É para mim uma honra e uma alegria presidir esta Celebração Eucarística comemorativa do 13º aniversário da aprovação pontifícia da Associação Internacional dos Arautos do Evangelho.
Aqui estamos reunidos em torno da Mesa do Senhor, para render-Lhe graças por esses anos de existência canônica da Associação.
Dizer “obrigado” é uma necessidade vital do ser humano; é dilatar-se ao contato do amor que nos agraciou.
Agradecer a alguém é manifestar-lhe nossa gratidão, é declarar-lhe nossa dependência pelos benefícios recebidos, é reconhecer que somos devedores – neste caso, devedores a Deus, à Virgem Maria, ao Santo Padre, a Mons. João Scognamiglio Clá Dias, aos amigos e benfeitores, à grande pátria brasileira.
Dando graças hoje pela Associação Internacional, pelas duas Sociedades de Vida Apostólica, vós, Arautos do Evangelho, remontais às vossas fontes.
Agradecendo ao Senhor, à Nossa Senhora, a Mons. João, reconheceis: “Em vós está nossa origem, a vós estamos vinculados, somos vossos devedores e vos dizemos com a bela palavra portuguesa: ‘Obrigado!’”.

Deus suscita forças vivas que prometem uma primavera da Fé
O Senhor sempre suscita as pessoas e as obras para responder às necessidades da Igreja e da humanidade, proporcionando-lhes o remédio adequado aos males de cada época.
Assim, no declínio do Império Romano surge a majestosa figura de São Bento que, com sua Regra, lança os fundamentos de uma nova civilização.
Nos albores da Idade Média, ergue-se o Papa São Gregório VII que arranca a Igreja do poder secular e garante sua liberdade. Depois o Poverello de Assis, com seu exemplo de pobreza, convoca a Igreja à autenticidade evangélica.
Perante a heresia, Domingos de Gusmão e Tomás de Aquino afirmam a dignidade da razão e sua conformidade com a Fé. Na mesma linha, Santo Inácio enfrenta o humanismo desviante e defende a fidelidade à Sé de Pedro e à Igreja.
No século passado, João Paulo II revela a falsidade do comunismo ateu e o derrota.
E mesmo hoje, nesta nossa época de dúvidas e da ditadura do relativismo – como afirmava Bento XVI –, neste tempo de “silenciosa apostasia”, segundo a expressão de João Paulo II.
De secularização que invade a Igreja e até mesmo as comunidades religiosas, também neste nosso século; Deus acompanha sua Igreja, suscitando forças vivas que prometem uma nova primavera da fé, pois, conforme disse o poeta francês Pierre Emmanuel, “estou certo de que a fé é a primavera do mundo, assim como o ateísmo é o seu inverno”.

Um homem de coração puro e alma de fogo
Sim, é possível uma primavera da fé e devemos trabalhar pela sua chegada, pois, como ensina o Papa Francisco,
Cristo é a “Boa-nova de valor eterno” (Ap 14, 6), sendo “o mesmo ontem, hoje e pelos séculos” (Hb 13, 8), mas a sua riqueza e a sua beleza são inesgotáveis. Ele é sempre jovem, e fonte de constante novidade.1
Uma dessas manifestações da inexaurível fecundidade do Evangelho e da perene juventude da Igreja é, sem dúvida, a Associação Internacional de Direito Pontifício da qual comemoramos hoje o 13º aniversário.
E quem é o homem providencial ao qual se deve a iniciativa desta nova família espiritual de testemunhas e arautos do Evangelho? Conheço há anos Mons. João Scognamiglio Clá Dias.
Em nosso primeiro encontro tive a impressão de estar diante de um homem de coração puro e alma de fogo, um homem da estirpe dos heróis e dos santos.
O Senhor o escolheu para idealizar, projetar e levar a cabo uma obra que responde às necessidades da Igreja de hoje e, ao mesmo tempo, está radicada nas melhores tradições católicas.
Iniciativas apostólicas de amplo alcance
São já impressionantes suas realizações! Seria impossível fazer aqui o elenco de todas as iniciativas apostólicas dos Arautos do Evangelho em numerosos países.
A título de exemplo, mencionamos as 150 equipes de missionários leigos que visitam anualmente mais de 200 mil famílias, levando-lhes a palavra de Deus, estimulando-as à prática da vida cristã.
Merece especial referência também os membros da assim chamada Cavalaria de Maria, com seu enorme ardor apostólico, colhendo inúmeros frutos de conversões.
Trata-se de grupos de cerca de 30 jovens missionários que partem em missão por uma ou duas semanas, percorrendo cidades e povoados, casa por casa, animando a reaproximarem-se da Igreja os católicos que dela tinham se afastado, e a regressarem as pessoas que, abandonando-a, haviam aderido a alguma seita.
Missões para Cristo com Maria, é o nome dado a esse empreendimento.
Para ampliar seu raio de ação e produzir na opinião pública um impacto mais eficaz, os Arautos do Evangelho organizaram um moderno sistema de comunicação, através de mala direta e via internet, que lhes possibilita um contato permanente com seus simpatizantes.
Desta forma, distribuíram nos últimos anos milhões de folhetos, opúsculos, brochuras, rosários e medalhas, com objetivo de evangelização.
Entre as obras impressas, necessário é mencionar a prestigiosa revista Arautos do Evangelho, editada em várias línguas, com tiragem de quase um milhão de exemplares.
E também os volumes dos preciosos comentários ao Evangelho, de autoria de Mons. João Clá, que tive a honra de apresentar ao público italiano aqui em Roma, há cerca de dois anos.
Uma nova cavalaria com um novo ideal de santidade
Para levar avante todas essas atividades, requerem-se pessoas capacitadas e profundamente motivadas, ligadas entre si por fortes vínculos para dar estabilidade às obras empreendidas e assegurar sua perenidade.
Com este intuito, Mons. João Clá fundou no interior dos Arautos do Evangelho duas sociedades de vida apostólica, clerical uma e feminina a outra.
O Papa Bento XVI demonstrou sua estima por essas duas novas famílias religiosas, concedendo-lhes em breve tempo, de próprio punho, a aprovação pontifícia. Em ambas as sociedades, manifestaram-se numerosas vocações sacerdotais e religiosas.
Assim, hoje, 13º aniversário de sua aprovação, a grande família dos Arautos se apresenta como uma possante onda que, com a seiva do Evangelho, vivifica largos setores da população dos 78 países nos quais está presente.
Reflexo da alma de seu fundador, essa é uma nova cavalaria com um novo ideal de santidade e uma renovada dedicação à Igreja, como tive oportunidade de dizer, há alguns anos, durante uma visita ao Brasil.
A Igreja olha esta obra com simpatia e reconhecimento
A origem última de todas essas realizações está na pureza do coração e das intenções do fundador. Mons. João Clá procurou antes de tudo o Reino de Deus e sua justiça. Eis a essência, eis a explicação desta obra. Todo o resto virá como consequência, será dado por acréscimo.
Caros amigos, a Igreja olha com simpatia e reconhecimento a obra dos Arautos do Evangelho, que lhe proporciona um ar de frescor e de vigor juvenil, e está destinada a abrir novas fronteiras à sua ação – aquelas “periferias existenciais”, das quais fala o Papa Francisco –, para conduzir a humanidade a Deus e à Santa Igreja.
A fidelidade de um coração indiviso, o anseio de servir, dos Arautos, patenteiam-se hoje nesta Liturgia que trata do serviço exclusivo ao único Senhor.
Que esta lealdade, esta fortaleza de alma, esta santa audácia repleta de garbo, esta sede de autêntica grandeza cresçam sempre em vós, caros amigos, para responder plenamente às expectativas que em vós deposita a Igreja. Assim seja.
Nossa Senhora do Rosário, em agosto de 2009