O mundo, com todas as suas instituições, parece estar dominado pelo mal – chamado de Revolução por Dr. Plinio Corrêa de Oliveira – e segue por caminhos sinuosos, “progredindo incessantemente para seu trágico fim”.[1]

Mas o bem, ou seja, a Contra-Revolução é invencível, pois conta com um dinamismo incalculável, “certamente superior ao da Revolução”: a graça.

Por isso, “quando os homens resolvem cooperar com a graça de Deus, são as maravilhas da História que assim se operam”.

E o fruto desta cooperação consiste nas “grandes ressurreições de alma de que os povos são também suscetíveis. Ressurreições invencíveis, porque não há o que derrote um povo virtuoso e que verdadeiramente ame a Deus”.[2]

Por essa razão, prestemos atenção na Liturgia deste domingo.

Isaías, em sua visão, recebe a revelação de que o manto do Senhor se estende pelo Templo, o qual fica repleto com o incenso e o clamor das vozes (cf. Is 6, 1-4).

Ora, não há lugar onde o Senhor não esteja presente. O salmista, que canta a ação de graças do povo retornado do exílio, suplica que Deus complete a obra começada e reconhece não ser possível operar sem Ele, pois tudo é fruto de suas mãos (cf. Sl 137).

São Paulo declara sua indignidade – nem merece “o nome de Apóstolo” –, mas afirma sem vaidade que trabalhou mais do que todos os outros, “não propriamente eu”, diz ele, “mas a graça de Deus comigo” (I Cor 15, 9-10).

Por fim no Evangelho, diante de duas barcas paradas às margens do lago, Jesus desafia e ordena que seus discípulos avancem para águas mais profundas.

Pedro reconhece o fracasso de uma noite inteira de esforços – “Trabalhamos a noite inteira e nada pescamos” –, mas intui que o fracasso bem pode ser o ponto de partida para o sucesso, quando se resolve cooperar com a graça: “Em atenção à tua palavra, vou lançar as redes” (Lc 5, 5). E o milagre aconteceu.

Não sem razão, comentou Dr. Plinio:

Quando o tormento ou a tormenta tenha chegado ao auge, é hora de preparar o incenso e todo o necessário para cantar o Magnificat. Porque, quando o sofrimento chegar ao auge, Nossa Senhora intervirá e nos salvará.[3]

Assim, os homens devem reconhecer que não é possível atuar sem Deus e que nada, absolutamente nada de bom e de verdadeiro – em qualquer campo da atividade humana – pode ser feito sem o auxílio da graça.

“A minha alma engrandece o Senhor!” (Lc 1, 46), cantou a Virgem Maria. “Engrandecer” é reconhecer a necessidade de recorrer a Deus em todos os atos de nossas vidas. Eis o ensinamento de Nossa Senhora para a humanidade fracassada pelo pecado original.

 

Pesca milagrosa - Catedral de São Quiliano,
Cobh (Irlanda)

 

Notas
[1] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Revolução e Contra Revolução. 9.ed. São Paulo: Arautos do Evangelho, 2024, p.36.
[2] Idem, p.188.
[3] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência. São Paulo, 3/1/1967.