Queridos amigos, doando-nos a Fé, o Senhor concedeu-nos o que existe de mais precioso na vida, ou seja, o motivo mais verdadeiro e mais belo pelo qual viver: é pela graça que cremos em Deus, que conhecemos o seu amor, com o qual Ele deseja salvar-nos e libertar-nos do mal.

Agora vós, caros pais, padrinhos e madrinhas, pedis à Igreja que receba no seu seio estas crianças, que lhes conceda o Batismo; e formulais este pedido em função da dádiva da Fé que vós mesmos, por vossa vez, recebestes. 

Sacramento que imprime caráter

Juntamente com o profeta Isaías, cada cristão pode repetir: “O Senhor plasmou-me desde o ventre materno, para ser seu servo” (cf. Is 49, 5); assim, prezados pais, os vossos filhos constituem um dom inestimável do Senhor, que reservou para Si mesmo o coração deles, para o poder cumular com o seu amor.

Através do Sacramento do Batismo, hoje consagra-os e chama-os a seguir Jesus, mediante o cumprimento da sua vocação pessoal, em conformidade com aquele particular desígnio de amor que o Pai tem em mente para cada um deles; meta desta peregrinação terrena será a plena comunhão com Ele, na felicidade eterna. 

Recebendo o Batismo, estas crianças obtêm como dádiva um selo espiritual indelével, o “caráter”, que assinala para sempre a sua pertença ao Senhor e que os torna membros vivos do seu Corpo Místico, que é a Igreja.

Enquanto começam a fazer parte do Povo de Deus, para estas crianças hoje tem início um caminho de santidade e de conformação com Jesus, uma realidade que é inserida neles como a semente de uma árvore maravilhosa, que deve poder crescer. 

O Batismo às crianças recém-nascidas

Por isso, compreendendo a grandeza deste dom, desde os primeiros séculos houve o cuidado de conferir o Batismo às crianças recém-nascidas.

Sem dúvida, depois será necessária uma adesão livre e consciente a esta vida de Fé e de amor, e por isso é preciso que, após o Batismo, eles sejam educados na Fé, instruídos segundo a sabedoria da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja, de tal modo que se desenvolva neles o germe da Fé que hoje recebem, e possam alcançar a plena maturidade cristã. 

A Igreja, que os recebe entre os seus filhos, deve assumir a tarefa, juntamente com os pais e os padrinhos, de acompanhá-los ao longo deste caminho de crescimento.

A colaboração entre comunidade cristã e família é mais necessária do que nunca no atual contexto social, em que a instituição familiar é ameaçada de vários lados e se encontra a enfrentar não poucas dificuldades na sua missão de educar na Fé.

A falta de referências culturais estáveis e a rápida transformação à qual a sociedade é submetida continuamente tornam deveras árduo o compromisso educativo.

Por isso, é necessário que as paróquias se empenhem cada vez mais na assistência às famílias, pequenas Igrejas domésticas, na sua tarefa de transmissão da Fé.

 

Excerto da Homilia da Festa do Batismo do Senhor, 9/1/2011.