar dano" (Ex 12, 23). Tudo foi feito conforme mandara o Altíssimo.

À meia-noite, Deus matou todos os primogênitos egípcios, desde o herdeiro do trono até o filho da família mais pobre; e inclusive pereceram os primogênitos de seus animais domésticos.

Todos os egípcios se levantaram de seus leitos e "ouviu-se no Egito um grande clamor, pois não havia casa onde não houvesse um morto" (Ex 12, 30).

Em muitas ocasiões, Deus mostra sua bondade, por exemplo, ao fazer por duas vezes a multiplicação dos pães e dos peixes; em outras circunstâncias, Ele exerce sua justiça, como no caso das dez pragas contra os egípcios, em que o Altíssimo "lançou contra eles o fogo da sua ira, a cólera, a indignação" (Sl 78, 49).

Naquela mesma noite, o faraó chamou Moisés e Aarão e disse-lhes que os hebreus poderiam sair do Egito, levando também as ovelhas e o gado. E os egípcios pressionavam os israelitas para que se retirassem logo; do contrário, diziam, "vamos morrer todos!" (Ex 12, 33).

Comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: Que cena grandiosa! Os judeus ficaram a noite toda acordados, e os egípcios, humilhados, esmagados por um poder sobrenatural, deixaram sair de madrugada esses homens que para eles eram animais de carga. Depois de já terem perdido o rebanho, ficaram privados dos escravos. Era uma depauperação terrível para o Egito.

E, lembrando-se do que Moisés lhes havia recomendado, os hebreus pediram aos egípcios objetos de ouro e prata, bem como roupas; e foram largamente atendidos.

"Não quebrarão nenhum dos seus ossos"

Assim, após terem permanecido no Egito durante 430 anos, os israelitas iniciaram a partida, divididos por exércitos (cf. Ex 12, 51). Eram 600 mil homens aptos para as armas, sem contar os idosos, as mulheres e crianças; o total chegava a 2,5 milhões de pessoas.

E Moisés levou consigo os ossos de José, conforme o juramento que os israelitas haviam feito de que portariam seus restos mortais, quando regressassem à terra de seus pais. Nisso se nota um belo ato de fé, quer de José, quer de Moisés.

Deus disse a Moisés e Aarão que os hebreus precisavam respeitar a lei da páscoa, e explicou que do cordeiro imolado não deveria ser quebrado osso algum (cf. Ex 12, 46).

Trata-se aqui de outro importante simbolismo de Nosso Senhor. Conforme narra o Apóstolo São João, no Calvário as pernas do bom e do mau ladrão foram quebradas, mas não as de Jesus. "Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura que diz: ‘Não quebrarão nenhum dos seus ossos'" (Jo 19, 36).

Esclarece o Padre Fillion que "todas as outras vítimas eram primeiro cortadas em pedaços antes de serem colocadas sobre o altar; só o cordeiro pascal fazia exceção."

Saída do Egito

Assim que os israelitas saíram do Egito, Deus guiou o seus passos rumo à Terra Prometida. E não permitiu que seguissem o caminho mais curto, o qual poderia ser percorrido em apenas quinze dias, pois teriam que guerrear contra os filisteus e, embora estivessem bem armados, ficariam tentados de voltar ao Egito.

Eram eles apegados à vidinha e não tinham admiração por Moisés, que os convidava ao heroísmo; e até mesmo chegaram diversas vezes a se revoltar contra o profeta, ao longo da caminhada pelo deserto.

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Moisés, Décima praga


Cumpre ressaltar que Moisés, produzindo esses fatos, obteve grande vitória aos olhos dos seus perseguidores, mas diante dos judeus seu prestígio foi insignificante. É uma lamentável constatação: com frequência as pessoas são prestigiadas quando praticam o mal, e não quando realizam o bem. Com o extraordinário Moisés não se deu de modo diverso.

Então, para evitar o choque com os filisteus - povo muito belicoso -, o Altíssimo fez com que eles dessem "uma volta pela rota do deserto do Mar Vermelho" (Ex 13, 18). De tal modo Deus orientou os passos dos hebreus que, para lhes indicar o caminho, enviou diante deles durante o dia uma coluna de nuvem, e à noite uma coluna de fogo. Esse sinal enviado pela Providência guiará o povo pelo deserto, durante longos anos.

Peçamos a Nossa Senhora a graça de nunca nos opormos aos planos de Deus, pois do contrário Ele nos castigará nesta ou na outra vida.

Por Paulo Francisco Martos
(in Noções de História Sagrada n. 23)

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1 - CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Moisés, prefigura do Redentor, in Dr. Plinio, n. 90, setembro 2005, p. 27.
2 - WEISS, Johann Baptist. Historia Universal. Barcelona: La Educación. 1927, v. I, p. 727.
3 - FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1, p.229.
4 - Idem, ibidem, p. 231.

5 - CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Moisés, prefigura do Redentor, in Dr. Plinio, n. 90, setembro 2005, p. 27.