No começo do século IV, encerrava-se o longo e terrível período das perseguições movidas por Roma contra o Cristianismo.
A jovem Igreja, nutrida pelo sangue de seus mártires, saía da escuridão das catacumbas e, já sem receio, passava a pregar à luz do Sol o nome de seu Divino Fundador.
Foram então edificados os primeiros templos, entre os quais um dedicado à memória do grande São Paulo, alma de fogo que espraiou a Boa-Nova pelas terras banhadas pelo Mediterrâneo.
Esse santuário foi construído, sob os auspícios do próprio imperador Constantino, sobre um antigo cemitério fora das muralhas de Roma – daí seu nome – exatamente no local onde se encontrava o túmulo do Apóstolo dos Gentios.
Em 324, o Papa Silvestre I solenemente consagrava em honra a ele o novo templo, dando início à história de uma das mais significativas igrejas de toda a Cristandade.
Em breve, a construção original acabou por tornar-se pequena para as dimensões adquiridas pelo Catolicismo.
Sob o reinado conjunto dos imperadores Teodósio I (379-395), Graciano (375-383) e Valentiniano II (375-392), esta foi demolida para dar lugar a uma nova construção com cinco naves, mais parecida com a Basílica Vaticana da época.
No entanto, em julho de 1823, um terrível incêndio destruiu praticamente toda a histórica igreja. Consternado, o Papa Leão XII lançou um apelo a todos os fiéis, visando levantar fundos para sua reconstrução imediata.
O respeito e a admiração pelo nome de São Paulo Apóstolo fizeram com que não somente os católicos dessem ouvidos ao apelo do pontífice. Por exemplo, o rei Fuad I, do Egito, doou colunas de finíssimo alabastro, e o Czar Nicolau I, da Rússia, blocos de malaquita e lápis-lazúli para os altares laterais do transepto.
Assim, refeita, a Basílica foi consagrada em 10 de dezembro de 1854, pelo Beato Pio IX, com a presença de grande número de Cardeais e Bispos que se encontravam em Roma, para acompanhar a proclamação do dogma da Imaculada.
Edificada em estilo neoclássico, a majestosa construção mede 131 metros de comprimento, por 65 de largura e 29 de altura, sendo a segunda maior igreja de Roma, menor apenas que a Basílica de São Pedro.
No muro interior das naves e do transepto encontra-se a famosa coleção das efígies de todos os pontífices, desde São Pedro até Bento XVI.
O imenso acervo cultural representado por este Santuário teve seu valor reconhecido pelos mais relevantes órgãos internacionais. Em 1980, a UNESCO o classificou como patrimônio da humanidade, na Europa.
Passados mais de 1600 anos, a vocação da Basílica de São Paulo Extramuros como um dos mais importantes centros da espiritualidade cristã continua tão atual como na época de sua fundação.
Tal fato foi reafirmado por Sua Santidade, o Papa Bento XVI, em seu Motu Proprio de 31 de maio de 2005, no qual manifesta o desejo de que
o Apóstolo dos Gentios ilumine e proteja todos aqueles que desempenham as suas funções na Basílica a ele dedicada, e conceda ajuda e alívio a todos os fiéis e aos peregrinos que, com sincera devoção, visitam o lugar sagrado da memória do seu martírio, para reavivar a própria Fé e invocar a salvaguarda sobre o caminho de santificação e sobre o compromisso da Igreja, em vista da propagação do Evangelho no mundo contemporâneo.