Deus não permanece indiferente face ao bem e ao mal.

Ele entra misteriosamente em ação na história da humanidade com o seu julgamento que, mais cedo ou mais tarde, há de desmascarar o mal, defender as vítimas e indicar o caminho da justiça. 

Mas a meta da ação de Deus nunca é a ruína, a condenação pura e simples, a aniquilação do pecador.

É o profeta Ezequiel que refere estas palavras divinas: “Porventura comprazer-Me-ei com a morte do pecador… e não com o fato de ele se converter e viver?… Pois eu não Me comprazo com a morte de quem quer que seja… Convertei-vos e vivei” (18, 23-32). 

Nesta perspectiva consegue-se compreender o significado do Cântico, repleto de esperança e de salvação.

Depois da purificação mediante a prova e o sofrimento, está prestes a surgir o alvorecer de uma nova era:

Dar-lhes-ei um coração novo e infundirei no seu íntimo um espírito novo. Arrancarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei um coração de carne, para que caminhem segundo os meus preceitos e observem as minhas leis e as cumpram. Eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus (Ez 11, 19-20).

 
Excertos de Audiência geral de quarta-feira, 10/9/03.

 

A própria história de Jerusalém é uma parábola que ensina a todos que opção fazer. Deus castigou a cidade porque não podia permanecer indiferente perante o mal perpetrado pelos seus filhos.

Mas agora, vendo que muitos se converteram e se transformaram em filhos justos e fiéis, ele manifestará de novo o seu amor misericordioso.

Ao longo de todo o cântico do capítulo 13 de Tobias, repete-se com frequência esta convicção: o Senhor

castiga e Se compadece… castiga por causa das nossas iniquidades mas, a seguir, compadece-Se de nós… Ele castigou-te por causa das tuas obras… os filhos dos justos serão congregados e louvarão o Senhor.

Deus recorre ao castigo e outras admoestações como meio para congregar na reta via os pecadores surdos. A última palavra do Deus justo é, contudo, a do amor e do perdão.

O seu desejo profundo é poder abraçar de novo os filhos rebeldes que voltam para Ele com o coração arrependido.

 

Excertos de Audiência geral de quarta-feira, 13/8/03.