Os primeiros cristãos usavam nas catacumbas velas ou tochas para iluminar os altares e corredores. Mas, com o passar dos séculos, essas fontes de luz adquiriram um papel mais nobre, como símbolos da vitória de Cristo sobre o pecado.

Expressivos exemplos disto são o Rito do Fogo Novo e a bênção do Círio Pascal, no Sábado de Aleluia, a vela utilizada na cerimônia do Batismo, e a Coroa de Advento, que prepara para a vinda de Nosso Senhor.

Também não faltam na Sagrada Escritura referências a essa bela analogia: “A luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la” (Jo 1, 5), anuncia o Evangelho na terceira Missa do Natal.

E, numa das leituras desse mesmo dia, Isaías proclama: “O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9, 1).

Fontes de claridade e calor, as velas são, além do mais, sinal de vida e alegria.

Esse é o motivo pelo qual muitas cidades do mundo comemoram o festivo período do Natal com belas ornamentações luminosas, como acontece em Medellín, Colômbia, onde o costume do Alumbrado Navideño (Iluminação de Natal) remonta até uma das nossas mais antigas e comovedoras tradições. 

Desde o início da presença espanhola na América, no século XVI, a festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora era comemorada com especial destaque.

Já em fins do século XVII, 8 de dezembro era dia santo de guarda em todos os reinos de Sua Majestade Católica; em inícios da centúria seguinte, o Papa Clemente XI estendeu esse benefício para toda a Igreja.

E houve na Espanha e em toda a América Espanhola uma verdadeira explosão de alegria quando, em 1854, Pio IX proclamou o dogma da Imaculada Conceição, do qual havia sido ardoroso defensor o Reino Cristianíssimo.

Para comemorar essa solenidade, estabeleceu-se na Colômbia o costume de iluminar na véspera igrejas e residências, lojas e escritórios, sacadas e jardins com velas multicoloridas.

Assim, 7 de dezembro – que marca também o início das comemorações de Natal – passou a ser “el Día de las Velitas” (o Dia das Velinhas), no qual as famílias se reúnem jubilosas para acender círios e lâmpadas de variadas cores, expressão da sua devoção mariana. 

Em Medellín há já quatro décadas que as margens do rio que cruza a cidade, o Cerro Nutibara e diversos lugares históricos são enfeitados com monumentais estruturas luminosas, organizadas pelo grupo empresarial EPM (Empresas Públicas de Medellín) e pelo setor comercial da região.

Nas montagens do Alumbrado de 2010 foram usados mais de 15 milhões de lâmpadas, 320 quilômetros de mangueira luminosa, 1.600 projetores de LEDs, e 7 toneladas de papel metalizado, além de grandes quantidades de outros materiais.

Um motivo diferente inspira a execução do Alumbrado a cada ano. Neste último, o Cerro Nutibara, localizado no centro da cidade, ostenta em seu cume o presépio com a Sagrada Família, lembrando a quantos o contemplam o verdadeiro significado do Natal.

Montados em seus camelos, os três Reis Magos dispõem-se a iniciar a subida para prestar homenagem ao Deus Encarnado, enquanto cenas de infantil inocência e fantasia espalham-se pelo parque adjacente.

É, assim, desbordante de luz e colorido, simbolizando alegria e esperança, que a cidade de Medellín comemora o nascimento do Salvador do mundo.